Automóveis equipados com quatro câmeras no capô realizam o reconhecimento automático de placas em 54 mil vagas na capital
Marina Roveda Publicado em 13/06/2023, às 08h29
O uso de carros equipados com câmeras para fiscalizar o estacionamento irregular em vagas de Zona Azul tem apresentado resultados expressivos na cidade de São Paulo. De acordo com dados do observatório Mobilidade Segura, da Prefeitura de São Paulo, o número de multas por estacionamento irregular aumentou cerca de 50% desde o início da operação dos chamados carros "espiões".
Esses veículos, que possuem quatro câmeras acopladas no capô, percorrem as vias da cidade com o objetivo de identificar veículos que ocupam vagas de Zona Azul sem o devido pagamento. Em 2019, antes da implementação dos carros "dedos-duros", foram registradas 267 mil multas por uso irregular do estacionamento rotativo. Já em 2022, ano em que a retomada do movimento na cidade se consolidou após a pandemia, foram emitidas 399 mil multas.
As vagas de Zona Azul são bastante comuns em áreas movimentadas da cidade, localizadas nas laterais das ruas, junto ao meio-fio. A infração de estacionar nessas vagas sem efetuar o pagamento adequado resulta em uma multa no valor de R$ 193,25, além de adicionar 5 pontos à CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
Os carros espiões começaram a ser testados em 2018 pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e, a partir de novembro de 2020, passaram a fiscalizar de forma efetiva, após a Estapar assumir a administração do serviço de Zona Azul na cidade.
Equipados com câmeras OCR (reconhecimento ótico de caracteres), esses veículos são capazes de identificar os números e letras das placas dos automóveis estacionados e enviam essas informações para uma central online em tempo real. A central, por sua vez, verifica se foi realizado o pagamento do CAD (Cartão Azul Digital), que funciona como o antigo talão de Zona Azul e pode ser adquirido pelo aplicativo da concessionária por R$ 6,08. Cada CAD permite uma hora de estacionamento, com exceção de algumas situações específicas.
É importante ressaltar que os carros espiões não emitem multas automaticamente. Os agentes da CET recebem alertas sobre as irregularidades registradas e se dirigem aos locais para confirmar e autuar os infratores. A Prefeitura de São Paulo destaca que o trabalho de fiscalização dos agentes continua ativo, mesmo com a presença dos carros espiões.
Questionada sobre os motivos para o aumento de 50% das multas por estacionamento irregular, a CET informou que o trabalho de fiscalização dos agentes continua em andamento, não atribuindo exclusivamente aos carros espiões esse crescimento.
A Estapar, responsável pela administração da Zona Azul, não divulgou o número de veículos desse tipo em operação desde o início da operação em 2020, tampouco se houve aumento da frota, o que poderia explicar o crescimento das multas.
Vale ressaltar que o aumento das multas por estacionamento irregular em Zona Azul contrasta com a queda do número total de multas na cidade. Enquanto em 2019 foram registradas 10,6 milhões de infrações diversas, como excesso de velocidade e avanço de semáforo vermelho, em 2022 esse número diminuiu para 9,6 milhões, uma redução de quase 10%.
Com o uso dos carros "espiões" e a implementação de tecnologias de fiscalização mais eficientes, a cidade de São Paulo busca melhorar o controle do estacionamento em áreas de grande movimentação, garantindo maior fluidez do trânsito e a disponibilidade das vagas de Zona Azul para os usuários que cumprem as regras estabelecidas.
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