Diário de São Paulo
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Alinhamento preconceituoso do Governo Federal causa polêmica e repúdio nacional

Sociedade civil condena postura preconceituosa do Executivo, que reflete alinhamento ideológico perigoso

Ministro da Defesa, José Múcio - Imagem: Reprodução | Agência Brasil
Ministro da Defesa, José Múcio - Imagem: Reprodução | Agência Brasil
Rav Sany Sonnenreich

por Rav Sany Sonnenreich

Publicado em 09/10/2024, às 10h46


O governo brasileiro está no centro de mais uma controvérsia, desta vez com acusações de antissemitismo e preconceito. A fala do ministro da Defesa, José Múcio, ao afirmar que uma "vitória judaica" em uma licitação seria inaceitável por motivos ideológicos, provocou forte reação negativa. Em resposta, uma Nota de Repúdio assinada por defensores dos direitos humanos e figuras públicas, como Rav Sany, expressou "o mais veemente repúdio ao comportamento do Governo Brasileiro", apontando que a declaração reflete "pensamentos e atitudes antissemitas e preconceituosas".

A indignação não se limitou às palavras do ministro, mas também à postura que o governo tem adotado em questões sensíveis de âmbito internacional. O uso de justificativas ideológicas para barrar a compra de blindados israelenses foi duramente criticado. "É inadmissível que o Governo Federal se utilize de um argumento ideológico – E ANTISSEMITA – para justificar a recusa de um acordo que poderia garantir a segurança e proteção do Brasil", destaca a nota. Ao alinhar-se a discursos que demonizam Israel e o povo judeu, o governo brasileiro é acusado de comprometer a soberania nacional e as relações diplomáticas com parceiros estratégicos.

Essa situação gerou uma reflexão mais ampla sobre os perigos do extremismo ideológico no poder. A sociedade civil aponta que o governo, ao adotar esse tipo de discurso, coloca em risco não só a segurança do país, mas também suas instituições democráticas. "O Brasil, um país conhecido por sua pluralidade e diversidade, não pode aceitar que representantes de seu governo normalizem discursos antissemitas ou justifiquem alianças questionáveis em detrimento da segurança nacional", alerta a nota.

A crítica ganha ainda mais força ao destacar que o governo parece estar "flerteando com extremismos e preconceitos que já custaram tantas vidas ao longo da história". A normalização de falas como a de José Múcio é vista como um retrocesso grave nos esforços de construção de uma sociedade plural e inclusiva.

Apesar de sua propaganda como um governo defensor da diversidade, os recentes acontecimentos revelam uma grave incoerência. A Nota de Repúdio ressalta que é "revoltante e INACEITÁVEL" que o governo utilize argumentos preconceituosos para justificar suas decisões, especialmente quando estas afetam a segurança nacional e as relações internacionais. "Religião e etnia não têm absolutamente nada a ver com as decisões de um Governo que deveria primar pela democracia, pela laicidade e pelo respeito a todas as comunidades", afirma o texto, reiterando que a separação entre religião e Estado é um princípio fundamental que parece ter sido desconsiderado pelo atual Executivo.

Diante da crescente pressão da sociedade civil, a nota exige que o ministro Múcio e o governo federal "se retratem imediatamente" e revejam suas posturas. As lideranças que assinam a nota alertam para o impacto devastador que discursos de ódio e preconceito podem ter sobre o país, lembrando que "não toleraremos o avanço de discursos de ódio em nosso país".

"Que fique o alerta para quem acha, ainda, que esse é o 'governo do amor'. É do ódio inadmissível!", conclui a nota de repúdio, enfatizando que o Brasil não pode seguir pelo caminho da intolerância e da exclusão.

A sociedade civil aguarda uma resposta clara do governo federal, mas, até o momento, nenhuma retratação oficial foi feita. A expectativa é que o Executivo reveja sua postura antes que esse tipo de alinhamento ideológico cause danos irreparáveis ao país.

Veja a nota na íntegra:

"Nota de Repúdio contra o comportamento repugnante do Governo Brasileiro por postura antissemita e preconceituosa

Eu e todos que defendem direitos humanos no Brasil manifestam seu mais veemente repúdio ao comportamento do Governo Brasileiro, retratado pelo ministro José Múcio, que, reflete pensamento e atitudes antissemitas e preconceituosas.

Essa fala reflete o comportamento abjeto e repugnante do Poder Executivo ao evocar que uma "vitória judaica” em licitação não poderia ser aceita por questões ideológicas. 

Religião e etnia não têm absolutamente nada a ver com as decisões de um Governo que deveria primar pela democracia, pela laicidade e pelo respeito a todas as comunidades. 

É, no mínimo, revoltante e INACEITÁVEL! 

I-N-A-C-E-I-T-Á-V-E-L!!

É inadmissível que o Governo Federal se utilize de um argumento ideológico – E ANTISSEMITA - para justificar a recusa de um acordo que poderia garantir a segurança e proteção do Brasil, barrando a compra de blindados israelenses. O uso de ideologia como pretexto para alinhar-se a grupos terroristas, enquanto demoniza Israel e os judeus, é um passo perigoso para o enfraquecimento da soberania, das instituições brasileiras e da própria democracia!

O Brasil, um país conhecido por sua pluralidade e diversidade, não pode aceitar que representantes de seu governo normalizem discursos antissemitas ou justifiquem alianças questionáveis em detrimento da segurança nacional e das relações internacionais com nações aliadas.

Exigimos que o Executivo se retrate imediatamente e que o governo brasileiro reveja sua postura, interrompendo esse perigoso flerte com extremismos e preconceitos que já custaram tantas vidas ao longo da história. Não toleraremos o avanço de discursos de ódio em nosso país!

Que fique o alerta para quem acha, ainda, que esse é o “governo do amor”. É do ódio inadmissível!

Rav Sany"

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