Kleber Carrilho Publicado em 13/08/2022, às 09h37
Na próxima semana, a campanha eleitoral começa no Brasil. Tem gente que vai preferir se isolar do mundo, não olhar para a televisão, esquecer que os portais de notícias existem e evitar ao máximo as redes sociais.
Outros vão estar mais ativos do que nunca, lendo cada novidade, acompanhando as pesquisas, querendo saber se dá para antecipar algum resultado. Vão discutir nas redes, nos almoços de família, com os colegas do trabalho, colocando em risco até mesmo o próprio emprego.
De que lado você está? Vai se envolver nas campanhas, pedir votos, argumentar nas redes e nos espaços de interação social? Ou vai tentar ficar calado, vendo séries, lendo livros sem nenhuma relação com a política, evitando falar sobre qualquer uma das lideranças que estão disputando as eleições?
Desde que me entendo como gente, lá pelos meus quatro ou cinco anos, tenho tido o primeiro perfil. Minhas primeiras lembranças são de campanhas eleitorais, de colecionar santinhos, broches e outros brindes, que na década de 1980 eram muito importantes nos processos eleitorais, para convencer ou “comprar” as pessoas.
Lembro-me de ir sempre votar com o meu pai e com a minha mãe, e de ter muitas vezes feito o X em frente ao nome dos candidatos das majoritárias nas células. Quando ainda não podia ainda votar, também me recordo de ter influenciado o voto deles, tentando dizer por que um candidatoera melhor do que o outro.
Não consegui evitar os votos do meu pai no Paulo Maluf, porque, para quem trabalhou com construção civil a vida inteira, o ex-prefeito e ex-governador era sinônimo de grandes obras, de empregos e de valorização dos salários nessa área.
Da minha mãe, também não consegui tirar até hoje a ideia de querer votar em quem vai perder, “para não se sentir culpada pelas bobagens que fazem”. E, mesmo quando vota em quem ganha, ela continua dizendo: “Não votei nesse aí não!”
Este ano, o mais provável é que pela primeira vez eu não vote. Desde que tive o direito de comparecer às urnas, estive sempre na escola em que estudei até a quinta série do Primeiro Grau (como se chamava na época o Ensino Fundamental) para escolher quem eu queria para me representar e para governar.
Porém, mesmo de longe, continuo analisando o que ocorre na vida política brasileira. E talvez com um olhar privilegiado, sem ser diretamente colocado no calor das discussões, conseguindo dar conta, pela leitura da imprensa e pela observação das pesquisas e das redes, daquilo que não conseguiria se estivesse por aí.
E, neste momento, temo pelo Brasil, pelas pessoas que gosto, pelas lideranças que admiro e que gostaria que tivessem destaque. Porque o Brasil, visto de perto ou de longe, virou um barril de pólvora, com gente querendo explodir (intencionalmente ou não) a todo o momento.
Na próxima semana, a campanha começa. Espero muito que todos sobrevivam, principalmente a democracia.
Kleber Carrilho é professor, analista político e doutor em Comunicação Social
Instagram: @KleberCarrilho
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