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On-line x Off-line

Imagem: Freepik
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Fernanda Trigueiro

por Fernanda Trigueiro

Publicado em 09/06/2023, às 07h02


O texto desta sexta-feira, pós-feriado, é um desabafo. Peço licença aos meus leitores por isso. Mas quem sabe vocês também podem se encontrar nessas linhas. Nos últimos dias, eu ando com um incômodo. Tenho a sensação que estou perdendo tempo. E não é porque estou naquela ditadura de ser produtiva em tempo integral. Mas sinto que a semana passa e coisas que eu gostaria de ter feito ficaram de fora por uma única razão: o celular. Com o aparelho nas mãos, os minutos voam e quando eu vi foi uma e até duas horas do meu dia.

Era apenas um vídeo, que me levou pra outro e aí vi uma foto, que me fez olhar os comentários. Fui indo, indo e chego até ao perfil de uma pessoa que nem sei quem é. E ela está usando uma roupa legal. Acho a loja, vejo o site, me interesso por outros produtos e assim vai... muitas vezes, nem compro nada, mas já fucei em tudo e não cheguei a lugar nenhum. Fico conectada em vez de acabar de ler meu livro, de assistir um filme, organizar meu armário, conversar com gente real ou mesmo dormir.

Falando em sono, este é um outro problema. Enquanto especialistas pedem que a gente fique off-line duas horas antes de deitar, ainda me pego na cama mexendo no celular. Muitas vezes é a hora que mais me distraio nas redes sociais. Assim como a hora de comer. Odeio fazer as refeições com o celular por perto, porque aí é a desculpa que preciso. Respondo mensagens, deixo os stories rolando e vou na inércia comendo e vendo a tela. Quando me dou conta, o prato está vazio e não foquei na alimentação, que é tão importante.

O celular é tipo uma praga, um vírus ou um vício? É só olhar pro lado. Quanta gente passa por você e parece estar hipnotizada ali? Se ainda te resta dúvidas, há pesquisas e estudos. Um levantamento do Electronics Hub concluiu que das 16 horas do dia que nós, brasileiros, passamos acordados(considerando uma noite de sono de 8 horas), gastamos 9 horas e 32 minutos no smartphone ou no computador. Ou seja, cerca de 57% do nosso tempo. E se não estamos trabalhando, estamos fazendo o quê?

Sem o papo capitalista que "time is money", seu tempo é seu e cada um deveria usar da melhor forma. Se pra você as redes sociais são distração e te fazem bem, tudo certo.Mas se você assim como eu está incomodado com isso, temos que fazer alguma coisa. Percebi que este excesso de informação me cansa. E sem demonizar o tal dispositivo, a culpa a minha.

Vivemos imersos no mundo digital, não dá mais pra viver sem celular. A tecnologia, o acesso à informação e a facilidade em se comunicar são e sempre serão avanços importantes para a humanidade. Celular não é moda, estará para sempre com a gente. Por isso, não dá pra condená-lo. O problema está no mal uso. Cabe a cada um de nós colocar limites e rever as nossas prioridades. Para este fim de semana, me comprometi a encontrar o equilíbrio entre estar on e estar off. Porque neste caso,a criatura não pode jamais superar e dominar os criadores.

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