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Pandemia

Covid-19: o que se sabe sobre a nova cepa que está aumentando os casos no Brasil

O país registrou 5.667 novos casos e 15 mortes no último domingo (27)

No Brasil, o surgimento da nova variante da Covid-19 levou muitas pessoas a redobrarem os cuidados - Imagem: Freepik
No Brasil, o surgimento da nova variante da Covid-19 levou muitas pessoas a redobrarem os cuidados - Imagem: Freepik

Mateus Omena Publicado em 30/11/2022, às 12h42


Usem máscara! Esse alerta voltou a ser emitido pelas autoridades devido ao aumento de casos de Covid-19 no Brasil nas últimas semanas. A situação ficou ainda mais crítica com o surgimento da variante BQ.1 e deixou muitas pessoas apreensivas com o cenário “pós-pandêmico”.

No último domingo (27), o país registrou 5.667 novos casos e 15 mortes, de acordo com dados das Secretarias de Saúde estaduais reunidos pelo Consórcio de veículos de imprensa.

O levantamento do consórcio também aponta para uma média móvel de casos que se encontra em 22 mil casos, uma alta de 131% em relação às primeiras semanas de novembro de 2022. O país também alcançou uma média móvel de 80 mortes. Os índices também permitem o dimensionamento do cenário epidemiológico, que é um dos maiores registrados desde agosto.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o aumento dos casos de Covid começou no início de novembro e está associado à circulação de uma nova variante do Sars-Cov-2 (vírus causador da Covid), chamada de BQ.1, que deve se tornar predominante nos próximos meses.

Sintomas

Diversos infectologistas declararam que a BQ.1 é mais transmissível do que as outras variantes do coronavírus, por isso ela está contribuindo para o aumento de casos no Brasil.

Apesar das infecções por essa subvariante se mostrarem menos graves, grupos de risco como idosos, diabéticos e imunossuprimidos devem tomar tanto cuidado quanto nas ondas anteriores.

Os pacientes relaram vários sintomas, os mais comuns são semelhantes aos da gripe e do resfriado comum como:

  • Coriza
  • Dor de garganta
  • Dor de cabeça
  • Dor no corpo
  • Cansaço
  • Febre

De onde vem a BQ.1?

Além do Brasil, a BQ.1 está sendo ligada com o aumento de casos em outros países, principalmente nos Estados Unidos e Europa. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que essa variante já foi detectada em 65 países.

A entidade afirma que a cepa é uma das mais de 300 sublinhagens da Ômicron, variando especificamente da BA.5, relacionada com o pico da doença observado em junho de 2022 no Brasil.

O Grupo Consultivo Técnico sobre Evolução do Vírus SARS-CoV-2 da OMS informou que a BQ.1 possui mutações em pontos importantes do vírus, como a proteína Spike, que podem contribuir para o aumento da transmissibilidade e na capacidade de infecção pelo coronavírus.

Embora ainda existam dados que apontem que a variante eleve a gravidade da doença, a OMS pontua que essas mutações adicionais tenham conferido uma vantagem de escape imunológico sobre outras sub-linhagens circulantes da Ômicron. Por isso, a BQ.1 configura um maior risco de reinfecção.

No Brasil, a variante foi identificada em outubro, com o primeiro caso registrado no estado do Amazonas, divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado. A primeira morte relacionada com essa variante ocorreu em São Paulo, em 9 de novembro. A vítima foi uma mulher de 72 anos com comorbidades, segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Super-resistente

Um estudo publicado na revista científica The Lancet Infectious Diseases indica que a nova subvariante Ômicron BQ.1 tende a ser mais resistente a alternativas já desenvolvidas contra a covid-19, como os anticorpos monoclonais.

A revelação foi feita por cientistas do Centro Alemão de Primatas (DPZ), após experimentos de laboratório. O instituto sugere que os anticorpos sintéticos sejam atualizados para as novas variantes, como as vacinas.

Nos testes a nova cepa do coronavírus SARS-CoV-2 foi resistente a todos os anticorpos conhecidos, desenvolvidos a partir das primeiras amostras identificadas do vírus.

"No total, testamos [em laboratório] doze anticorpos individuais, sendo que seis são aprovados para uso clínico na Europa, e quatro coquetéis de anticorpos", conta Prerna Arora, principal autora do estudo e pesquisadora do DPZ, em nota.

No entanto, a pesquisa constantou que a cepa BA.5 — ainda predominante em inúmeros países, como o Brasil — pode ser eliminada por pelo menos um anticorpo monoclonal e dois coquetéis de anticorpos.

Tratamento de pacientes com a BQ.1?

Para os pesquisadores, a descoberta já é um sinal de alerta, pois os anticorpos monoclonais são normalmente usados por pessoas que têm alto risco de desenvolver formas graves da infecção, como idosos e imunossuprimidos.

Em relação aos casos da Ômicron BQ.1, os pacientes com alterações no sistema imunológico "devem considerar a administração de outros medicamentos, como paxlovid ou molnupiravir", aconselha Markus Hoffmann, que é também um dos autores do estudo.

Ao mesmo tempo, novas versões dos anticorpos devem ser desenvolvidas.

É possível se proteger?

Especialistas sugerem que existem cinco medidas para reduzir o risco de infecção pelo vírus, de desenvolver formas graves da doença ou ao menos evitam a transmissão do vírus para outras pessoas.

Confira:

  1. Vacinação em dia.
  2. Usar máscaras em lugares fechados.
  3. Ficar atentos aos sintomas da doença: Tosse, febre ou calafrios, dificuldade para respirar, fadiga, dor no corpo, dor de cabeça, perda de olfato e paladar, dor de garganta, nariz entupido, náusea, vômito e diarreia.
  4. Fazer o teste.
  5. Fazer o isolamento social se necessário.
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