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Moro

Não podemos nos esquecer de Moro

Não podemos nos esquecer de Moro - Imagem: reprodução grupo bom dia
Não podemos nos esquecer de Moro - Imagem: reprodução grupo bom dia

Kleber Carrilho Publicado em 24/09/2022, às 11h44


Mesmo que você não goste do ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro, tem que reconhecer que muito do que está acontecendo nas eleições deste ano foi determinado por ele. Isso mesmo! Se não fossem as condenações da Lava Jato, a curta carreira como Ministro da Justiça e a pré-candidatura à Presidência que não decolou, viveríamos outros momentos. Por isso, o nome dele está inscrito na História do Brasil.

Mas como essa parte da História será lembrada? É difícil saber, afinal, Moro é um personagem complexo. A princípio, visto como gênio, deu mostras claras de que inteligência (pelo menos política) não é com ele.

Também a ideia de que era honesto, probo e leal pode ser questionada. Deixou na mão todas as pessoas que apostaram nele, arranjou recursos financeiros muito mais rapidamente do que pessoas com carreiras mais notáveis (no Direito e fora dele) e, desde que se aproximou do ambiente político, colecionou traições (no papel de traidor, é claro!).

Como diversos já disseram, inclusive o finado Leonel Brizola, “a política ama a traição, mas odeia o traidor”. Se isso se confirmar mais uma vez, Moro não vai passar de um vexame na corrida pelo Senado no Paraná. Embora algumas pesquisas digam que ele ameaça o ex-parceiro e padrinho Álvaro Dias, é provável que o velho líder confirme a sua permanência na Câmara Alta.

Em São Paulo, lar da esposa do ex-ministro, a campanha de Moro pode levar Rosângela ao cargo de deputada federal, principalmente porque ainda há, por aqui, um fã-clube do ex-juiz de Curitiba, que até tentou provar que morava em terras bandeirantes.

Mas o caminho está dado. Raramente Moro sobreviverá por muito tempo, o que faz com que tenhamos que nos questionar como foi possível que um personagem tão ruim pode ter roubado a cena política do país.

Será que as instituições democráticas são tão frágeis que um juiz de primeira instância tem a capacidade de se tornar herói da pátria e influenciar nos resultados eleitorais?

Ou somos mesmos tão carentes de referências que qualquer um que tente representar um grande líder pode nos enganar?

São reflexões necessárias antes de ir às urnas na próxima semana. Afinal, se continuarmos a agir como crianças que acreditam em fadas, bruxas, pastores e juízes, com certeza teremos ainda muito trabalho para manter a democracia.

Kleber Carrilho é professor, analista político e doutor em Comunicação Social

Instagram: @KleberCarrilho

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