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Saúde pública

Após suspensão de atendimento para aborto em SP, pacientes procuram atendimento em outros estados

Desde a suspensão do procedimento de aborto no Hospital Municipal da Vila Cachoeirinha, cerca de 20 pacientes tiveram seu tratamento interrompido

Após suspensão de atendimento para aborto em SP, pacientes procuram atendimento em outros estados - Imagem: Reprodução Pexels
Após suspensão de atendimento para aborto em SP, pacientes procuram atendimento em outros estados - Imagem: Reprodução Pexels

Milleny Ferreira Publicado em 11/01/2024, às 09h36


Após a suspensão do serviço de aborto legal no Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, decretado pela Prefeitura de São Paulo, desde dezembro de 2023, um grupo de cerca de vinte mulheres e meninas tiveram os seus atendimentos interrompidos e nem conseguem assistência médica na unidade, que até então era referêcia no procedimento permitido por lei, do aborto. 

Desde a suspensão do procedimento na unidade, as pacientes precisaram de deslocar para outros estados por conta própria, procurando outros hospitais que atendessem suas necessidades, como o caso de duas jovens, vítimas de violência sexual, com idades de 12 e 15 anos, que acharam o suporte apenas em Uberlândia (MG) e Salvador (BA).

De acordo com as informações do portal da CNN Brasil, mesmo existindo outros quatro hospitais da rede municipal que também realizam a interrupção da gravidez, as pacientes vão a outros estados afim de achar outra unidade que supra o que elas precisam, afinal, apenas a unidade da Cachoeirinha realizava o aborto nas pacientes após a vigésima semana de gestação. Os outros hospitais são: Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio (Tatuapé), Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha (Campo Limpo), Hospital Municipal Tide Setúbal e Hospital Municipal e Maternidade Mário Degni (Jardim Sarah).

Rebeca Mendes, diretora-executiva do Projeto Vivas e advogada, ressalta que a mudança prejudicou a população mais vulnerável, principalmente mulheres pretas, periféricas e menores de idade. “Em crianças vítimas de violência, a gestação geralmente é descoberta tarde, no final do 2º trimestre”, explica.

O Projeto Vivas é uma organização que presta auxílio para que todas as mulheres que precisarem e quiserem possam realizar o abortode forma legal, dentro e fora do Brasil. Nos casosque já são previstos por lei (vítimas de estupro, quando possui algum risco à vida da mãe e em casos de anencefalia), as pacientes são direcionadas para atendimento nas unidades da rede pública, já citados. Nos demais casos, que ainda não são permitidos pela legislação, o projeto presta o auxílio, para que as pacientes possam realizar o procedimento no exterior, em países como Argentina e Colômbia.

A maioria das mulheres encontra a organização por meio das redes sociais. Mensalmente, cerca de 150 mulheres e meninas buscam ajuda e recebem auxílio financeiro pelo Projeto Vivas.

Quando questionada sobre o motivo da suspensão dos serviços, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) argumentou que “a suspensão é temporária e que se deu para realização de cirurgias eletivas, mutirões cirúrgicos e outros procedimentos relacionados à saúde da mulher”.

Ainda segundo Rebeca Mendes, o encerramento do serviço veio de forma inesperada, e após a realocação das mulheres em outros hospitais, foi necessário que fizessem todo o processo burocrático novamente e reiniciassem por completo o acompanhamento.  

Através de uma nota, a SMS informou que as pacientes que possuíam agendamento foram devidamente orientadas a procurarem outras unidades de saúde que realizam o procedimento de aborto legal. “Cabe ressaltar que a interrupção da gestação é realizada nos casos amparados por lei independentemente do período gestacional, conforme estabelece a legislação”, conclui.

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