"Não quero indenização, quero prisão", diz mulher que acusa Daniel Alves de estupro

Ester García López, advogada da jovem de 23 anos que acusou o jogador brasileiro Daniel Alves falou pela primeira vez na imprensa a respeito do caso envolvendo o atleta. A profissional deu uma entrevista onde relatou como está o processo no qual Dani Alves é acusado.

Em uma conversa exclusiva com o UOL, a advogada de defesa da jovem que acusa o ex-lateral do Barcelona de agressão sexual e estupro relatou que a cliente não consegue dormir desde que o caso veio a público.

Durante a entrevista, a advogada ressaltou que em um processo como esse é direito da vítima receber um valor simbólico do réu para custear danos causados pelo trauma. No entanto, a jovem optou por não solicitar o direito à indenização.

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"Ela me olhou e disse: 'Ester, eu tenho a sorte de ter boas condições de vida, e não quero indenização, quero prisão'. Ela foi muito taxativa nisso, e isso me impactou. Eu disse 'eu sei, mas você tem direito a indenização, porque houve lesões físicas, e vai haver sequelas, danos morais'. E ela insistiu, disse: 'Não quero dinheiro'. A frase dela foi: 'Se tiver dinheiro de indenização envolvido, eu não vou contratar você'", relatou a advogada.

López também comentou sobre a preferência da cliente em abrir mão da indenização estar sendo repercutida como uma estratégia judicial para obter mais credibilidade no processo.

"Quando a juíza perguntou se ela pediria indenização, ela disse que não. A juíza insistiu, dizendo que ela tem direito de pedir essa indenização. E minha cliente disse de uma forma muito firme que não queria dinheiro, que queria justiça. Disse exatamente assim. Lamentavelmente, muitos meios de comunicação estão dizendo que é uma estratégia. São estereótipos, como sempre: que se ela não pedir indenização teria mais credibilidade. Não, ao contrário: eu insisti que ela tinha direito. Mas temos que respeitar a decisão dela", acrescentou.

A advogada da jovem de 23 anos também afirmou que, no momento, a vítima passa por diversos tratamentos com medicamentos, inclusive para acompanhar a evolução de possíveis infecções sexualmente transmissíveis, uma vez que no ato sexual não houve o uso de preservativos:

"Ela está recebendo apoio psicológico através de uma entidade pública, especializada em tratar vítimas de violência. O Hospital Clínic prescreveu todo um tratamento dirigido a evitar qualquer tipo de doença infectocontagiosa, porque não foi utilizado nenhum preservativo. Ela também tem um tratamento farmacológico com ansiolíticos para poder dormir, mas me disse que não consegue dormir desde o depoimento".

Ester García López afirmou que a prioridade no momento é manter a cliente fora da mídia para que ela possa se recuperar do trauma e seguir os próximos passos do processo.

"Estamos tentando, também, que ela fique o mais afastada possível de meios de comunicação, que não veja TV ou escute nada, para não se abalar, mas é difícil. O caso está em todas as TVs por ele ser o personagem que é. Há estupros toda semana, mas não tem essa repercussão. O medo dela é ser identificada em algum momento. Isso ela quer evitar a todo custo".

Daniel Alves está preso na Espanhadesde a última sexta-feira (20) acusado de estupro e agressão sexual. O caso aconteceu em uma boate de luxo de Barcelona e o jogador teria forçado uma jovem a ter relações sexuais com ele no banheiro do estabelecimento.

O caso segue sendo investigado e o ex-lateral da seleção da brasileira teve a prisão preventiva decretada sem direito ao pagamento de fiança. Caso seja condenado, ele pode pegar até 12 anos de prisão pelo crime.