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Cigarro eletrônico: entenda a importância para a saúde de mais de 2,2 milhões de consumidores adultos

Desde que tenha regras, o produto pode ser usado como uma ferramenta na redução de riscos à saúde de adultos fumantes

No último dia 28 de setembro, uma audiência pública abordou a regulamentação do produto no Senado Federal pela primeira vez - Imagem: reprodução Freepik
No último dia 28 de setembro, uma audiência pública abordou a regulamentação do produto no Senado Federal pela primeira vez - Imagem: reprodução Freepik

Vitória Tedeschi Publicado em 14/11/2023, às 10h22


O uso do cigarro eletrônico, também conhecido como vape, pod, entre outros, é uma questão sensível no Brasil, mesmo sendo utilizado por muitos fumantes de cigarro convencional em países ao redor do mundo como uma alternativa de redução de riscos à saúde.

Facilmente encontrado em diferentes cidades, o item se popularizou muito nos últimos anos. Apesar de a venda ser proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o item é amplamente consumido e vendido nas redes sociais, sites e até mesmo nas ruas, tabacarias e por vendedores ambulantes.

De acordo com o Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), o número de adultos que são consumidores de cigarro eletrônico no Brasil quadruplicou nos últimos quatro anos. Os dados, divulgados em maio de 2023, apontam ainda que 2,2 milhões de adultos afirmam consumir cigarros eletrônicos regularmente. Em 2018, primeiro ano em que o levantamento foi feito, eram menos de 500 mil consumidores.

Mesmo ainda sendo considerado um tabu, o assunto tem sido cada vez mais discutido devido ao aumento nos números citados acima e o início do debate em âmbito público. Em setembro, o Senado Federal realizou uma audiência sobre a regulamentação do produto.

Para a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que presidiu a reunião, “muito mais perigoso do que regulamentar, é não regulamentar, por não sabermos quais as substâncias que nossa população está consumindo”. A partir das discussões levantadas na audiência pública, a senadora apresentou um projeto de lei, com o objetivo de criar regras claras e rígidas para esse mercado.

Em um cenário em que a proibição não tem funcionado, é clara a importância de se discutir essa regulamentação e atualizar as decisões tomadas há 14 anos pela Anvisa. É o que defende Alessandra Bastos, ex-diretora da Anvisa, farmacêutica e consultora científica da BAT Brasil.

Em 2009, quando a agência optou pela proibição, foi uma medida cautelosa porque não existiam muitas evidências científicas. Mas, hoje, temos uma infinidade. E, o que já foi comprovado em vários estudos é que a principal diferença entre o cigarro convencional e o cigarro eletrônico, é que no dispositivo eletrônico não há queima do tabaco. Portanto, as centenas de substâncias potencialmente tóxicas da fumaça se transformam em menos de cinco no aerossol do vaporizador", afirma ela.

Silvia Cazenave, doutora em Toxicologia e mestre em Análises Toxicológicas pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), concorda com Alessandra e afirma que a melhor opção sempre vai ser não consumir nada. No entanto, comparando os dois produtos, os dispositivos eletrônicos emitem menos substâncias potencialmente tóxicas e em menor concentração.

"Se a gente não regulamenta, a gente não tem conhecimento sobre aquilo que está sendo comercializado. E, o fato de proibir não impede que as pessoas adquiram, comprem e usem, inclusive sem saber direito de onde vem ou qual a segurança", defende Silvia.

Hoje, nós vivemos uma calamidade na saúde pública por conta da falta de regra para o cigarro eletrônico", sintetiza Alessandra Bastos.

Além dos membros da área da saúde, os consumidores dos vapes também têm se juntado para cobrar uma regulamentação que garanta um produto de maior qualidade e menos riscos à saúde. Miguel Okumura, consumidor de cigarros eletrônicos e ativista brasileiro sobre a redução de danos do tabaco, é ex-fumante e conta que deixou o cigarro convencional completamente, após conhecer os vapes.

"Eu fumava há 7 anos e como ex-fumante, eu sei a dificuldade que é parar de fumar. Foi da noite para o dia, eu peguei o vape e não usei mais cigarro. O vape hoje, para mim, é mais uma opção, eu não me sinto amarrado como eu me sentia com o cigarro", admite ele.

Com base na experiência pessoal e de mais de 80 países, Miguel defende que o ato de trocar o cigarro convencional pelo eletrônico, assim como ele fez, é uma boa decisão para a saúde de quem fuma, mas faz alerta para o uso por quem não tinha esse hábito antes.

Quando você vapora, você está reduzindo os riscos e danos causados pelo cigarro. Só deixa de ser uma escolha inteligente se essa pessoa não fuma o cigarro tradicional e começa a vaporar", afirma Miguel.

Miguel lamenta o produto ainda não ser regulamentado no país, mas continua confiante de que o cenário brasileiro pode melhorar.

A regulamentação do produto busca garantir que se tenha controle de quais substâncias estão presentes no cigarro eletrônico, além do controle da produção, composição, sabores e comercialização do produto somente para maiores de idade, ou seja, criação de regras rígidas, assim como no caso do cigarro convencional.

Confira abaixo um quadro com as principais diferenças entre os cigarros convencionais e eletrônicos:

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Notas:

  • Vaporizadores e produtos de tabaco aquecido são produtos destinados a maiores de 18 anos, assim como o cigarro. Estes produtos não são isentos de riscos;
  • A redução de riscos de vaporizadores e produtos de tabaco aquecido é baseada nas evidências científicas mais recentes disponíveis e desde que haja a substituição completa do consumo de cigarros tradicionais.
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