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Seja eterno!

Pelé. - Imagem: Divulgação / /ANSA Brasil
Pelé. - Imagem: Divulgação / /ANSA Brasil
Fernanda Trigueiro

por Fernanda Trigueiro

Publicado em 06/01/2023, às 07h35


A morte é a única certeza da vida, mas mesmo assim se despedir nunca é fácil. Quando a pessoa tem idade avançada ou está com um quadro grave de saúde, os mais próximos começam a se preparar. Sempre é o melhor a fazer. Mesmo assim quando a hora chega é difícil.

Pelo amor, sabemos que o mais prudente é poupar o sofrimentode quem vai partir, mas ao mesmo tempo um lado nosso quer sempre um pouco mais. Mais umas horas, uns dias e quem sabe uma nova chance.

Andei reflexiva essa semana por conta da morte do Pelé. Mais uma cobertura difícil, mas nesta eu senti algo incomum. Apesar de ser um adeus, não tinha aquele peso da morte. As pessoas em Santos lamentavam, é claro, mas reverenciavam o legado do Rei.

Ao entrevistar os amigos do atleta e colegas de clube, a sensação era de saudosismo. Eles contavam casos, relembravam histórias e depois saiam com os olhos brilhando. Eram lágrimas, mas não de dor.

"Foi-se Edson Arantes do Nascimento, fica Pelé", a frase era repetida em todos os cantos da Vila Belmiro por quem teve a honra de ver Pelé jogando ou por quem anos mais tarde o assistiu em videos e filmes. Um dos filhos do jogador declarou que sempre soube que o pai não era dele, que o pai era do mundo e que um dia seria eternizado.

A família sabe da importância de Pelé e por isso dividiu este momento com os fãs. Santistas, corinthianos, flamenguistas, palmeirense... todos reunidos por uma mesma camisa, a 10. Brasileiros, europeus, americanos e até argentinos, o mundo todo homenageando o cara que fez do futebol mais que um esporte. O futebol de Pelé uniu nações.

Quem morre sempre vai deixar um pouco de si. Se você já perdeu algum ente querido sabe que algo te remete a ele. Seja uma música, um lugar, um aroma... memórias afetivas que te fazem se sentir pertinho de quem parece estar tão longe. A morte sempre será uma perda e por isso sempre vai doer. Mas cabe a cada um escolher se entregar para o sofrimento ou recordar com aquela saudade gostosa e gratidão.

Ninguém será Pelé. Ele tinha uma grandiosa missão, mas cada um tem a sua. Por isso seja lá qual ela for, faça com amor e com entrega assim como ele fez. Você também deixará a sua sementinha. Ela vai crescer e os frutos ficarão para inspirar quem fica. E assim um dia você também poderá ser eterno na memória e no coração de quem está ao seu lado.

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