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App de transporte para mulheres é acusado de golpe de mais de R$ 2 milhões; até famosos são sócios

O golpe consiste na venda de licenças para uso da marca, que pode custar até R$ 450 mil

A atriz Gabi Lopes, esquerda, com a CEO do App Lady Driver, Gabriela Corrêa, assinam o que seria o contrato social - Foto: Instagram @gabilopess
A atriz Gabi Lopes, esquerda, com a CEO do App Lady Driver, Gabriela Corrêa, assinam o que seria o contrato social - Foto: Instagram @gabilopess

Jair Viana Publicado em 16/12/2022, às 15h01


Um golpe que pode passar dos R$ 2 milhões está em andamento mesmo com ações que pipocam na Justiça. Trata-se do “golpe da Lady”. Lady Driver é um novo aplicativo de transporte individual de passageiros (transporte por App) que é acusado de vender licenças de uso e não garantir a execução do serviço.

Artistas, atletas e influencers famosos, atraídos pelos mesmos discursos que pegaram licenciadas, viraram sócios do aplicativo que tem como mote o empoderamento da mulher. O app é de uso exclusivo de mulheres, inclusive só mulheres podem operar o sistema, seja como gestora ou motorista.

Entre as mais variadas modalidades de golpes que o brasileiro já se acostumou e, quando se pensa que não há nada mais a ser inventado nessa área, a surpresa surge: um aplicativo de transporte de passageiro voltado exclusivamente ao público feminino está sendo executado na Justiça. O golpe já beira a casa dos R$ 2 milhões e tem pelo menos cerca de trinta vítimas espalhadas por mais de 50 municípios em todo país.

Criado para oferecer uma oportunidade de trabalho, empoderamento financeiro e social da mulher, como gestora, podendo agregar motoristas em seu negócio e declarar independência financeira, o aplicativo de transporte individual de passageiras, conhecido como Lady Driver, é acusado de não cumprir o contrato com as licenciadas, gerando prejuízos que até agora somam quase R$ 2 milhões.

O esquema consiste na venda de licenças para as diversas praças comerciais do país. Cerca de 50 cidades brasileiras foram atingidas pelo golpe.

A interessada paga um valor que oscila entre R$ 40 mil e até R$ 450 mil para poder usar a marca Lady Driver em sua cidade. A licenciada ainda investe no marketing, que consiste na veiculação de publicidade nos meios de comunicação tradicionais, além da divulgação paga nas redes sociais e eventos para difundir a ideia de um serviço exclusivo para mulheres. A estrutura para o funcionamento do sistema também fica a cargo das licenciadas.

O problema está exatamente no sistema: ele simplesmente não funciona, não é oferecido conforme estabelece o contrato entre o aplicativo e as licenciadas.

O Diário apurou que até o momento existem quatro ações de rescisão contratual tramitando no Judiciário, que já concedeu três liminares em favor das licenciadas. Nessas ações estão representadas pelo menos 31 licenciadas que já tiveram prejuízo estimado em mais de R$ 1,7 milhão.

Aditivo

O aplicativo Lady Driver, além de disponibilizar a estrutura tecnológica às licenciadas no curso do contrato ainda tentou impor um aditivo aos contratos, obrigando as licenciadas ao pagamento mínimo de R$ 3,5 mil por mês a título de manutenção do sistema. As licenciadas se negaram a assinar o aditivo.

Liminares

A advogada das licenciadas, Edna Britto, ingressou com ações em várias comarcas, tentando garantir a indenização das mulheres que empreenderam no negócio e não viram lucros. Foi pedido na Justiça, a concessão de medida liminar (decisão provisória).

Em São Paulo, uma das ações caiu na 25ª Vara Criminal. A juíza Mariella Ferraz de Arruda Pollice Nogueira concedeu a medida, suspendendo os efeitos de todos os contratos, qualquer cobrança contra as mulheres. No total, entre os dias 8 e 12 últimos, três liminares foram concedidas para suspender os efeitos do contrato.

Famosos

Nos últimos meses, Gabriela Corrêa tem postado em suas redes sociais a adesão de famosos que, segundo ela, estão investindo em seu negócio. Entre esses famosos estão a atriz e empresária Gabi Lopes, a esportista Bia Figueiredo (piloto de automobilismo) e Nina Silva, que é executiva em tecnologia e uma das 100 afrodescendentes mais influentes do mundo, são algumas das personalidades apresentadas como sócias do App Lady Driver. O Diário procurou as três, mas não obteve retorno até o fechamento deste texto.

O outro lado

O Diário procurou a CEO da Lady Driver, Gabriela Corrêa, que se negou a dar entrevista, alegando desconhecer qualquer medida adotada pelas licenciadas. Informalmente, Gabriela disse estar acostumada com o que chama de “fofoca”. Disse ainda que prefere “seguir ajudando quem precisa”, em referência às mulheres que buscam independência financeira.

Nota de resposta por parte do app Lady Driver

Lady Driver no cenário empresarial trata-se de startup que disponibiliza aplicativo de motoristas para o atendimento exclusivo de mulheres, disponibilizado no sistema Android.

O aplicativo de serviço de motoristas exclusivamente de mulheres, foi idealizado pela sócia fundadora da startup, sra. Gabriela Correa, a partir de uma experiência pessoal quando vivenciou um episódio de assédio por motorista de aplicativo, em que a ideia bem sucedida foi colocada em prática para trazer segurança a milhares de mulheres que dependem do serviço de locomoção através de aplicativo de motoristas no dia a dia.

O serviço oferecido através do aplicativo Lady Driver, está em plena operação e funcionamento desde 2017, na Cidade de São Paulo e aos poucos foi ganhando visibilidade pela prestação de serviço que oferece como reconhecimento às causas atreladas a proteção e o direito de ir vir das mulheres e suas famílias, com segurança.

Foi com este objetivo que através da atuação direta da sua idealizadora, sra. Gabriela Correa, a startup Lady Driver oferece a oportunidade às mulheres de empreender no ramo de motoristas por aplicativo, utilizando-se de toda a estrutura tecnológica e utilização da marca Lady Driver, para prestar um serviço em prol a comunidade de mulheres que atende à várias regiões do território nacional.

A relação entre a Lady Driver e as mulheres que buscam e que é objeto da matéria publicada pelo Diário de S. Paulo, sob a autoria do repórter Jair Viana retrata estritamente discussão judiciais, referente a relação contratual firmada entre a Lady Driver, como Licenciante e Licenciadas, que se frise, tais contratos estão sob a proteção de seus termos sob cláusula de Confidencialidade e Sigilo, o que impede que maiores detalhes sejam publicados nesta nota de resposta.

Por isso, não é crível as imputações feitas no texto jornalístico publicado pelo Diário de S. Paulo, que não refletem a verdade da relação contratual entre a Lady Driver e as Licenciadas, detentoras do licenciamento para operação do aplicativo de motoristas para mulheres, haja vista que apresenta conteúdo acusatório de crime a pessoa da sr. Gabriela Correa, sem qualquer prova em concreto dos fatos ali noticiados, uma vez que as supostas discussões judiciais noticiadas estão restritas a esfera do direito civil, sendo estritamente, de cunho contratual.

Por fim, no que se refere as medidas judiciais mencionadas no corpo da matéria jornalística, a Lady Driver e a sua representante, sra. Gabriela Correa, reafirma a ausência de conhecimento do conteúdo dos referidos processos judiciais, ante a ausência de notificação oficial acerca de tais demandas, o que se reserva o direito de que oportunamente, devidamente notificada, citada e intimada, tomando conhecimento do inteiro teor de tais ações judiciais exercerá de maneira plena e integral o Direito ao Contraditório e Ampla Defesa, que lhe é assegurado perante o Judiciário.

Oportuno, ainda, ressaltar que, na reportagem consta que “uma das ações caiu na 25ª Vara Criminal. A juíza Mariella Ferraz de Arruda Pollice Nogueira concedeu a medida, suspendendo os efeitos de todos os contratos”, e, neste ponto, tal ilação beira o absurdo, pois, I. inexiste qualquer procedimento judicial de cunho criminal em curso; II. A juíza mencionada sequer é magistrada atuante na esfera criminal, sendo titular da 25ª Vara CÍVEL do Foro Central Cível – João Mendes.

Portanto, sob qualquer ótica que se avalie o conteúdo jornalístico publicado, resta evidenciada a insegurança e inverdades contidas nas informações trazidas, as quais, inclusive, carecem com o seu papel precípuo de informar, revelando-se como uma conduta antiética, abusiva, ameaçadora e ilícita, na medida em que há propagação de Fake News, quando da afirmação de “GOLPE CONSISTE NA VENDA DE LICENÇAS PARA USO DA MARCA, QUE PODE CUSTAR ATÉ R$ 450 MIL” afirmando de maneira categórica, ilegal e totalmente descabida, induzindo o leitor a concluir pela prática de crimes pelas ora Notificantes e, que tais crimes, já estão sendo reconhecidos pelo Judiciário, o que não se mostra real e razoável.

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