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Opinião: Por que LeBron James é o maior de todos os tempos

O debate sobre o melhor de todos os tempos da NBA - e do basquete, por consequência - não é feito para ter um fim. É entretenimento, exercício subjetivo para

LEBRON
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Redação Publicado em 06/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h43


Comparação com Michael Jordan, no entanto, só teria um desfecho se James ganhasse mais dois títulos

O debate sobre o melhor de todos os tempos da NBA – e do basquete, por consequência – não é feito para ter um fim. É entretenimento, exercício subjetivo para além da objetividade estatística, expressão dos valores e afetos de quem avalia, dada a quantidade de variáveis de análise. Há certo consenso de que a disputa está posta entre LeBron James e Michael Jordan. Mas a possibilidade de que LeBron seja maior do que Jordan é assunto sobre o qual só recentemente imprensa e comunidade da liga em geral aceitaram conversar.

Mas não deveria ter sido assim. Pelo menos desde o título de 2016, contra o Golden State Warriors recordista de vitórias na temporada regular (73), LeBron reúne provas suficientes de que é capaz de hackear qualquer sistema, qualquer supertime, e que é comparável a qualquer jogador que quicou uma bola de basquete.

A dinastia Warriors, com cinco títulos seguidos da Conferência Oeste, uma equipe revolucionária, que transformou o esporte, só foi parada por dois fenômenos: as lesões, em 2019, e LeBron James, em 2016. Qual dinastia Michael Jordan derrubou? Que transformação revolucionária ele foi capaz de enfrentar, se reinventar e vencer?

Se, na superficialidade do número de títulos, são seis a quatro para Jordan, basta um degrau de profundidade para contar dez finais de NBA para James – sendo oito consecutivas – contra seis do astro do Chicago Bulls. O feito foi alcançado por três times em quatro sequências de tempo diferentes.

LeBron foi exposto a situações tão distintas quanto levar uma franquia de um mercado pequeno pela primeira vez a uma final (Cleveland Cavaliers em 2007) até disputar e conquistar o título pelo Los Angeles Lakers na bolha de 2020, no meio de uma pandemia. Liderar times de estrelas, como nos anos de Miami Heat, até levar nas costas equipes frágeis e desfalcadas, como os Cavaliers em 2018. Há quem acredite que ele será apontado melhor da história por consenso se vencer mais dois títulos. Neste caso, teria ido a 12 finais, o dobro de Jordan. Por que a exigência duplicada?

Enquanto que Michael Jordan foi creditado como shooting guard, posição 2 do basquete, por todas as suas 15 temporadas na NBA, LeBron James só não foi creditado na posição 5, de pivô, nos seus 17 anos até agora, apesar de ter atuado na função por diversos momentos da carreira, quando seu time apostava em formações mais baixas. A maior versatilidade é inegável. Da mesma forma, a inteligência e visão de jogo, expressada nos melhores números em assistências, e a capacidade de tornar seus companheiros mais eficientes, são reconhecidas até pelo mais jordanista dos amantes da bola ao cesto.

James nunca teve um Phil Jackson para definir estratégias de fora para dentro. A estratégia sempre foi LeBron James, a definição maior do “técnico dentro de quadra”, com pitadas de sabedoria defensiva e inteligência de rotação de Erik Spoelstra e Frank Vogel. Outros menos cotados, como Mike Brown e Ty Lue, levaram a fama de receber ordens de quem realmente mandava.

Michael Jordan foi o símbolo da NBA do século XX, um basquete mais hierárquico, individualista, com uma fórmula de jogo única e com cumpridores de papéis específicos – alguém lembra do triângulo? Um esporte afeito a heróis, que têm as bolas da vitória sempre em suas mãos. Um esporte analógico, sem a capacidade de análise de dados do mundo digital do século XXI, que James teve à disposição. Seu último grande representante foi Kobe Bryant, uma emulação de Michael Jordan em cada detalhe.

LeBron James não é reproduzível. Com a combinação do físico avantajado, conquistado ao longo da carreira, e agilidade de jogadores leves, bebeu na fonte de Jordan e Kobe, mas agregou a seu jogo também a habilidade e serenidade de Tim Duncan, e a força mental de Kevin Garnett. A inteligência dos melhores passadores com o corpo dominante dos reboteiros e as mãos rápidas dos ladrões de bola. A horizontalidade do San Antonio Spurs de Greg Popovich, com a versatilidade e o basquete total dos Warriors de Steve Kerr.

James é o melhor de uma era em que a transformação é permanente, e o que conta é a capacidade de aprender, não necessariamente de repetir à exaustão um movimento ou treino específico (The Last Dance, Mamba Mentality, alguém?). Uma era de preparação física sem precedente. De competitividade a nível global – havia muito menos jogadores internacionais na época de Jordan. Camadas de complexidade foram acrescidas, ao jogo e à vida. Michael Jordan está contido em LeBron James, mas LeBron James jamais caberia em Michael Jordan.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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