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Jardine cita “postura de jogador de Seleção” ao explicar ausência de Lyanco e convocações para a zaga

O técnico da Seleção olímpica masculina de futebol, André Jardine, explicou nesta sexta-feira as suas escolhas para a defesa da equipe e falou pela primeira

JARDINE
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Redação Publicado em 09/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h53


Treinador destacou presença de Bruno Fuchs e Ricardo Graça na campanha até as Olimpíadas

O técnico da Seleção olímpica masculina de futebol, André Jardine, explicou nesta sexta-feira as suas escolhas para a defesa da equipe e falou pela primeira vez sobre as críticas do zagueiro Lyanco a uma convocação dele, em rede social.

Em maio, quando Jardine divulgou os jogadores que disputariam amistosos, Lyanco fez diversas críticas na página da CBF no Instagram e depois as apagou. O zagueiro do Torino, da Itália, chegou a participar desse ciclo olímpico, inclusive como capitão, mas ficou fora dos Jogos no Japão.

Nos últimos dias, Jardine convocou dois novos zagueiros para a Seleção: Bruno Fuchs e Ricardo Graça. O primeiro não atua há 10 meses, por conta de uma lesão. Já o segundo, tem sido reserva do Vasco na Série B. Eles foram chamados após a ampliação da lista de inscritos nas Olimpíadas e do corte de Gabriel Magalhães, machucado.

– A situação do Lyanco envolve muito o Torino, que foi um clube que nesse processo olímpico, especialmente no Pré-Olímpico, dificultou bastante as situações, inclusive do Lyanco. A liberação dele foi muito discutida, foi muito difícil para o Pré-Olímpico. Ele também vinha de lesão, mas acredito que ele teria condições de se recuperar a tempo. Já naquele momento o Torino foi duro e não cedeu em momento nenhum. O Brenner, que é um zagueiro também do Torino, sempre esteve no nosso radar, mas sempre envolveu essa dificuldade com o clube, que é natural em alguns clubes. Infelizmente, eles não valorizam as Olimpíadas. Claro que estamos sempre avaliando as posturas dos jogadores em todos os cenários. Não só no campo, são só tecnicamente, mas tudo que envolve a postura que a gente acredita ser a ideal de um jogador para a Seleção. A gente leva tudo em consideração – declarou Jardine, que prosseguiu:

– Mas realmente pesou na convocação tudo que o Graça fez. Volto a dizer que ele foi um jogador muito importante no Pré-Olímpico, que se mostrou capaz de resolver no momento mais difícil, contra o principal adversário (Argentina), assim como o Fuchs. Mesmo sabendo que ele vem desse tempo inativo, nós apostamos muito. E no caso dele, ele foi um jogador que já foi para a Europa negociando sua liberação para as Olimpíadas, e isso foi muito importante. Quando tivemos a possibilidade de convocar mais quatro jogadores, também tínhamos que agir rápido, sem muito tempo para negociações, e os jogadores que já tinham essa situação acordada, ajudaram. No caso do Fuchs, a gente pensa que vamos conseguir condicionar ele, já que foi um jogador que chegou rapidamente. Vamos ter 20 dias até a estreia, e acreditamos que vamos poder condicionar muito bem, porque é um jogador muito inteligente, com condição técnica muito grande, e a gente fica muito satisfeito com o quarteto de zagueiros que convocamos – comentou Jardine.

Jardine detalhou melhor a situação de Ricardo Graça, que participou do Torneio Pré-Olímpico, em 2020, na Colômbia:

– É uma felicidade poder premiar um jogador que foi em com a gente no Pré-Olímpico. Foi acionado talvez no período mais crítico da competição, no jogo mais importante que a gente teve, diante do nosso maior adversário, em um clássico que valia muito para a gente, e de uma grande resposta. Mostrou personalidade, se adaptou muito rápido à nossa maneira de jogar, é muito querido por todos os atletas. A convocação dele premia o trabalho que ele teve aqui com a gente, mas também o trabalho dele no Vasco. É um jogador que não tem sido titular o tempo todo, mas joga muito bem quando acionado. A gente nunca deixou de prestar atenção nele, e foi com muita satisfação que a gente o convocou. Temos certeza que vai dar conta do recado mais uma vez.

Além da dupla citada, Jardine também conta com os zagueiros Diego Carlos, do Sevilla, e Nino, do Fluminense.

Graça se apresenta nesta sexta-feira à Seleção, e Jardine passará a contar com 18 jogadores. No sábado, a delegação canarinho embarca para a Sérvia, onde terminará a preparação para as Olimpíadas

No dia 15, o Brasil disputará amistoso contra os Emirados Árabes. A estreia nos Jogos do Japão será dia 22, contra a Alemanha, em Yokohama.

André Jardine, técnico da seleção olímpica, durante treinamento — Foto: Mauro Galvão / CBF

André Jardine, técnico da seleção olímpica, durante treinamento — Foto: Mauro Galvão / CBF

Veja outros trechos da entrevista de André Jardine:

Mudanças de rota

– A gente está tendo esses imprevistos, mas não somos só nós. As seleções estão sofrendo um pouco com esse momento. Mas eu acho que para a gente vai ficar melhor, porque a gente consegue fazer essa quebra de fuso, que era a ideia central, indo para o Catar, para poder ter uma adaptação gradativa ao fuso, que é pesado. No Japão, que é de 12 horas, leva de três a quatro dias para os jogadores poderem treinar no seu melhor, poderem realmente adaptar aos seus horários. A CBF agiu rápido e encontrou a solução em um país que a gente acabou de estar, então as condições são boas, com hotel bom, estrutura de treino boa, temperatura parecida com a que a gente vai enfrentar no Japão. O fuso nos permite fazer a adaptação em dois momentos. Praticamente a metade do fuso na Sérvia e, depois, uma segunda adaptação de seis horas indo para o Japão.

Richarlison

– O Richarlison traz um peso ainda maior para a nossa seleção. É um jogador de seleção principal, hoje titular, e que talvez a gente imaginasse que seria bastante difícil a liberação pelo Everton, até por essa situação de ele estar jogando praticamente todos os jogos da Copa América. Mas ele sempre demonstrou esse desejo de jogar as Olimpíadas, e a gente tinha essa carta na manga, contando com o desejo do jogador. A partir do corte do Pedro, na minha cabeça veio o nome dele. A gente tinha no mínimo que tentar a liberação, sabendo que seria difícil. Houve o primeiro contato, inclusive agradeço à ajuda da comissão da seleção principal, que foi responsável por conversar com ele primeiro e sentir como seria a situação. Ele se mostrou pronto para expressar o desejo ao Everton. Foi um gatilho e um desfecho muito rápido. Ele fez as ligações que precisava fazer, demonstrou muita força no seu desejo, e o Everton foi parceiro do jogador, entendendo o desejo a importância para ele. Ganhamos um jogador de seleção principal no nosso elenco, o que com certeza nos deixa mais forte.

Opções táticas

– O Richarlison acaba nos entregando algumas situações que vamos poder usar, sendo diferente até do que a gente usava, por ser um atacante que joga tanto pelos lados quanto por dentro. Parecido até com o Matheus Cunha, o que nos permite jogar dois atacantes na frente, ou jogando com ele pelo lado em alguns jogos. Enfim, dentro do repertório tático que temos, estamos trabalhando períodos diferentes do treino e ir discutindo, enriquecendo tudo aquilo que podemos fazer nas Olimpíadas. Então, com certeza vocês verão equipes do Brasil, de um jogo para outro, muitas vezes diferentes, porque vamos querer explorar toda essa capacidade tática que o elenco nos entrega.

Favoritas

– A gente ainda está se situando, em relação aos elencos. Algumas convocações surpreenderam bastante. A Espanha acabou formando uma seleção bastante forte, pelos nomes. Vamos ver se eles vão conseguir transformar esses nomes convocados em uma equipe muito forte, mas a tendência é que sim. A própria França convocou jogadores acima da idade com bastante peso e experiência. A Alemanha, não por estar no nosso grupo, mas é uma seleção que vem com uma equipe muito forte, com uma base que acabou de conquistar a Eurocopa (sub-21). O Japão talvez seja o país que tenha iniciado primeiro a preparação para os Jogos Olímpicos, lá atrás, com uma seleção bastante qualificada, e se apoio também em alguns jogadores da seleção principal para tornar a equipe ainda mais forte do que aquela equipe que enfrentamos duas vezes no processo. A Coreia é uma equipe que pode surpreender. Enfrentamos, tem jogadores muito talentosos, muito rápidos, e uma equipe competitiva. Talvez eu falasse de outros, mas me parece que essas seleções, sem esquecer a Argentina, que sempre tem uma equipe muito forte. E vamos ver quem é que pode nos surpreender, porque as Olimpíadas tem sido uma competição, assim como a Copa, em que surge uma equipe não tão badalada, mas muitas vezes encontra uma maneira de jogar e acaba surpreendendo a Todos. Vamos estar atentos a todos, respeitando todo mundo, mas fazendo muita força para que o Brasil se imponha e mostre sua força.

Análise do elenco

– Esses problemas de liberação, corte e de não conseguir todos os jogadores idealizados, não é o problema só da seleção brasileira. Estamos podendo acompanhar as listas de todas as seleções. A gente tinha o mapa de todas elas, e estamos vendo que muitas estão tendo problemas, muitos jogadores ausentes na lista, jogadores importantes. A Alemanha está viajando apenas com 19 jogadores, possivelmente porque teve algumas negativas. Jogadores importantes que acabaram de ser campeões europeus sub-21 não jogarão as Olimpíadas, porque os clubes não liberaram. É um cenário que vale para todos. O que nos cabe é adaptar rápido ao cenário, preparar da melhor maneira, condicionar nossos jogadores. Temos um elenco muito forte e vamos ter tempo para condicionar os jogadores para fazer uma grande estreia contra a Alemanha.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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