por Kleber Carrilho
Publicado em 30/03/2024, às 07h36
Esta semana, as fotos do casamento entre Macron e Lula tomaram conta das transmissões de televisão e do ambiente digital, nos portais de notícias e nos memes das redes sociais. Pouca gente, no entanto, discutiu os motivos da união, que, como diz o título deste texto, foi mesmo puro interesse.
Ambos têm questões internas graves nos seus países para resolver e também pretendem ser vistos como líderes mais fortes no cenário internacional. Entre discordâncias e concordâncias, acharam melhor selar a união e deixá-la clara para todos os públicos.
Macron está vivenciando guinada à direita na França, com um novo primeiro-ministro e a necessidade de rediscutir o Estado de Bem-Estar Social, que parece estar falido. Para isso, tinha que mostrar que podia defender os interesses dos compatriotas na casa do adversário. E isso ele fez: falou mal em alto e bom som do acordo da União Europeia com o Mercosul, que poderia colocar em risco a produção agrícola francesa. Como todos sabem, os agricultores franceses conseguem desestabilizar qualquer governo, e isso Macron precisa evitar.
Do outro lado do altar, Lula tem problemas sérios para conquistar uma estabilidade na avaliação do seu governo, com a sombra de Bolsonaro pairando o tempo todo sobre as suas conquistas, que, embora tímidas, existem. Para se contrapor ao antecessor, receber o seu inimigo com toda pompa pareceu ser o melhor caminho. Afinal, o ex-presidente conseguiu ser visto da pior forma possível na relação com Macron, com os famosos comentários sobre a primeira-dama francesa. O presidente brasileiro seguiu a máxima de que, se é inimigo do meu inimigo, é meu amigo.
Para os públicos externos, Macron precisa se afirmar como o principal líder da União Europeia, dada a fragilidade da liderança alemã no bloco, desde que Merkel deixou Scholz em seu lugar. Falar extra-oficialmente em nome de todos contra o acordo com o Mercosul, mostrar influência na Amazônia e estar próximo de um líder que é visto pela comunidade internacional como aliado de Putin demonstram que o presidente francês está pronto para ser o representante da Europa em tempos tão desafiantes.
Lula, que já consegue ser o principal líder da América Latina, ao mostrar que pode não estar tão alinhado com os BRICS, reafirma o compromisso histórico de ter boas relações com a Europa, sem precisar se colocar como dependente do Velho Continente. Para afirmar isso de forma clara, teceu críticas a Maduro, que tenta a todo custo não correr riscos nas próximas eleições.
Neste jogo de sedução, com uma mentirinha aqui, uma cutucadinha ali, o casamento aconteceu nas fotos, com juras de amor, mas com divisão de bens. Afinal, de verdade, além dos sorrisos, nenhum grande acordo foi assinado. Somente trocas de presentes e homenagens, que incluíram até a primeira-dama entre os legionários de honra franceses.
Se o casamento vai durar? Claro que sim! Mas vai ser com muita traição de ambos os lados.
Leia também
Mãe denuncia estupro coletivo contra filha de 13 anos
Suposto vídeo de Mel Maia fazendo sexo com traficante cai na rede e atriz se manifesta
Vila Mariana vira modelo de segurança em São Paulo com o programa Vizinhança Solidária
ONLYFANS - 7 famosas que entraram na rede de conteúdo adulto para ganhar dinheiro!
Tucanos de alta plumagem rejeitam Datena e querem apoio a Ricardo Nunes
Céline Dion encerra a abertura das Olimpíadas de Paris
Saiba quem foram os três porta-bandeiras do Brasil nas Olimpíadas de Paris
Lençóis Maranhenses viram Patrimônio da Humanidade; entenda
Prouni: inscrições para segundo semestre de 2024 encerram nesta sexta
Ataque na França marca o dia de abertura das Olimpíadas