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Órfã que vive em abrigo entra em universidade estadual

Vanusa Gonçalves dos Santos, perdeu os pais de formas trágicas, teve que aprender a sobreviver sozinha em abrigos municipais

Vanusa Gonçalves dos Santos, perdeu os pais de formas trágicas, teve que aprender a sobreviver sozinha em abrigos municipais - Imagem: Reprodução/Instagram @vanusa_jaqueline
Vanusa Gonçalves dos Santos, perdeu os pais de formas trágicas, teve que aprender a sobreviver sozinha em abrigos municipais - Imagem: Reprodução/Instagram @vanusa_jaqueline

Ana Rodrigues Publicado em 05/01/2024, às 11h36


Vanusa Gonçalves dos Santos, perdeu os pais de formas trágicas, teve que aprender a sobreviver sozinha em abrigos municipais e hoje, ela comemora o ingresso no ensino superior.

Segundo o UOL, quando tinha apenas 11 anos, Vanusa teve que lidar com a morte de sua mãe, em um acidente de moto em Santa Catarina. Seus pais já eram separados na época. Já em 2018, quando ela morava em Ponta Grossa (PR), o pai - que era dono de um bar - descobriu um câncer em estágio avançado.

Meu pai acabou morrendo muito rápido. Me vi sem ninguém e perdida no mundo. Minha relação com os meus outros familiares é conturbada. Encontrei na rua uma alternativa para sobreviver".

A primeira cidade que ela buscou ajuda foi Londrina (PR), onde conseguiu acesso a um albergue municipal e durante o dia, Vanusa ficava na rua e buscava uma forma de conseguir se manter. Às vezes, ela conseguia algumas oportunidades distribuindo folhetos - onde recebia R$50 por dia.

Estava psicologicamente afetada com tudo o que estava acontecendo. Sozinha, cheguei a tentar suicídio algumas vezes. Em uma última vez, totalmente frustrada, fui parar em um hospital e passei por procedimentos. Nada fazia sentido para mim. A vida não tinha mais cor e era insignificante.

Em 2022, a jovem decidiu voltar a Ponta Grossa, onde ficou três meses em um abrigo 24 horas, onde podia se alimentar e dormir. Atualmente, ela mora em outro lugar, que abre às 19 horas e fecha às 8 horas.

Só posso comer, tomar banho e dormir lá".

Desde sua infância, Vanusa sempre se destacou nas cinco escolas por onde passou. No Ensino Médio, seu boletim era recheado de notas máximas. Uma de suas professoras confirmou o empenho.

Ela sempre foi uma menina muito esforçada e dedicada na minha disciplina de Língua Portuguesa. Por ter ficado órfã cedo, enfrentou muitas coisas sozinha, mas eu sempre mostrava o quanto ela tinha capacidade para vencer na vida e conquistar um futuro diferente. A educação foi o mais importante. Eu fui um instrumento", falou Priscila Falcão.

Vanusa ia até a Estação Rodoviária de Ponta Grossa para utilizar a internet e começar a estudar para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Seu celular era a única ferramenta que tinha para tirar as dúvidas e resolver provas anteriores.

Eu saía do abrigo para vender paçocas na rua. Quando acabava, já ia para a rodoviária. Buscava um cantinho e começava a estudar. Não tinha livros, mas foi a tecnologia que me fez aprender o que foi necessário até hoje".

No final de 2023, ela recebeu a notícia que promete mudar sua história. Ela foi aprovada para cursar Letras na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) - as notas do seu histórico escolar valeram para sua aprovação.

Foi uma emoção muito grande. Fui aprovada por meio das notas excelentes do meu histórico escolar. Escolhi letras por causa do meu sonho de ser professora. Português era a matéria que eu mais gostava. Esse foi o resultado para provar que estou no caminho certo. A educação vai me tirar da rua".

E os planos da estudante não param por aí. Após concluir a primeira graduação, ela pretende estudar mais para ingressar no curso de direito. A história de Vanusa também chamou a atenção do Centro Universitário Internacional (Uninter), uma faculdade particular, que deu uma bolsa de estudos a distância para a jovem no curso de pedagogia.

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