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"Saudades do Andre Matos". Thiago Bianchi (Noturnall)

Thiago Bianchi - Imagem: Reprodução | Redes Sociais
Thiago Bianchi - Imagem: Reprodução | Redes Sociais
Marcelo Emerson

por Marcelo Emerson

Publicado em 06/07/2023, às 06h16


Na era dos aplicativos de hiper-estimulação das mentes será que uma música ainda consegue despertar alguma emoção? Na sociedade da socialização virtual e da solidão real, nunca é demais lembrar Artur da Távola: "Música é vida interior. E quem tem vida interior nunca padecerá de solidão".
Este colunista trocou ideia com Thiago Bianchi, vocalista da banda Noturnall, por ocasião do lançamento do excelente álbum "Cosmic Redemption".

Em certo ponto da conversa, citei a interpretação que ele deu à música "Stand Away", na entrevista concedida para o podcast Amplifica, do Rafael Bittencourt, fundador e guitarrista da banda Angra e compositor da música mencionada.

Bianchi começa com uma consideração interessante: "Música é a maior máquina do tempo que existe. Ela nos leva quase que instantaneamente a lugares e situações a partir daquele momento em que a gente tem um contato com aquela energia alcançando os nossos ouvidos, que logo alcança o nosso coração e nos coloca em lugares que a gente tem saudades ou momentos incríveis que passamos".
O vocalista (que já passou pelas bandas Karma e Shaman)  pensa um pouco e comenta sua performance em "Stand Away".

"Aquela música me transporta instantaneamente à época que eu estava buscando meu entendimento como ser humano, espiritual, e também como músico e cantor. [...] Eu estudava muito a era do Andre [Matos]." Apenas uma nota do colunista: Andre Matos foi uma das maiores vozes da música brasileira. Começou sua carreira ainda adolescente na banda paulistana de heavy metal Viper ainda nos anos 80. No começo dos 90, juntou-se ao projeto musical de Rafael Bittencourt e deram origem ao Angra, que alcançou nível mundial. Matos saiu da banda para formar o Shaman e, posteriormente, se dedicou à carreira solo. Andre Matos faleceu precocemente na manhã do dia 8 de junho de 2019, de parada cardíaca.

Thiago Bianchi tinha uma relação muito próxima do lendário vocalista.

É Bianchi quem esclarece: "Além de ter conhecido o cara ter uma amizade profunda com ele, que chamava minha mãe de mãezinha. Ele ia ao estúdio e passava horas conversando com ela. A amizade suplantou a admiração puramente musical."

Bianchi fala como tudo isso o impactou emocionalmente:  "Cantar aquela música aquele dia foi muito forte para mim. Eu simplesmente deixei meu coração me guiar. Eu me senti muito conectado à energia do Andre. O mais importante foi a conexão com quem eu queria, que era o Andre [Matos], e estar junto com o cara que escreveu a música do meu lado [Rafael Bittencourt]. O [som do] violão dele entrou no meu coração. As pessoas perceberam isso. Foi algo muito forte para mim".

Aqui cabe perfeitamente a frase do filósofo alemão Arthur Schopenhauer: "A música é feita com a mesma substância da alma e ambas igualmente expressam a razão por trás da existência."

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