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Animais silvestres e exóticos precisam de cuidados especiais; confira quais

Você é uma pessoa que gosta mais de cachorros ou de gatos? Nenhum dos dois? E, que tal, ter um animal silvestre ou até um animal exótico? No Brasil, é

Animais silvestres e exóticos precisam de cuidados especiais; confira quais
Animais silvestres e exóticos precisam de cuidados especiais; confira quais

Redação Publicado em 09/08/2018, às 00h00 - Atualizado às 10h05


Animais ‘não convencionais’ têm se tornado cada vez mais comuns em ambientes domésticos. Porém, é importante saber o comportamento de cada espécie antes de levá-la para dentro de casa.

Você é uma pessoa que gosta mais de cachorros ou de gatos? Nenhum dos dois? E, que tal, ter um animal silvestre ou até um animal exótico? No Brasil, é possível adquirir um em estabelecimentos ou através de criadores autorizados pela Secretaria do Meio Ambiente.

No entanto, embora pareça divertido ter um bichinho diferente, como um réptil, um roedor, ou até uma ave, a decisão requer responsabilidade, pois eles demandam cuidados diferenciados.

A veterinária mestre em animais silvestres e patologia clínica, Laís Lucas Fernandes, explica a importância de saber muito bem qual o tipo de animal – silvestre ou exótico – como também as necessidades particulares de cada espécie.

“No Brasil, existem algumas espécies de animais que a pessoa pode ter em casa e não precisa ter documentação como, por exemplo, uma calopsita, que é considerada um animal exótico, ou seja, de outro país. Por outro lado, os animais silvestres, que são aqueles nativos da fauna brasileira, precisam ser legalizados”, explica.

Como reforça a veterinária, no caso de animais silvestres, é necessário que o tutor tenha uma documentação comprovando que aquele animal é registrado. Caso contrário, possuir uma espécie nativa brasileira sem a devida autorização pode ser considerado crime ambiental.

Informações sobre o processo para obter os documentos necessários podem ser encontrados no site do Ibama.

Antes de adotar

Como cuidar de um cachorrinho ou um gatinho, várias pessoas sabem. No entanto, animais silvestres e exóticos possuem características muitos individuais de cada espécie. Por isso, segundo a veterinária, fazer uma pesquisa aprofundada sobre os diferentes hábitos e necessidades do animal é essencial.

“É preciso ter conhecimento a respeito do manejo alimentar e também ambiental. Não adianta a pessoa querer ter um animal ‘diferente’ se ela não sabe o que ele come, o ambiente onde vive. Tudo isso precisa ser levado em conta, precisa ser pesquisado”, explica.

Essa pesquisa, segundo a veterinária, pode ajudar na expectativa de vida do animal, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e também evitar doenças.

Foi por isso que, quando a cabeleireira Julia Souza resolveu adotar a Pug, um lagarto da espécie Pogona, também conhecida como dragão barbudo, fez uma longa pesquisa a respeito das características que seu novo bichinho teria.

A cabeleireira Julia Souza com a Pug, um lagarto da espécie Pogona, conhecida também como lagarto barbudo: "Me apaixonei" (Foto: Arquivo pessoal)

A cabeleireira Julia Souza com a Pug, um lagarto da espécie Pogona, conhecida também como lagarto barbudo: “Me apaixonei” (Foto: Arquivo pessoal)

“A Pug era do meu pai. Mas, na época em que ele a adotou, simplesmente me apaixonei e, como estava próximo do meu aniversário, ele acabou me dando ela. Mas, eu ja havia pesquisado muita coisa. Desde alimentação até domesticação, ambiente, enfim, tudo”, comenta.

Vale lembrar que o lagarto barbudo é considerado um animal exótico, pois a espécie é nativa dos desertos da Austrália, portanto, não precisa de documentação do Ibama.

E se ficar doente?

Uma das dúvidas mais comuns entre as pessoas que têm animais silvestres e exóticos é a respeito do que fazer quando o bichinho fica doente. De acordo com Laís, um veterinário especializado neste tipo de animal poderá chegar a um diagnóstico mais preciso.

“São espécies muito diferentes, muito distintas. Por isso, é preciso de um profissional especializado para que essa individualidade seja tratada da maneira correta”, explica.

Um médico especializado nas espécies em questão pode administrar melhores tratamentos, assim como dar diagnósticos mais precisos. “Quase tudo é diferente. As doses dos medicamentos, a forma e administração desses medicamentos e também a fisiologia de cada espécie”, explica a veterinária.

No entanto, caso não haja acesso a um profissional especializado, segundo a veterinária Laís, é melhor que o dono leve o animal em um veterinário “de cão e gato” para que ele receba atendimento.

“Não é o ideal, mas é melhor levar do que não levar. No caso, é importante que o médico tenha consciência das particularidades do bicho. Mas, sempre que possível, é sempre bom procurar atendimento especializado”, diz.

No Centro-Oeste Paulista, um dos locais mais conhecidos que possuem uma ala para animais silvestres e exóticos é o Hospital Veterinário da Unesp de Botucatu.

Lá, o Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Silvestres (Cempas), atende animais de diversas espécies e conta com uma equipe treinada e especializada no assunto.

Relação com humanos

Para perceber os sinais que o animal demonstra quando não está se sentindo bem, é preciso conhecê-lo bem. Mas, a relação de algumas espécies com seres humanos é um pouco mais lenta e complicada.

No caso dos porquinhos-da-índia, animais também considerados exóticos, pois são originários da região dos Andes, a relação com o dono pode demorar até anos para se desenvolver.

Para a estudante Bárbara Ribeiro, criar uma amizade com suas duas porquinhas-da-índia, Molly e Luna, foi um pouco mais difícil do que ela esperava.

“Porquinhos-da-índia são mais delicados e tem mais medo das coisas, o que foi difícil pra mim porque eu gosto de ‘apertar’ [risos]. O contato é um pouco mais demorado do que com um cachorro, por exemplo”, conta.

Por isso, a veterinária Laís alerta para a importância de não ultrapassar os limites de um animal silvestre ou exótico, já que não são espécies acostumadas com a presença humana.

“Animais silvestres e exóticos não são tão ‘apegados’, por assim dizer. Algumas espécies podem se sentir mais seguras sem a presença de uma pessoa. Por isso, é necessário ter muito cuidado na hora de interagir”, alerta a médica.

Porquinhos-da-índia da estudante Bárbara Ribeiro: dificuldade maior em "criar amizade" (Foto: Arquivo pessoal)

Porquinhos-da-índia da estudante Bárbara Ribeiro: dificuldade maior em “criar amizade” (Foto: Arquivo pessoal)

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