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Zika que chegou ao Brasil veio provavelmente do Haiti, diz Fiocruz

O vírus da zika, associado a um aumento de nascimentos de crianças com microcefalia no Brasil em 2015, chegou muito provavelmente ao país vindo do Haiti no

Zika que chegou ao Brasil veio provavelmente do Haiti, diz Fiocruz
Zika que chegou ao Brasil veio provavelmente do Haiti, diz Fiocruz

Redação Publicado em 17/08/2018, às 00h00 - Atualizado às 15h59


O vírus da zika, associado a um aumento de nascimentos de crianças com microcefalia no Brasil em 2015, chegou muito provavelmente ao país vindo do Haiti no fim de 2013 e não durante a Copa do Mundo de 2014, segundo um estudo da Fundação Oswaldo Cruz.

“Imigrantes ilegais vindos do Haiti e militares brasileiros em missão de paz naquele país podem ter trazido o vírus da zika para o Brasil”, revela a Fiocruz.

Até agora se acreditava que o vírus havia chegado ao país durante a Copa do Mundo de 2014, trazido por turistas africanos, ou durante o campeonato mundial de canoagem no Rio de Janeiro, em agosto do mesmo ano, do qual participaram esportistas de países do Pacífico afetados pelo vírus, recorda a instituição.

Mas o estudo conclui que o vírus não veio diretamente da Polinésia Francesa, onde uma década atrás foram registrados surtos – segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) –, mas migrou dali para a Oceania, seguindo até a Ilha de Páscoa e à América Central e Caribe, chegando ao Brasil no final de 2013.

“Isso coincide com o caminho percorrido pelos vírus dengue e chikungunya”, explica Lindomar Pena, um dos pesquisadores, citado pela agência de notícias da fundação.

“Em todos os casos brasileiros estudados, o ancestral em comum dos vírus é uma cepa do Haiti, país sabidamente afetado pela tripla epidemia de zika, dengue e chikungunya”, acrescenta.

Introduzido por várias pessoas e não por uma

O estudo também conclui que, ao contrário do que se acreditava, o vírus foi introduzido no Brasil por diversas pessoas sem ligação entre si. Antes se especulava que um único paciente teria trazido a doença que logo se disseminou no país.

A pesquisa foi realizada por Pena, Túlio Campos, Gabriel Wallau e Antonio Rezende, da Fiocruz de Pernambuco, em colaboração com o professor Alain Kohl, da Universidade de Glasgow. As análises se basearam em 4.035 amostras de genomas de três vírus disponíveis em bancos de dados públicos e os resultados foram publicados no “International Journal of Genomics”.

O zika foi diagnosticado pela primeira vez no Brasil em maio de 2015, quando se propagava pelo nordeste transformando-se em epidemia. Foi associado ao aumento de casos de microcefalia em recém-nascidos, com quase 3 mil pacientes relatados ao final deste ano.

A OMS declarou emergência mundial pelo vírus em fevereiro de 2016 – às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio.

O Brasil, que também tinha declarado emergência nacional, pôs fim ao alerta em maio de 2017, ao observar uma queda de cerca de 95% dos casos.

Este ano foram registrados 5.941 casos prováveis do zika no Brasil (41% confirmados), segundo o Ministério da Saúde, uma diminuição de 60,9% em comparação com o mesmo período do ano passado.

O vírus da zika foi identificado pela primeira vez em 1947 em macacos em uma floresta de Uganda, segundo a OMS. Seus sintomas – febre, dor nas articulações, erupções na pele, conjuntivite – são leves e em muitos casos a doença pode passar despercebida, mas adquirir a infecção durante a gravidez pode causar microcefalia e outros problemas congênitos no feto.

Não há uma vacina contra o vírus, nem tratamento específico para a infecção, apenas para os sintomas.

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