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Estratégia militar da Rússia na Ucrânia: o que já aconteceu até aqui

Pouco mais de uma semana após o início da invasão na Ucrânia, os russos seguem atacando por todos os lados no país. Abaixo, você encontra uma cronologia da

Estratégia militar da Rússia na Ucrânia: o que já aconteceu até aqui
Estratégia militar da Rússia na Ucrânia: o que já aconteceu até aqui

Redação Publicado em 06/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 18h54


Pouco mais de uma semana após o início da invasão na Ucrânia, os russos seguem atacando por todos os lados no país. Abaixo, você encontra uma cronologia da estratégia militar russa do primeiro dia de ataque até o momento.

Antes da guerra

Meses antes de atacar a Ucrânia, a Rússia já fazia testes em regiões de fronteira havia meses. Vladimir Putin, presidente da Rússia ,entretanto, sempre negou qualquer intuito de invasão e afirmava que tinha o direito de movimentar seus soldados em seu próprio território e realizar exercícios militares como achasse melhor.

Exercício militar russo leva tanques de guerra para a fronteira com a Ucrânia

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A Ucrânia começou a responder aos exercícios em 10 de fevereiro, dias antes da invasão russa, com drones Bayraktar e mísseis antitanque Javelin e NLAW fornecidos por aliados estrangeiros.

24 de fevereiro

Kiev e Kharkiv, as duas maiores do país, foram atacadas com mísseis e bombas. O aeroporto militar de Hostomel, que fica a cerca de 23 quilômetros da capital Kiev, foi tomado por paraquedistas russos que desceram de 20 helicópteros e 8 aeronaves Mi-8.

Ucranianos dizem que derrubaram helicópteros russos em disputa por aeroporto

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Tropas russas também desembarcaram em Odessa, que fica às margens do Mar Negro, no primeiro dia de ataque.

Rússia invade a Ucrânia: veja como foram as primeiras horas de ataques

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Para Tanguy Baghdadi, professor de relações internacionais, houve uma mudança na estratégia militar russa. “No primeiro momento, nos primeiros dias da invasão, era uma tentativa de fazer uma invasão, sobretudo, com tropas leves. Ou seja, havia uma expectativa, se imaginava a possibilidade, da resistência ser pequena na Ucrânia. Então, com exércitos leves, ele poderia fazer uma conquista que não tivesse muita resistência.”

“Só que a resistência tem um resultado maior do que a se imaginava. Então, de fato, a Rússia agora está mudando a sua estratégia, então ela faz, agora, ataques cada vez mais pesados”, avalia.

Em sua primeira declaração após o início dos ataques, Putin advertiu outros países de que qualquer tentativa de interferir na ação russa levaria a “consequências nunca vistas”. Ele também afirmou que “todas as decisões já foram tomadas” e “os objetivos serão atingidos”.

Putin autoriza operação especial no leste da Ucrânia

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Para Antonio Ramalho, professor de Relações Internacionais da UnB, Putin escolheu atacar num cenário de “desvios de atenção” — entre eles, o fim da era de Angela Merkel como chanceler alemã após 16 anos, uma das lideranças mais importantes da Europa.

“A maioria dos analistas, e os próprios governos, vinham apostando que o Putin teria paciência para estimular, não só as divisões no seio da União Europeia, mas também as divisões internas Ucrânia. Imaginava-se que ele fosse tentar desgastar”, diz.

Ainda no dia 24, Tropas russas também invadiram a Ucrânia a partir de Belarus, país aliado de Putin, e avançaram em direção à região da Zona de Exclusão de Chernobyl, região inabitável desde 1986, quando um dos reatores da usina nuclear explodiu.

O que é Chernobyl e por que a cidade é importante

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A Zona de Exclusão de Chernobyl é ponto de atenção porque está localizada na rota do norte, a mais curta da Rússia para a capital da Ucrânia, e porque se a artilharia do conflito atingir as imediações, há risco de acontecer outro desastre ecológico, segundo alerta do conselheiro do Ministério de Assuntos Internos da Ucrânia.

25 de fevereiro

Uma sirene com alerta de ataque soou na capital Kiev, fazendo com que milhares de pessoas deixassem suas casas em busca de abrigo (até mesmo fora da Ucrânia).

Pessoas assustadas buscam abrigo enquanto o sinal de ataque soa no centro de Kiev

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Após o Ministério da Defesa da Ucrânia pedir à população do distrito de Obolon, próximo à capital Kiev, que preparasse coquetéis molotov para ajudarem no enfrentamento às tropas russas, uma TV do país transmitiu um passo a passo de como fazer. O país também convocou os cidadãos maiores de 60 anos “que estejam mental e fisicamente prontos a resistir e vencer o inimigo”.

26 de fevereiro

Um prédio residencial foi atingido na capital em Kiev. Nas imagens de câmeras de segurança próximas ao local é possível ver o míssil entrando em um apartamento, provocando um clarão e destruindo completamente o imóvel.

Imagens mostram momento em que projétil atinge prédio residencial em Kiev

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Também em Kiev um ataque aéreo russo matou uma criança e feriu cinco pessoas, incluindo três crianças, no hospital infantil Okhmatdyt. Um bombardeio em Donetsk, no leste da Ucrânia, matou 19 civis.

27 de fevereiro

Explosões foram registradas na cidade de Vasylkiv (40 km ao sul de Kiev), onde um entreposto de petróleo teria sido destruído, segundo a imprensa local — a administração da capital recomendou aos moradores que fechassem bem suas janelas para evitar intoxicação pela fumaça.

BBC divulga vídeo de incêndio em refinaria na Ucrânia

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Pela primeira vez, os dois países falaram em negociar. O primeiro encontro aconteceu no dia seguinte.

E Putin deu ordem para que o comando de seu país colocasse as armas nucleares de represália em posição de alerta grave.

Putin coloca forças de controle nuclear russo em alerta

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O maior avião de carga do mundo, o Antonov-225 Mriya, de fabricação ucraniana, foi queimado em um ataque russo ao aeroporto Hostomel, perto de Kiev.

Veja imagens do Antonov-225, maior avião do mundo destruído em ataque russo na Ucrânia

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28 de fevereiro

Comitivas da Ucrânia e da Rússia se encontraram pela primeira vez para negociar a possibilidade de um cessar-fogo, mas sem acordo.

Ucrânia e Rússia se reúnem pela primeira vez para negociar a paz; nova reunião é marcada

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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que assinou um pedido para que a Ucrânia possa integrar a União Europeia. Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que os americanos não devem se preocupar com a guerra nuclear.

1º de março

Segunda maior cidade do país (e que foi a primeira capital da Ucrânia quando a república foi formada dentro da União Soviética), Kharkiv sofreu ataques em pontos estratégicos. Um míssil russo atingiu o prédio da administração regional e Praça da Liberdade ficou coberta de escombros.

Míssil atinge prédio do governo de Kharkiv, na Ucrânia

Míssil atinge prédio do governo de Kharkiv, na Ucrânia

Dias depois de um programa de TV ucraniano ensinar a fazer coquetéis molotov para ajudar no enfrentamento às tropas russas, uma torre de transmissão de Kiev foi atacada. O ataque causou a morte de cinco pessoas e provocou a interrupção da transmissão de canais de TV.

Imagem mostra ataque a TV em Kiev

Imagem mostra ataque a TV em Kiev

2 de março

Kharkiv foi novamente alvo de mísseis que deixaram ao menos 21 mortos e 112 feridos. Um prédio da polícia local desabou.

Incêndio em prédios em Kharkiv

Incêndio em prédios em Kharkiv

A capital, Kiev, vê as tropas inimigas se aproximarem e promete resistência. Mariupol, no sudeste, enfrenta situação dramática após ataques incessantes – os invasores teriam cortado fornecimento de água e estariam impedindo a saída de civis.

3 de março

Kherson foi dominada na principal vitória da Rússia até o momento. A batalha foi intensa, e há estimativas de que até 300 ucranianos, entre civis e militares, tenham morrido. Kherson é uma cidade portuária onde há estaleiros (empresas que constroem navios) na foz do rio Dnieper, perto do Mar Negro. A cidade fica a cerca de 100 quilômetros da Crimeia, a região ucraniana que foi tomada pelos russos em 2014.

Rússia domina cidade de Kherson, ponto estratégico de comércio no Mar Negro

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No oitavo dia de conflitos, as delegações da Rússia e da Ucrânia se encontraram pela segunda vez e concordaram em fazer uma terceira rodada de negociações. Imagens divulgadas pelas autoridades mostram os emissários apertando as mãos – essa foi a primeira vez em que isso foi registrado. Um porta-voz dos emissários ucranianos disse que “houve entendimento” entre as duas nações para a criação de corredores humanitários. Rússia e Ucrânia concordam em fazer uma terceira rodada de negociações.

Entenda o que é corredor humanitário e seu papel na guerra da Ucrânia

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Na contramão de Putin, que faz declarações mais esporádicas, Serguei Lavrov, chefe da diplomacia russa, dá entrevistas e faz aparições públicas com frequência. Ele chegou a participar de conferência na ONU, quando foi boicotado por diplomatas que deixaram a sala durante sua fala. Ele também foi confrontado por uma jornalista: “Como você dorme à noite sabendo que bombas russas matam pessoas?”, questionou a profissional.

"Como você dorme à noite sabendo que bombas russas matam pessoas", pergunta jornalista ao ministro das Relações Exteriores da Rússia

“Como você dorme à noite sabendo que bombas russas matam pessoas”, pergunta jornalista ao ministro das Relações Exteriores da Rússia

4 de março

Um bombardeio russo atingiu a região da central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, localizada no centro da Ucrânia, causando um incêndio. O fogo foi controlado, mas ucranianos não conseguiram evitar a invasão russa. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), não houve mudança nos níveis de radiação. Zaporizhzhia, construída entre 1984 e 1995 e é a maior usina nuclear na Europa e a 9ª do mundo.

Veja momento em que prédio da usina de Zaporizhzhia pega fogo após ataque russo

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Há seis reatores, cada um pode gerar cerca de 950 Megawatts —no total, são cerca de 5,7 Gigawatts (como comparação, a usina hidrelétrica de Itaipu, na fronteira do Brasil com o Paraguai, tem capacidade instalada de 14 Gigawatts).

5 de março

O 10° dia de Guerra na Ucrânia foi marcado por troca de acusações sobre o fracasso no cessar-fogo.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que os corredores humanitários para as pessoas saírem de Mariupol e Volnovakha não funcionaram porque os russos não cumpriram os acordos de cessar-fogo.

A Rússia tinha declarado um “cessar-fogo parcial” de 5 horas, e dito que seu Exército pararia ataques “localizados”. As duas regiões que seriam beneficiadas inicialmente eram Mariupol e Volnovakha, ambas no leste ucraniano.

6 de março

Três pessoas morrem em ataque a rota de fuga de civis perto de Kiev

Três pessoas morrem em ataque a rota de fuga de civis perto de Kiev

Uma nova promessa de cessar-fogo para retirada de civis de Mariupol e Volnovakha foi frustrada pela continuidade dos ataques.

Separatistas pró-Rússia e a Guarda Nacional da Ucrânia trocaram acusações de não respeitar a trégua.

A televisão ucraniana mostrou um soldado do Regimento Azov da Guarda Nacional que disse que as forças russas e pró-russas que cercaram Mariupol continuaram bombardeando áreas que deveriam ser seguras.

Já a agência de notícias Interfax citou um funcionário da administração separatista de Donetsk que acusou as forças ucranianas de não observar o cessar-fogo.

Uma mulher e duas crianças morreram em um ataque de morteiro russo à rota de fuga que os moradores de Irpin, a noroeste de Kiev, estão usando para escapar do avanço das tropas invasoras.

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G1

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