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Tragédia!

Mãe faz desabafo de partir coração após bebê morrer em seus braços por motivo injusto

O pequeno Júlio César morreu na noite de domingo (12)

A mãe descobriu que o bebê não tinha cérebro no 7º mês de gestação - Imagem: reprodução/TV Globo
A mãe descobriu que o bebê não tinha cérebro no 7º mês de gestação - Imagem: reprodução/TV Globo

Mateus Omena Publicado em 14/03/2023, às 15h10


Uma mãe de 30 anos deu à luz ao pequeno Júlio César, que acabou morrendo cerca de três horas após o nascimento. De acordo com a mulher, os médicos perceberam que o menino havia má formação e não tinha cérebro no 7º mês de gravidez.

O caso aconteceu em um hospital de Goiânia (GO), segundo a TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo.

Mariana Oliveira explicou que a descoberta da condição do filho foi um choque, mas nada se compara a dor da perda da criança.

"Tem sido os dias mais difíceis da minha vida e do meu marido. A primeira noite sem o neném com a gente foi muito solitária e vazia", declarou.

A mãe contou que precisou interromper a gestação, induzindo o parto, depois que os médicos explicaram que a anencefalia deixaria o bebê em fragilidade, sem chances de sobrevivência após o nascimento. Por outro lado, Mariana foi orientada que continuar com a gravidez até o final também colocaria a vida dela em risco.

"A gente ficou uma horinha na sala de cirurgia com ele", lamentou Mariana.

Júlio César nasceu no último domingo (12) às 20h40 e faleceu às 23h50 do mesmo dia. Ele foi enterrado na tarde de segunda-feira (13). A má formação de Júlio César foi diagnosticada em uma ultrassom de rotina, na última terça-feira (7).

"Ontem meu marido carregou o caixão, levou para enterrar. Eu tive alta para ir no enterro, fui recém operada mesmo".

Frustração

Mariana Oliveira afirmou que sonhava em ser mãe e que os preparativos já estavam avançados para receber o pequeno Júlio César.

"A gente já tinha roupinha, eu já tinha feito chá revelação, já tinha nome. O neném ia chamar Júlio César. Já tinha quartinho, tudo", detalhou a mulher.

No entanto, ela descobriu a má formação de seu filho ao realizar um exame de rotina.

"Eu estava na ultrassom e a médica me perguntou se eu sabia que meu neném tinha um problema. Eu gelei, disse que não sabia, eu perguntei se era algo sério e ela disse que sim, que ele não iria sobreviver".

"Eu comecei a chorar. Como nesse dia eu tinha ido fazer o exame sozinha, liguei para o meu marido, no telefone ele começou a chorar e foi correndo para lá", acrescentou.

Ela explicou que, antes dessa ultrassom, já havia feito outras ultrassonografias, mas que até então nenhum exame havia detectado que seu filho tivesse algum problema ou que apontasse que ele não era saudável.

"Mostrei para ela os exames, ela achou absurdo, o médico que fez meu pré-natal pediu outro exame. Na quarta-feira cedo eu fiz e confirmou de novo o diagnóstico", disse.
Interrupção da gravidez

Quando recebeu a notícia de que seu filho não sobreviveria, Mariana recebeu do médico duas opções: a de interromper a gravidez, por meio de uma indução do parto, ou a de continuar com a gravidez até o final, mas colocando em risco a própria vida. Com os exames em mãos, a mulher foi até um hospital para tentar o procedimento. Mas, no local, ela foi orientada a conseguir uma autorização judicial.

A lei, no entanto, prevê a possibilidade de interrupção da gravidez por três motivos: estupro, risco de vida à mãe e feto anencéfalo. O entendimento dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) decidido em 2012 explica que, caso seja constatado por laudo médico a anencefalia fetal, a mulher pode interromper a gestação , por não haver chance de sobrevivência.

Quando procurou o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) para conseguir tal autorização, Mariana explicou que teve apoio de uma promotora, que entrou em contato com o hospital para que o procedimento seja realizado nesta sexta-feira (10). Á TV Globo, o órgão explicou que Mariana foi ouvida pela promotora Heliana Godói de Sousa Abrão, que entrou imediatamente em contato com a diretora de operações do hospital em questão e apontou "as ponderações legais do Conselho Regional de Medicina e o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a desnecessidade de propositura de ação judicial, nestes casos".

O Ministério Público disse que , diante das argumentações do órgão, a diretora afirmou que iria repassar o caso ao departamento jurídico do hospital, o que foi feito.

"Em 9/3, a 82ª Promotoria foi informada pela diretora do hospital de que a ponderação sobre a desnecessidade de propositura ação judicial foi aceita e que a gestante seria comunicada para retornar naquela data ao hospital para os procedimentos necessários", complementou o MP.

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