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A vitória de Trump e a direita brasileira

Donald Trump. - Imagem: Divulgação / Seth Wenig/AP
Donald Trump. - Imagem: Divulgação / Seth Wenig/AP
Kleber Carrilho

por Kleber Carrilho

Publicado em 20/01/2024, às 07h37


Nesta semana, uma das notícias importantes no cenário internacional foi a vitória fácil do ex-presidente Donald Trump dos Estados Unidos nas primárias (caucus) do estado de Iowa. Essas primárias são necessárias para a definição de quem vai ser o candidato do Partido Republicano à sucessão de Joe Biden.

Quando a gente olha para a vitória, ela não é representativa em termos numéricos, porque o estado de Iowa não tem peso na convenção do Partido que vai definir o candidato. No entanto, por ser o primeiro teste, ela dá o clima, o ritmo da escolha dos eleitores à direita. E Trump foi muito bem, conseguiu uma vitória essencial para a continuidade da campanha e dos ataques aos adversários.

Isso faz com que a gente fique pensando se essa vitória, e uma possível confirmação dele pelo Partido Republicano para ser o candidato, não pode trazer aos holofotes para direita brasileira, que está desorganizada desde o fim do governo de Jair Bolsonaro.

E acredito que sim, uma vitória de Trump dentro do Partido Republicano, e mais especificamente na eleição presidencial (se ele for reconduzido à Casa Branca), vai fazer com que a direita no mundo todo tenha uma sobrevida ou uma melhora das condições de concorrência. E, no Brasil, isso pode acontecer desde que a direita consiga se reunir em torno de um nome.

Como todos sabemos, há um grande problema na sucessão de Bolsonaro como liderança de oposição. E isso fica muito claro quando a gente vê que ele ainda continua sendo a principal referência para parte dos eleitores, em geral, os mais radicais. Enquanto isso, alguns outros nomes têm tentado conquistar outra parte dos eleitores, mais próximos do centro.

Seja escolhido o governador de Minas, Romeu Zema, seja o governador de São Paulo, Tarciso de Freitas, ou mesmo outro nome, o que é fundamental para a direita neste momento é a reorganização.

Com uma vitória de Trump, isso pode ser facilitado, desde que a decisão pelo principal nome a ser apresentado em 2026 como candidato a presidente comece a ser comunicado agora. Sem a confirmação da vitória de Trump, fica mais difícil, mas, mesmo assim, é fundamental para essa direita que se defina um caminho claro.

Fica evidente que, quando a gente observa o cenário, parece que Tarcísio de Freitas acertou o caminho da comunicação. Tem tido um discurso mais maleável, mais tranquilo, para tentar reconquistar uma parte da classe média, principalmente paulista, que deixou Bolsonaro quando ele insistiu em alguns discursos muito radicais e, às vezes, pouco racionais.

Portanto, a gente precisa ficar de olho. A direita vai conseguir se reorganizar? Porque 2026 está aí e as eleições deste ano também. Ganhar eleições municipais é fundamental para que haja força na corrida presidencial.

E, sem um grande nome, a direita brasileira vai entregar de bandeja a reeleição ao presidente Lula.

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