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Crime

Caso Daniel Alves: defesa alega que jovem não foi estuprada porque estava "lubrificada"

O crime cometido pelo jogador ganhou novos capítulos recentemente

Em depoimento para a Justiça espanhola, a defesa do jogador alegou que a relação sexual entre os dois teria sido consensual - Imagem: reprodução/Twitter @portalR7
Em depoimento para a Justiça espanhola, a defesa do jogador alegou que a relação sexual entre os dois teria sido consensual - Imagem: reprodução/Twitter @portalR7

Thais Bueno Publicado em 03/03/2023, às 16h57


Aos poucos, a situação de Daniel Alves vai se complicando. Preso na Espanha acusado de ter estuprado uma mulher de 23 anos na noite de 30 de dezembro de 2022, o caso do atleta ganhou um novo capítulo recentemente. 

Em depoimento para a Justiça espanhola, a defesa do jogador alegou que a relação sexual entre os dois teria sido consensual - de forma que os dois queriam o contato. Isso porque, segundo eles, a vítima estaria lubrificada durante o sexo.

O advogado que defende Alves, Cristóbal Martell, se baseou em um relatório médico que foi feito no Hospital Clínic, centro de saúde onde a vítima foi atendida logo após o abuso sexual, para conseguir utilizar o argumento no processo de defesa.

Essa é uma abordagem utilizada em casos de agressão sexual com a qual os médicos não concordam e, inclusive, condenam. 

De acordo com informações do colunista Leo Dias, do Metrópoles, no documento referente ao caso, os advogados de defesa afirmam os profissionais da saúde não identificaram lesões compatíveis com abuso sexual ou lesões vaginais típicas de relações sexuais secas.

Em entrevista ao jornal O Globo, Marianne Pinotti, ginecologista e médica do grupo de cirurgia oncológica da Beneficência Portuguesa, em SP, comentou o seguinte: "A presença de muco lubrificante na vagina não quer dizer que ela estava excitada na hora da relação sexual".

O veículo mencionado no parágrafo acima fez questão de mencionar um estudo da revista científica Journal of Clinical Forensic Medicine, realizado pelos pesquisadores e cientistas Roy Levin e Willy van Berlo. 

Segundo a pesquisa, um número próximo de 21% das vítimas de violência sexual apontaram evidências de excitação física, ainda que estejam sob altos níveis de violência, angústia e medo.

O ensaio também disse que a resposta à situação de perigo pode ocorrer de modo psicológico e/ou fisiológico. Os pesquisadores Levin e Berlo explicaram que a resposta psicológica pode acontecer quando o agressor é alguém conhecido ou ser até mesmo um parceiro da vítima.

A resposta física, por outro lado, pode ser vista como um mecanismo de defesa da própria vagina durante o ato para evitar dor e lesões

Em depoimento ao O Globo, Maurício Abrão, coordenador de Ginecologia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, também pontuou: "O ponto forte é na excitação, mas durante o ciclo menstrual tem momentos que a lubrificação está maior ou menor. Em paralelo, existem situações que geram uma lubrificação não fisiológica, que é causada por um corrimento vaginal, por exemplo".

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