Diário de São Paulo
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Geração Z e Milennials

Surpreendente aumento de câncer em jovens desafia a medicina

Estudo revela riscos crescentes de câncer em jovens das gerações mais novas

Imagem ilustrativa - Imagem: Reprodução / Freepik
Imagem ilustrativa - Imagem: Reprodução / Freepik

Sabrina Oliveira Publicado em 13/08/2024, às 09h16


O aumento repentino e expressivo de casos de câncer entre as gerações mais jovens, especialmente na geração X e nos millennials, tem chamado a atenção da comunidade médica. Um novo estudo da American Cancer Society trouxe à tona dados preocupantes que indicam que indivíduos nascidos entre 1965 e 1995 estão significativamente mais propensos a desenvolver diversos tipos de câncer, em comparação com as gerações anteriores. Entre os tipos mais comuns que apresentam crescimento estão os cânceres de intestino, pâncreas, mama e tireoide.

O estudo, que analisou os registros oncológicos de quase 24 milhões de pacientes ao longo de 20 anos, oferece a evidência mais concreta até agora de que estamos presenciando uma mudança no cenário do câncer. A pesquisa indicou que, em muitos casos, pessoas nascidas a partir de 1990 têm duas a três vezes mais chances de desenvolver certos tipos de câncer do que aquelas nascidas em meados do século passado. Essa tendência alarmante sugere que algo mudou drasticamente na forma como essas gerações estão sendo impactadas.

Os pesquisadores apontam que mudanças no estilo de vida e no comportamento das gerações mais recentes podem estar contribuindo para essa elevação nas taxas de câncer. A má alimentação, o aumento do sedentarismo, o consumo de alimentos ultraprocessados e o crescimento na obesidade, particularmente entre os jovens, são destacados como possíveis fatores de risco. A obesidade, por exemplo, foi relacionada a dez dos 17 tipos de câncer que estão se tornando mais comuns entre os jovens.

Além disso, o consumo excessivo de álcool e as taxas crescentes de infecções por vírus, como o papilomavírus humano (HPV) e o HIV, também podem estar influenciando o aumento dos casos de câncer em populações mais jovens. Enquanto a vacinação contra o HPV parece estar reduzindo a incidência de câncer cervical entre as mulheres, a falta de imunização nos homens jovens pode estar contribuindo para o aumento de cânceres como o anal.

Embora as evidências sejam robustas em algumas áreas, muitas questões permanecem sem resposta. Nem todos os aumentos observados podem ser atribuídos unicamente ao estilo de vida e ao comportamento. Os cientistas alertam que mais pesquisas são necessárias para entender plenamente as razões por trás dessa tendência perturbadora e para desenvolver estratégias eficazes que possam reverter o quadro.

Por outro lado, o estudo também trouxe algumas boas notícias: houve uma redução significativa no risco de câncer de pulmão e de melanoma entre as gerações mais recentes, um reflexo do sucesso de campanhas de saúde pública voltadas para o combate ao tabagismo e para a conscientização sobre os riscos da exposição ao sol.

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