A linha de defesa do ex-presidente já foi montada e ele aguarda o depoimento
Nathalia Jesus Publicado em 25/04/2023, às 08h58
O depoimento de Jair Bolsonaro (PL) à PF para esclarecer sobre o seu grau de envolvimento nos ataques do 8 de janeiro será na próxima quarta-feira (26). Com a linha de desfesa já definida, o principal argumento do ex-presidente será o seu "recolhimento" após a divulgação do resultado do segundo turno das eleições presidenciais.
À Polícia Federal, Bolsonaro colocará como uma das justificativas para o seu isolamento voluntário a erisipela, uma infecção cutânea que teve na perna após as eleições e que impossibilitava que o ex-mandatário usasse calças. De acordo com auxiliares e pessoas próximas, Bolsonaro só usava shorts na época.
Segundo informações do jornal O Globo, envolvidos na defesa do ex-presidente no caso afirmaram que ele negará qualquer tipo de articulação política depois das derrotas nas urnas para Lula.
Já sobre os ataques que resultaram na destruição dos prédios na sede dos Três Poderes, ele usará o seu distanciamento do Brasil na data do ocorrido para alegar que não teria vínculo com os atos golpistas. Bolsonaro saiu do país no dia 30 de dezembro com destino aos Estados Unidos, de onde voltou somente em março.
Para justificar a apatia durante as mobilizações golpistas em frente aos quartéis do Exército de todo o país, inclusive de Brasília, de onde saíram grande parte dos vândalos. Bolsonaro vai adotar o mesmo discurso que já apresentou para aliados: como não foi ele quem mobilizou os acampamentos, não cabia a ele desmobilizá-los.
Durante o depoimento, o fato de Bolsonaro ter levantado questionamento infudados sobre a credibilidade das urnas eletrônicas também será abordado. Outra questão que também será explorada pelos investigadores é o contato entre o ex-presidente e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, à época secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
Torres está preso por suspeita de omissão e conivência com os atos do 8 de janeiro. No dia, tanto ele quanto Bolsonaro estavam nos EUA, mas os dois negam que tenham tido contato durante aquela viagem.
Jair Bolsonaro passou a fazer parte da investigação depois de publicar, em uma rede social, um vídeo com fake news sobre as eleições, dois dias após a invasão dos prédios dos Três Poderes. Novamente, o ex-presidente não apresentou provas sobre as acusações que fez. Ainda não há detalhes sobre qual será a resposta do presidente para este ponto.
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