Diário de São Paulo
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Em defesa ao Conselho de Ética da Alesp, deputado que disse que colocaria cabresto em colega afirma ser pastor e cita avó negra

Deputado Wellington Moura (Republicanos) é acusado de quebra de decoro parlamentar após ofensas a Mônica Seixas, do PSOL

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Redação Publicado em 27/05/2022, às 00h00 - Atualizado às 09h28


Ao apresentar sua defesa prévia ao Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), onde é acusado de quebra de decoro parlamentar por dizer a uma deputada que iria colocar um “cabresto em sua fala”, o deputado Wellington Moura (Republicanos) afirmou que não cometeu injúria racial porque é pastor e sua avó é negra.

Segundo o documento, o parlamentar não se expressaria “utilizando-se de algo nem próximo a racismo”.

“A avó do representado era negra. O representado é Pastor há mais de 25 anos, atuante em projetos que ajudam milhares de pessoas em situação de rua, em presídios, na Fundação Casa, em tratamento em hospitais e na luta pela proteção dos direitos das crianças e adolescentes, e no combate a violência contra a mulher. Inclusive, na Igreja a maioria dos fieis são de ascendência negra”, diz a argumentação da defesa.

O deputado também recorreu ao dicionário para explicar em qual sentido usou a palavra “cabresto” para a deputada Mônica Seixas (PSOL) durante sessão no plenário da Alesp.

“[O parlamentar] proferiu a expressão ‘vou colocar cabresto na sua fala’, com a conotação, conforme o dicionário da língua portuguesa ‘por metáfora: algo que controla, subjulga ou reprimindo’; no sentido literal, sempre que estiver à frente de uma sessão, irá utilizar de mecanismos para controlar as falas excessivas ou de temas divergentes que fogem à ata da sessão.”

Segundo ele, em nenhum momento o representado agiu com prática machista ou preconceituosa, mas “o incidente de interpretação (por pré-conceito, má interpretação) gerou uma exposição desnecessária e desonrosa do deputado”.

Já as advogadas da deputada, Renata Cezar e Rosana Rufino, afirmam, em nota, que a defesa do deputado “demonstra que na visão dele controlar, subjugar e reprimir uma parlamentar e mulher negra no exercício dos seus direitos políticos é aceitável ou que o fato dele ser pastor e conviver com pessoas negras ou mulheres banalize ou minimize a agressão por ele proferida”.

Ainda de acordo com as defensoras da parlamentar, “é comum que pessoas acusadas de racismo sempre respondam que é coisa da cabeça da população negra e que somos um povo miscigenado, com antepassados negros (‘minha avó era negra’ – aspas do próprio deputado em plenário e linha de sua defesa)”.

G1
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