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Golpe!

Paper Excellence, Havan, Madero e outras companhias bolsonaristas tentam aceitar governo Lula

Diversos empresários já fizeram propostas de golpe de estado contra a vitória do petista nas eleições

Lula (PT) em entrevista coletiva no Palácio do Planalto (DF) - Imagem: reprodução/Facebook
Lula (PT) em entrevista coletiva no Palácio do Planalto (DF) - Imagem: reprodução/Facebook

Mateus Omena Publicado em 14/02/2023, às 14h06


A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais ainda não foi bem aceita por muitos empresários que apoiaram publicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Mas, diante da vontade popular em um candidato eleito democraticamente, muitos figurões do mundo dos negócios estão tentando colocar o orgulho de lado por enquanto para se adaptar à nova gestão.

De acordo com o portal Faria Lima Journal (FLJ), empresários que estiveram diversas vezes na companhia de Bolsonaro estão mudando seus discursos e tratamentos ao petista, com o intuito de encontrar oportunidades com o governo.

Entre os mais famosos apoiadores de Bolsonaro, destaca-se Luciano Hang, dono da Havan, que após o resultado das urnas em 30 de outubro, desejou ‘boa sorte’ para Lula, que anteriormente era alvo de muitas de suas críticas e ofensas.

"Temos um presidente novo, um governo novo. Vamos torcer pelo piloto. E que faça uma ótima viagem. Estou dentro do mesmo avião. Que o Brasil possa encontrar a paz, harmonia, felicidade e os empregos. Estarei junto. Vamos acabar com o discurso de ódio", pediu.

Quem são?

Por outro lado, Hang está sendo investigado pelo financiamento de atos antidemocráticos, que defendiam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Outro nome forte entre os empresários bolsonaristas é Luiz Renato Durski Junior, proprietário da rede de restaurantes Madero, que também passou a torcer para que Lula faça um bom mandato.

"Sempre torço para o comandante do avião pilotar muito bem, porque também estamos dentro do avião", declarou ao site Exame Invest.

No entanto, antes do início do mandato de Lula, Durski gerou polêmica ao afirmar em vídeo, durante a pandemia, que "o Brasil não pode parar por 5 ou 7 mil mortes”.

De acordo com o colunista Guilherme Amado, do jornal Metrópoles, em 2022, donos de importantes marcas em um grupo de WhatsApp chamado "Empresários & Política", defenderam propostas, consideradas ilegais, de um golpe de Estado no caso de uma eventual vitória de Lula nas urnas.

No grupo também estavam José Koury, dono do shopping Barra World, Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, da marca de surfwear Mormaii, e Afrânio Barreira, do restaurante Coco Bambu.

Na ocasião, Koury escreveu "Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo".

Por causa dessas iniciativas contra o estado democrático, eles e outros empresários se tornaram alvo de investigações e de operação de busca e apreensão, quebra de sigilo fiscal e telemático.

Depois da repercussão de suas tendências golpistas, Koury declarou que as mensagens estavam "fora de contexto". Em uma nota, ele aifrmou seu "apoio integral" a qualquer pessoa que fosse eleita.

“Tenho 64 anos, trabalho pelo menos 12 horas por dia, desde os 16 anos de idade, e sempre fui defensor da democracia e da livre liberdade (sic) de expressão e de pensamento. Aquele que for eleito, seja de que partido for, terá nosso apoio integral”, afirmou.

Paper Excellence

Já Josmar Verillo, braço estratégico da Paper Excellence, não engoliu totalmente o retorno da esquerda ao poder. Ao contrário de alguns colegas, ele reluta em demonstrar qualquer sinal de condescendência ao Presidente da República e seus aliados.

O executivo da Paper fez críticas duras ao Supremo Tribunal Federal e ao Partido dos Trabalhadores em publicações datadas de 2019 a 2023. Ele insiste em atacar o STF, especialmente o ministro Alexandre de Moraes.

Em algumas ocasiões, Verillo direcionou suas agressividades ao ministro Marco Aurélio Mello. Em outro episódio, ele compartilha a mensagem de que o STF é "a maior fonte de instabilidade institucional e jurídica do país".

Mesmo assim, as polêmicas não pararam por aí. Verillo chegou a fazer uma postagem com a seguinte mensagem: "Todos pensam que o advogado de Lula é Zanin. Mas não é. O maior advogado de Lula se chama Ricardo Lewandowski. As coisas que Lewandowski e Zanin têm em comum são a patetice e a lealdade canina ao ex-presidiário corrupto e lavador de dinheiro".

A Paper Excellence, liderada por Verillo, é conhecida por ter custeado a viagem do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) à Indonésia, com direito a dias de lazer surfando em uma das melhores ondas do mundo.

Em nota à FLJ, a Paper Excellence explicou que os encontros são "institucionais e realizados com transparência" e negou qualquer pagamento a Eduardo Bolsonaro.

“A Paper Excellence não faz doações a partidos políticos e nem a representantes públicos individualmente e não se envolve na política interna dos países onde atua”, disse a companhia.

A empresa também ressaltou que os ataques feitos por Verillo "não representam a opinião da Paper", e que a companhia "não responde e não se responsabiliza" por suas opiniões e manifestações.

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