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Mauro Cid demonstra intenção de fazer delação premiada

Na última quarta-feira (6), tenente-coronel entregou "termo de intenção" de fazer um acordo de delação premiada

Na última quarta-feira (6) tenente-coronel entregou "termo de intenção" de fazer um acordo de delação premiada - Imagem: Reprodução/TV Record News
Na última quarta-feira (6) tenente-coronel entregou "termo de intenção" de fazer um acordo de delação premiada - Imagem: Reprodução/TV Record News

Ana Rodrigues Publicado em 08/09/2023, às 09h58


Na última quarta-feira (6), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), entregou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um "termo de intenção" de fazer um acordo de delação premiada.

A PF (Polícia Federal) informou que concorda com a proposta. As informações foram reveladas pela Globonews e confirmadas pelo UOL.

Cid esteve no STF, junto ao seu advogado, Cezar Roberto Bitencourt, e se reuniu com um juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes. Os termos dessa delação ainda não foram definidos. A proposta será encaminhada ao MPF (Ministério Público Federal) - onde vai ser dado um parecer - e depois precisa ser aceita pelo ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos em que Cid é investigado. Para ter a colaboração aprovada pela justiça, o coronel além de prestar depoimento, precisa apresentar provas. 

Cid está preso desde maio. Ele é suspeito por vender irregularmente presentes recebidos por Bolsonaro de outros chefes de estado, de falsificar cartões de vacina contra a covid-19 e de ter trabalhado na organização de um golpe de Estado

O tenente-coronel esteve ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro em entrevistas, lives e reuniões, e foi braço-direito dele durante os quatro anos do governo passado. 

O oficial do Exército participou diretamente no caso das jóias, desde os primeiros passos. No final do governo, ele despachou um auxiliar para tentar resgatar um kit de joias que o casal Jair e Michelle Bolsonaro, receberam do governo da Arábia Saudita. As joias acabaram sendo retidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. E, referente a esse caso Cid deixou rastros em e-mails, conversas em aplicativos de mensagens e movimentações financeiras que podem comprometer seu ex-chefe. 

O ex-ajudante de ordens também participou da operação para vender outros objetos de valor que Bolsonaro recebeu como presente na qualidade de chefe de Estado. Os itens deveriam ter sido restituídos à União, mas foram despachados para venda nos Estados Unidos.

No dia 28 de agosto, quando Bolsonaro e Michelle ficaram em silêncio em um dos depoimentos prestado na PF, Cid falou por pouco mais de 10 horas.

Cid também está sendo investigado por envolvimento com o escândalo da invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) pelo hacker Walter Delgatti Netto e a falsificação de cartões de vacina da família Bolsonaro, o que motivou a sua prisão preventiva em maio.

Segundo as investigações da PF, o tenente-coronel e outros aliados de Bolsonaro teriam vendido joias e outros objetos de valor recebidos em viagens oficiais da Presidência da República fora do país. Os itens de luxo deveriam ter sido incorporados ao acervo da União, mas foram omitidos do conhecimento dos órgãos públicos, negociados para fim de enriquecimento ilícito e entregues em dinheiro vivo para o ex-chefe do Executivo. Ele teria vendido também - com o auxílio do pai dele, o general Mauro Lourena Cid - joias no exterior. 

Ainda de acordo com a PF, uma das peças comercializadas pelo ex-ajudante de ordens foi um relógio da marca Rolex, estimado em R$300 mil, que foi recebido por Bolsonaro em uma viagem presidencial à Arábia Saudita em 2019. Inclusive, entre os e-mails recuperados na lixeira da conta de Mauro Cid, obtidos pela CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de janeiro, está a tratativa para venda do Rolex. 

Em uma troca de mensagens com o advogado Fábio Wajngarten, em março, Cid demonstrou que já sabia que as joias recebidas pelo governo seriam bens de interesse público. Além disso, ele tinha a consciência que, mesmo se os itens fizessem parte legalmente do acervo pessoal do então presidente, a União teria direito de preferência para a aquisição se fossem vendidas. Os arquivos do celular de Cid foram obtidos pela colunista do UOL Juliana Dal Piva.

De acordo com os investigadores, os valores obtidos das vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal do ex-presidente, por meio de laranjas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar origem, localização e propriedade dos valores.

Em outro áudio entre Cid e Câmara, em janeiro, o ex-ajudante de ordens citou US$ 25 mil que estavam com o pai dele e seriam destinados a Bolsonaro.

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