Com a repercussão negativa do vídeo, as estudantes desistiram do curso em Bauru
Mateus Omena Publicado em 02/04/2023, às 18h10
A estudante de Biomedicina Patrícia Linares, 45, ganhou uma bolsa de estudos na Inglaterra, no Reino Unido. O anúncio foi feito pelas redes sociais. A mulher foi vítima de etarismo em uma universidade de Bauru, no interior de São Paulo.
“Você que está pensando e não tem coragem, é seu sonho e você não quer por causa da idade, vamos fazer o seguinte? Idade não nos define. Idade é um número, então vamos colocar nosso sonho para correr que a vida não espera”, declarou Patrícia em vídeo publicado no TikTok.
Em março viralizou nas redes uma publicação de três estudantes da sala de Patrícia com comentários preconceituosos.
No vídeo, uma delas debocha: “Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?”. Logo na sequência, outra jovem responde: “Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”. “Realmente”, concorda a terceira.
As imagens repercutiram quando as garotas foram duramente criticadas nas redes sociais. No dia seguinte, as três estudantes não foram à faculdade. Ao mesmo tempo, alunos da sala de Patrícia e de outros cursos foram até ela demonstrar solidariedade.
Por causa das críticas, as três alunas que zombaram de Patrícia desistiram do curso. Um processo disciplinar por parte da Unisagrado havia sido instaurado para averiguar o caso.
Patrícia trabalhou como comerciante durante a maior parte da vida e decidiu fazer a graduação em Biomedicina, depois de ter que fechar sua loja de roupas na pandemia de Covid-19.
Em entrevista à CNN Brasil, Patrícia detalhou sua trajetória até realizar seu sonho: “Tinha essa loja desde 2012, mas nos últimos anos não deu mais para manter aberta”, disse.
Quando perdeu o emprego, ela decidiu recalcular os planos para o futuro. A escolha do curso de Biomedicina se deu por influência da mãe, enfermeira ao longo de toda a vida.
“Meu sonho de estudar na área da saúde sempre existiu. Tinha essa vontade desde menina, desde criança”, conta.
Até então, as circunstâncias da vida, no entanto, nunca permitiram que ela estudasse.
Com a ajuda do marido, Patrícia decidiu que esse seria o momento, e se jogou para fazer sua primeira faculdade. “Estou bastante empolgada, tem sido maravilhoso”, disse a estudante.
Na época, a universidade informou, por meio de nota, que repudia “qualquer ato de preconceito e discriminação”.
“Ressaltamos que nosso objetivo é educar, verbo fundamental e obrigatório na construção de uma sociedade cada vez mais justa.”
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