Diário de São Paulo
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Profissionais de Proteção de Voo buscam segunda fonte de renda para sobreviver

Sindicato alerta para riscos decorrentes da exaustão de trabalhadores nos aeroportos

Controladores de Voo - Imagem: Reprodução | InforAviação
Controladores de Voo - Imagem: Reprodução | InforAviação

Marina Roveda Publicado em 20/06/2023, às 08h14


Em uma realidade preocupante, quase metade dos profissionais que atuam na proteção de voo em todo o país se veem obrigados a buscar uma segunda fonte de renda para conseguir cobrir seus custos mensais. Essa informação foi revelada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Voo, entidade que representa não apenas os controladores de voo, mas também meteorologistas, operadores de rádio, profissionais de informação de voo, técnicos de manutenção e outros colaboradores dessa área vital para a segurança aérea.

Segundo Lucas Borba, representante do Sindicato, um levantamento recente realizado revelou que 44% dos profissionais dependem de uma segunda fonte de renda para garantir sua sobrevivência. Essa realidade foi apresentada em uma carta durante uma reunião do Sindicato com a Secretaria de Governança das Estatais (Sest), órgão subordinado ao Ministério da Economia, realizada em 13 de junho.

O objetivo da reunião e da carta era reivindicar melhorias nas condições de trabalho desses profissionais, cujas funções são consideradas primordiais para garantir a segurança e proteção de passageiros e tripulantes. Os trabalhadores da NAVBrasil — Serviços de Navegação Aérea S/A, empresa que emprega cerca de 1.600 pessoas, demonstraram a importância de seu trabalho para a segurança dos voos no país, bem como os riscos de acidentes aeronáuticos decorrentes da insatisfação profissional, das condições precárias de trabalho e dos baixos salários enfrentados nos últimos anos.

De acordo com Borba, muitos colegas estão sendo obrigados a trabalhar como motoristas de aplicativo ou vender marmitas para complementar sua renda. Esse dado é alarmante, considerando que esses profissionais deveriam descansar durante seus períodos de folga, levando em consideração o alto grau de concentração exigido para o bom desempenho de suas funções.

Esse cenário tem levado muitos profissionais a buscar uma segunda ou até terceira fonte de renda, justamente no momento em que deveriam estar aproveitando o tempo livre para descansar. A maioria dos trabalhadores é formada por civis, mas há também cargos comissionados ocupados por militares da reserva, principalmente em posições de alto escalão.

Uma das principais reclamações da categoria diz respeito ao aumento dos valores descontados do plano de saúde, considerados absurdos pelos profissionais e que chegaram a quase 40% em alguns casos. Além disso, a redução nos percentuais de pagamento de adicional noturno, férias e horas extras também foi mencionada. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Voo aponta ainda a ausência de concursos públicos desde 2011 para a formação de novos profissionais.

Atualmente, a escala-padrão é de 4 dias de trabalho para 1 dia de folga, com turnos de 6 horas e intervalos de 12 horas entre eles. No entanto, existem diferentes escalas, dependendo do horário de funcionamento do órgão e do número de operadores disponíveis. Borba denuncia que muitos locais trabalham com o número mínimo de profissionais, ou até mesmo abaixo disso, o que resulta em colegas seguindo escalas com apenas seis folgas ao longo do mês.

Segundo Borba, a defasagem salarial acumulada é de 25% em um período em que a inflação ultrapassa 8,5%. Nas negociações, a NAV Brasil teria oferecido um reajuste de apenas 3,06%, proposta considerada inaceitável pela categoria.

A situação precária enfrentada pelos profissionais da proteção de voo é motivo de preocupação, uma vez que esses trabalhadoresdesempenham um papel fundamental na segurança do transporte aéreo. É necessário que as autoridades competentes ouçam suas demandas e tomem medidas para garantir condições de trabalho adequadas, salários justos e segurança para esses profissionais, que são responsáveis por proteger vidas diariamente nos céus do país.

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