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HIV

Pesquisadores identificam subtipo inédito do HIV circulando em três estados do Brasil

Nova mutação do HIV desafia cientistas brasileiros e preocupa estados do Sul e Sudeste

Pesquisadores identificam subtipo inédito do HIV circulando em três estados do Brasil - Imagem: Reprodução / Freepik
Pesquisadores identificam subtipo inédito do HIV circulando em três estados do Brasil - Imagem: Reprodução / Freepik

Sabrina Oliveira Publicado em 16/08/2024, às 12h38


Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em colaboração com uma instituição sul-africana, identificaram um novo subtipo do vírus HIV circulando em três estados brasileiros: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia. A descoberta acende um alerta entre especialistas e autoridades de saúde, já que o vírus apresenta uma combinação genética dos subtipos B e C, os mais comuns no Brasil.

O estudo, publicado na renomada revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, detalha como os cientistas chegaram à nova variante, denominada recombinante CRF146_BC. A investigação começou com a análise de uma amostra coletada em 2019, de um paciente em tratamento na cidade de Salvador. Ao comparar essa amostra com dados de outras regiões do país, os pesquisadores identificaram mais três ocorrências da mesma variante no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, sugerindo que o vírus está se espalhando por diferentes regiões geográficas.

Segundo a equipe, a nova mutação pode ter surgido em um paciente que foi infectado simultaneamente pelos subtipos B e C. Essa combinação permitiu que o vírus passasse por um processo de recombinação genética, resultando em um híbrido com características únicas. Os especialistas acreditam que essa nova cepa pode já estar amplamente disseminada pelo território nacional.

Ainda que a descoberta cause preocupação, não há evidências, até o momento, de que a CRF146_BC seja mais transmissível ou que leve a uma progressão mais rápida para a aids. No entanto, os pesquisadores destacam a importância de continuar monitorando a evolução dessa e de outras variantes do HIV, para garantir que os tratamentos atuais permaneçam eficazes.

Desde a década de 1980, cerca de 150 mutações semelhantes foram identificadas globalmente, com aproximadamente 23% das infecções de HIV sendo causadas por essas variantes recombinantes.

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