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Educação

São Paulo adota Inteligência Artificial para aprimorar o conteúdo escolar

Sindicato critica substituição de professores por IA, considerando-a um novo patamar de precarização

ChatGPT - Imagem: Reprodução | Freepik
ChatGPT - Imagem: Reprodução | Freepik

por Marina Milani

Publicado em 18/04/2024, às 08h26


O governo do estado de São Paulo está planejando implementar um projeto-piloto que utilizará uma plataforma de Inteligência Artificial (IA), como o ChatGPT, na atualização do material didático utilizado por professores dos últimos anos do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e do ensino médio.

Segundo informações da Secretaria Estadual da Educação, as aulas elaboradas em 2023 pelos professores curriculistas já estão em uso, e o objetivo do projeto é realizar uma "atualização e aprimoramento" desse material. Isso envolverá a inserção de novas propostas de atividades, exemplos de aplicação prática do conhecimento e informações adicionais que enriqueçam as explicações de conceitos-chave de cada aula.

O conteúdo produzido pela IA será submetido a um processo de revisão pelos educadores em duas etapas. Após esse processo, o material passará por outras duas revisões: uma de direitos autorais e outra de intervenções de design.

Apesar da utilização da tecnologia, a Secretaria da Educação ressalta que o uso da IA ainda está em fase de avaliação para avaliar sua implementação.

O professor e pesquisador de educação e tecnologia Bernardo Soares destaca que a tecnologia pode auxiliar os professores, mas não deve substituí-los. Ele ressalta que o professor deve permanecer como o centro do processo de ensino, sendo o mediador do conteúdo.

Em resposta, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) criticou a decisão, afirmando que a substituição de professores por robôs guiados por IA é um escárnio e representa um novo patamar de precarização dos profissionais da Educação. O sindicato ressalta que a IA deve ser uma ferramenta pedagógica, inserida em um planejamento reflexivo, e não como substituição dos professores na formulação do conteúdo pedagógico.

A deputada estadual professora Bebel ingressou com uma ação no Ministério Público contra o uso do ChatGPT no contexto educacional.

O governo estadual afirmou que a ferramenta será um facilitador e que a responsabilidade de ministrar o conteúdo continua sendo dos professores. O projeto-piloto visa incluir a IA como uma das etapas do processo de atualização e aprimoramento das aulas, passando por todas as etapas de validação antes de uma possível implementação.

Atualmente, a Secretaria Estadual da Educação conta com cerca de 90 professores curriculistas, responsáveis pela elaboração do material didático.

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