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Secretário de Saúde diz que pico de internações da terceira onda de Covid-19 na capital paulista deve acontecer no dia 17 de junho

O secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, disse neste sábado (29) que o pico de internações da terceira onda de Covid-19 na capital paulista deve

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Redação Publicado em 29/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h46


Edson Aparecido disse que serão abertos mais 250 novos leitos nos próximos 20 dias. Neste sábado (29) seis hospitais na cidade já estão sem vagas e outros 10 passam de 80% de ocupação.

O secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, disse neste sábado (29) que o pico de internações da terceira onda de Covid-19 na capital paulista deve acontecer no próximo dia 17 de junho.

“Na sexta-feira (28) atualizamos os números com as últimas informações da média móvel dos últimos 14 dias e o pico de internações será no dia 17 de junho, semelhante ao pico de internações da segunda onda”, afirmou Aparecido em entrevista ao SP1.

Neste sábado (29) seis hospitais na cidade já estão sem vagas e outros 10 passam de 80% de ocupação. O hospital da Brasilândia, na Zona Norte, que é referência para pacientes de Covid-19, está com 95% de ocupação.

Para se preparar para o pico de internações, o secretário disse que a Prefeitura deve abrir mais 250 leitos nos próximos 20 dias.

“Já estamos providenciando para os próximos 20 dias a abertura de mais 250 leitos de UTI e usinas que estamos instalando em hospitais. Serão 80 leitos de UTI no hospital da Uninove, mais compra de kits de intubação que a secretaria já providenciou a importação, além de contratação de funcionários de saúde. Nós realmente devemos ter um recrudescimento e estamos nos preparando para essa situação que o município já alertava.”

De acordo com o secretário, a data do pico se adiantou. As áreas de planejamento da pasta esperavam o pico de internações da terceira onda no dia 23 de junho.

Em fevereiro e março deste ano houve um crescimento acelerado de novas internações na capital. Depois de sucessivos recordes, com mais de mil novas internações por dia, começou um ritmo de queda em abril e no início de maio.

Mesmo assim os números ainda se mantiveram em um patamar muito alto, semelhante ao momento mais crítico da pandemia em 2020. Nas últimas três semanas de maio as novas internações voltaram a crescer e nesta sexta-feira (28), a média móvel foi de 738 na cidade.

Para o epidemiologista Pedro Hallal, inicialmente a terceira onda era esperada para julho, mas ficou claro nas últimas semanas que ela chegaria antes do previsto.

“As taxas de ocupação em vários estados já passaram de 90% de novo e o que mais nos preocupa é esse ponto de partida. Quando na primeira onda a gente partiu do zero, na segunda onda partimos de mil mortes por dia, infelizmente nessa terceira onda a gente já parte de 2 mil mortes por dia. Então infelizmente os números tendem a ser muito grandes”, afirma.

Nova variante da Índia

A nova variante de coronavírus vinda da Índia ainda não tem casos em São Paulo, de acordo com o secretário. Chamada de B.1.617, esta variante foi identificada em um passageiro de 32 anos que desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos no dia 22 de maio.

“Até agora todas as amostras enviadas aos três institutos [Adolfo Lutz, Butantan e Instituto de Medicina Tropical da USP] e nenhuma delas constatou a variante indiana”, afirmou.

De acordo com Aparecido, o Hospital de Guaianases será a unidade de referência para tratamento da variante indiana da doença.

Funcionários do Hospital Municipal Ignácio Proença de Gouvêa, conhecido com Hospital da Mooca, enviaram fotos da reforma que acontece atualmente na unidade. Eles acreditavam que o hospital se tornaria referência para tratamento da cepa indiana. Aparecido não confirmou a informação.

“Quem vai receber pacientes da cepa indiana será Hospital de Guaianases. Se esse hospital ficar lotado, aí obviamente temos de ter uma segunda alternativa e aí sim o Hospital da Mooca é uma das alternativas. Esses novos 250 leitos serão abertos em hospitais Dia e no hospital da Uninove”, afirmou.

As fotografias enviadas para a equipe do SP1 mostram que a reforma no Hospital Municipal Ignácio Proença de Gouvêa já começou e que o refeitório foi o local escolhido para ser readequado e receber novos leitos.

A reportagem do SP1 conversou com um funcionário que está preocupado. Ele prefere não se identificar.

“Hoje minha preocupação maior seria com a falta de humanização por parte da Secretaria Municipal de Saúde e do gestor com a humanização dos funcionários. Se você não tiver uma equipe de profissionais bem assistida, bem orientada, você vai ter problemas no atendimento aos pacientes. Essa é nossa preocupação”, afirma.

O funcionário diz que ainda não existe um protocolo para atender pacientes com a nova variante.

“Nos foi passado anteontem sobre essa nova variante. E ontem o diretor do hospital reforçou isso junto com seu gestor. Mas assim, nos preparar, dizer se a paramentação é a mesma, avental, faceshield, N95, ficou essa dúvida ainda”, afirma.

“Nós não somos heróis, nós somos profissionais de saúde. Entendeu? Nós adoecemos, nós temos nossas frustrações, nossos problemas. E tratar a enfermagem como heróis é um erro muito grande. Nós somos profissionais. Nós não queremos aplausos”, diz o funcionário.

O secretário de Saúde disse que os funcionários receberam, sim, treinamento.

“Todo o processo de treinamento dos profissionais é feito em relação à Covid. Esse funcionário está completamente equivocado. Nossos profissionais estão treinados para o tratamento contra a Covid. Nós recebemos orientações da Anvisa e eles são comunicados para os profissionais”, afirma Aparecido.

O secretário afirma que a cidade estará preparada para combater a nova variante e a terceira onda da Covid-19.

“Nós vamos fazer como fizemos com as outras variantes. Preparar o sistema de saúde para poder enfrentar uma realidade. A pandemia não passou, as variantes são uma realidade. Elas vêm eventualmente de pacientes autóctones [transmissão local] ou importados. Mas o mais importante é que os profissionais de saúde de São Paulo estão há um ano e seis meses muito capacitados, treinados, fazendo um trabalho gigantesco em relação a todas as variantes que por aqui passaram. Nós estamos na realidade nos antecipando a um problema que seguramente poderá ocorrer que seria eventualmente a transmissão comunitária dessa variante”, afirma Aparecido.

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Fonte: G1

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