Diário de São Paulo
Siga-nos

Carlão, Nalbert e Bruninho: capitães dos ouros olímpicos usam o exemplo para liderar

O capitão de uma equipe é um membro do time escolhido para ser seu líder. Um guia dentro de campo ou na quadra. Geralmente, este é um jogador experiente e com

CAPITÃES
CAPITÃES

Redação Publicado em 12/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h29


Série exibida no Esporte Espetacular conta história de grandes líderes do esporte brasileiro

O capitão de uma equipe é um membro do time escolhido para ser seu líder. Um guia dentro de campo ou na quadra. Geralmente, este é um jogador experiente e com boa identificação com o clube, com o restante da equipe e com os torcedores. Dentro do selecionado nacional de um esporte, a lógica é a mesma. Mas nem sempre o bom capitão é o mais velho do elenco. No vôlei masculino do Brasil, nas campanhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona, Atenas e Rio, os capitães eram enérgicos. A característica não era o único ponto em comum: Carlão, Nalbert e Bruninho sempre usaram o exemplo para liderar.

Na série “Os Capitães” exibida pela Esporte Espetacular, grandes líderes do esporte brasileiro contam suas trajetórias. Alguns em times de futebol e outros em seleção, como foi com o vôlei masculino neste domingo. Carlão sempre foi uma liderança forte, de muita personalidade. Giovane, que esteve com o ex-central na primeira conquista olímpica em Barcelona, em 1992, contou que Carlão acolhia os jovens e sempre se fazia presente.

– O Carlão era a nossa expressão máxima. Então, assim, a sensação que eu tinha que era a galinha com os pintinhos. Quando ele abria os braços assim… a gente tinha essa sensação com o Carlão, de que ele realmente nos protegia.

Em 1992, seleção brasileira era repleta de jogadores jovens — Foto: Fábio M. Salles / Agência Estado

Em 1992, seleção brasileira era repleta de jogadores jovens — Foto: Fábio M. Salles / Agência Estado

A entrega era absoluta com o capitão de 1992. Giovane lembra que Carlão sempre se doou muito em treinamentos e nunca deixou de pensar no grupo. Um momento importante de liderança do ex-central foi em um treino da Liga Mundial, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Percebendo que os jovens do elenco estavam desfocados, ele segurou a bola e esbravejou. No dia seguinte, contra os temidos cubanos, o Brasil venceu um jogaço por 3 sets a 2.

– Dentro da quadra, Carlão se transformava. Era bom jogar com ele, a gente se sentia forte quando ele estava perto. Ele só tinha uma regulagem que a gente brinca… era sempre no 100% ,era sempre na loucurada, sempre na gritaria, sempre puxando o time. Era sensacional. Eu diria que numa guerra, eu queria ter um carro sempre do meu lado. O meu general é o Carlão. Era muito bom.

Nalbert beija a medalha de ouro conquistada nas Olimpíadas de Atenas — Foto: Reprodução

Nalbert beija a medalha de ouro conquistada nas Olimpíadas de Atenas — Foto: Reprodução

Após o ouro inédito de Barcelona, a seleção passou algumas Olimpíadas sem chegar ao alto do pódio. O retorno foi em 2004, já com a liderança de Nalbert. O exemplo do ex-ponteiro era além de entrega em treinos, mas de sacrifício. Às vésperas dos Jogos, ele precisou passar por uma intervenção cirúrgica no ombro e correu contra o tempo para estar em Atenas. Giovane, que ainda integrava a equipe do Brasil, relembra com admiração o esforço do companheiro de quarto.

– A gente olhava ele se recuperando, aquele esforço que ele fazia e pensava “cara, esse cara é o nosso exemplo, a gente também não pode fazer menos do que ele está fazendo”. A gente percebia… eu até arrepio. A gente percebia muita luta nele. Então, quando a gente percebe alguém, um nosso par se esforçando, fazendo o melhor dele, aquilo mexe com a gente. Eu credito muito da nossa vitória às atitudes do Nalbert. Ele sempre foi um cara muito, muito bacana para o time. Eu acho que isso é a cara daquela seleção ali.

Nalbert foi capitão da geração mais vitoriosa do vôlei brasileiro. Ao lado de Giba, Ricardinho, Gustavo e Serginho, todos jogadores consagrados, conquistaram todos os títulos possíveis da modalidade. Os mais experientes dividiram a liderança da seleção até o fim dessa era. O levantador Bruninho conviveu um tempo com esses jogadores e coube a ele assumir a função de capitão. Filho de Bernardinho, sofreu a pressão por postura e títulos.

Brasil  e Bernardinho durante os Jogos Olímpicos do Rio — Foto: Divulgação/FIVB

Brasil e Bernardinho durante os Jogos Olímpicos do Rio — Foto: Divulgação/FIVB

Nos Jogos de Pequim e Londres, nos anos de 2008 e 2012, o Brasil ficou com a medalha de prata. Resultado amargo para uma seleção habituada a vencer. No caminho para as Olimpíadas do Rio, em 2016, já com um elenco renovado, Bruninho percebeu que repetir processos levaria ao mesmo resultado. Era preciso mudar o jeito de lidar com a equipe. Bernardinho conta que teve uma das conversas mais reveladoras da sua vida. Ele acredita que aquele papo moldou o ouro conquistado no Maracanãzinho.

– Essa é uma lição que eu carrego e conto por aí que é um forma dos próprios líderes se questionarem e ele veio me questionar e não foi por ele, ele falou, eu preciso, mas você precisa principalmente. Ele veio falar comigo não como meu filho, ele veio falar comigo como capitão do time.

Exemplos. Seja com a bola rolando, durante uma recuperação ou se posicionando. Carlão e Nalbert, já aposentados do vôlei, contam que até hoje são chamados na rua de capitão justamente pelo exemplo que deram durante toda a carreira. Bruninho segue pelo mesmo caminho. O levantador tem o apelido de “Capita”.

– Todo mundo fala que liderar pelo exemplo é a melhor maneira de se liderar e é a maior mentira. É a única. Não existe outra maneira de se liderar que não seja pelo exemplo – disse Nalbert.

.

.

.

Fontes: Ge – Globo Esporte.

Compartilhe  

últimas notícias