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Mãe de brasileira assassinada na Nicarágua luta por justiça: "Quero que Lula me ajude"

A estudante de Medicina foi morta a tiros em julho de 2018

Mãe de brasileira assassinada na Nicarágua luta por justiça: "Quero que Lula me ajude" - Imagem: reprodução
Mãe de brasileira assassinada na Nicarágua luta por justiça: "Quero que Lula me ajude" - Imagem: reprodução

Nathalia Jesus Publicado em 15/03/2023, às 12h07


Raynéia Gabrielle da Costa Lima Rocha, foi assassinada a tiros enquanto passava de carro na região de Lomas de Monserrat, em Manágua, na capital da Nicarágua, no dia 23 de julho de 2018. Desde então, mãe da jovem busca por justiça pelo crime e afirma que o governo de Daniel Ortega deve ser responsabilizado.

De acordo com a enfermeira aposentada Maria José da Costa, “o governo do Brasil virou as costas para a única vítima brasileira da repressão que exerce o governo de Daniel Ortega”. Com a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência, a mãe da estudante enxerga “uma pequena luz de esperança no fim do túnel”.

Em entrevista ao jornal O GLOBO, Maria José disse que, agora que o Brasil se posiciona de maneira crítica às violações dos direitos humanos cometidas no governo Ortega, a esperança é de que consiga uma audiência com Lula para contar o caso da filha e, finalmente, o governo possa colaborar com as investigações e contribua para o julgamento do "verdadeiro culpado" pelo crime.

"Na época do assassinato, o governo Temer virou as costas para nós, só conseguimos repatriar o corpo de minha filha graças ao apoio do ex-governador de Pernambuco, de onde somos, Paulo Câmara (PSDB-PE). Desde então, ninguém nos ajudou, e quero que Lula me ajude — afirma Maria José, que há quase cinco anos dorme com a certeza de que o assassino confesso de Raynéia não foi quem atirou naquela noite fatídica em Manágua", contou.

Maria José critica todos os governos desde Temer, o presidente em exercício no período em que Raynéia foi morta:

"O Itamaraty só me entregou os documentos da minha filha. O resto de seus pertences consegui recuperar graças à ajuda de uma pessoa que não me conhecia e conseguiu recuperar quatro caixas de coisas da Raynéia."

Confissão desconfiada

Muitas pistas de investigações paralelas levam a crer que o assassino confesso e condenado da estudante, Pierson Adán Gutiérrez Solís, na verdade está acobertando o verdadeiro culpado.

De acordo com informações apuradas pelo site Nicarágua Investiga (NI), ele hoje está em liberdade e recebendo um salário do Instituto Regulador do Transporte do Município de Manágua, ou seja, do Estado nicaraguense. O site revelou, ainda, que Pierson Solís participa ativamente de atos públicos organizados pela prefeitura de Manágua, e no passado atuou em grupos paramilitares.

Além disso, a mãe de Raynéia comentou sobre o namorado nicaraguense da jovem, que estava no carro de trás no momento em que a jovem foi assassinada. "Ele a levou ao hospital. Quando saiu, viu muitos policiais suspeitos na porta e logo depois começou a receber as ameaças", lembrou.

Maria José manteve contato com o nicaraguese por um tempo, até que em determinado momento ele disse que algum dia viria para o Brasil contar toda a verdade sobre o que aconteceu, mas sumiu.

De acordo com Maria José, a filha voltava do hospital em que trabalhava quando passou de carro em frente ao condomínio. Francisco López, tesoureiro da Frente Sandinista, partido de Ortega. Segundo médicos do Hospital Militar, para onde Raynéia foi levada, a bala atingiu coração, diafragma e parte do fígado.

As investigações apontam que arma utilizada no crime foi de alto calibre, utilizada exclusivamente por militares, fato que dificultaria a comprovação da versão do assassino confesso, uma vez que ele, como segurança particular, não teria acesso a esse tipo de armamento.

"Quero descobrir quem foi o verdadeiro culpado, que seja condenado preso. O governo da Nicarágua deve se responsabilizar pelo assassinato da minha filha, porque tenho certeza que o assassino confesso está acobertando um militar que trabalha para o Estado", afirmou Maria José.

"Com Lula tenho esperanças, ele fala com todos os países e espero que fale com Ortega para resolver o caso de minha filha", concluiu a aposentada.

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