por Marcus Vinícius De Freitas
Publicado em 04/01/2023, às 05h52
A virada do calendário, na noite do dia 31 de dezembro para 1º de janeiro, é mágica. Afinal, naquele momento, esperanças são renovadas para enfrentar os desafios de um novo período no calendário da vida. Para indivíduos, famílias e países, novas metas devem ser estabelecidas. Embora se diga que as Resoluções de Ano Novo tenham vida curta, o fato é de que a autoavaliação e o estabelecimento de objetivos incentivam mudanças de comportamento, ações e estratégias.
À medida que vislumbramos a agenda internacional de 2023, uma série de desafios assumem relevância e devem ser consideradas prioritárias para um país como o Brasil, que deveria, em razão do tamanho de seu peso geoeconômico, assumir um papel de maior protagonismo internacional não em razão das agruras domésticas a serem enfrentadas pelo atual ocupante do Palácio do Planalto, mas sim porque constituem interesse de longo prazo do Brasil. Ao vislumbrarem-se as primeiras ações do atual governo, buscando o retorno a um maior protagonismo, resta saber se estas ações iniciais constituem parte de uma estratégia maior de efetiva modificação e assertividade da Política Externa Brasileira ou se será somente um voo de galinha, já tradicional de outros momentos históricos da diplomacia brasileira.
O fato é que existem três assuntos que merecem maior destaque como preocupações na agenda global que impactarão o Brasil necessariamente. Em primeiro lugar, a questão energética é de enorme relevância. Com a Guerra na Ucrânia se estendendo e a tentativa de isolamento da Rússia como fornecedor de combustíveis fósseis, os preços destes tenderão a elevar-se, com impacto nas cadeias produtivas globais e no preço final ao consumidor. Embora a guerra na Ucrâniaafete muito mais o continente europeu – em razão da proximidade geográfica – esta crise energética na Europa terá cada vez maiores implicações globais.
A Guerra na Ucrânia também preocupa na questão da proliferação de armas nucleares. A Coreia do Norte e o Irã continuam firmes em seus programas de armas nucleares, havendo, no caso da Coreia do Norte, sido realizados uma quantidade substancial de testes para avaliar a crescente capacidade destrutiva. Embora seja um desafio, a ameaça de proliferação com mais detentores de capacidade destrutiva nuclear é uma realidade. Constitui, portanto, uma das preocupações globais o quanto a proliferação de armas nucleares impactará a agenda internacional.
Uma segunda preocupação é relativa ao enorme impacto causado pelo desabastecimento global resultante ainda dos impactos da Covid-19, cuja resiliência persiste e atrapalha uma retomada efetiva da plena atividade econômica global. Com isto, a inflação vem crescendo substancialmente, ao mesmo tempo em que os resultados econômicos domésticos dos países também diminuem. Com isto, a expectativa de uma retomada rápida do crescimento econômico é postergada, principalmente pelo fato de a China, a grande fábrica global, também enfrentar desafios internos que lhe impedem uma retomada completa do seu pleno potencial industrial e de consumo. Esta letargia na retomada das atividades, por parte da China, apresenta uma conta cara para os países, particularmente aqueles em desenvolvimento, cujas capacidades de poupança, inovação e capacidade de resposta são lentas e cuja dependência da fábrica global chinesa não é facilmente substituível.
Em terceiro lugar, as sociedades ocidentais precisam passar por profundas transformações, particularmente nos desafios da consolidação democrática, a fim de se estabelecerem novas formas de melhor governança que representem o anseio da maioria ampla da população, com maior efetividade e eficiência. A democracia ocidental, que sempre foi um processo de constante interação entre governante e governado, transformou-se num produto, apresentado ao eleitor, que, a cada ciclo eleitoral, tem a “liberdade” de escolher um indivíduo pré-selecionado por uma liderança partidária, para conduzir os destinos de um povo por um período. Findo este compromisso na urna, eleitor e eleito distanciam-se abismalmente durante o exercício do mandato. O reencontro ocorrerá quando houver um novo ciclo eleitoral. Para piorar, o eleitor tem uma capacidade mínima de escrutínio sobre o eleito. Pouco se conhece da vida prévia – pessoal e familiar, suas ideias e o que pretende realizar quando eleito. Vota-se no indivíduo, sem levar em consideração mérito, capacidade e compromisso de entrega. E depois, o eleito desaparece. Com isto, o populismo – um dos cancros que sempre esteve presente na América Latina – retomou sua posição de protagonismo, à esquerda e à direita, criando um quadro deteriorado político e poucas perspectivas de melhoria no sistema. Os problemas da representatividade doméstica implicam menor poder na atuação internacional dos países. A falta de apaziguamento doméstico e a polarização política existente em várias sociedades é um um impeditivo de substancial importância para projeção internacional de um país.
Por fim, os governos ocidentais se encontram em encruzilhadas geopolíticas também. O século XXI vem-se caracterizando pelo embate entre Chinae Estados Unidos, com a Rússiadesempenhando um papel secundário, mas relevante de manutenção do poder global. Este embate – que nada mais é do que uma questão estrita de interesses e de domínio do poder no tabuleiro global – tem sido reduzido à questão ideológica de um suposto conflito entre democracias e autocracias. Não há dúvida de que este conflito tenderá a acirrar-se ainda mais nos próximos anos.
Enfim, os desafios são imensos e crescentes. É por este motivo que refletir e repensar estratégias constituem elementos fundamentais para garantir relevância numa nova ordem internacional que se consolida cada vez mais.
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