Um relatório divulgado pela Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de São Paulo aponta que abrigos de
Redação Publicado em 14/04/2022, às 00h00 - Atualizado às 10h23
Um relatório divulgado pela Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de São Paulo aponta que abrigos de acolhimento de pessoas em situação de rua na capital estão com colchões mofados, com percevejos e até fezes de pombos.
A comissão avaliou oito centros de acolhimento da capital entre agosto e novembro de 2021. Foram visitados:
Todos os locais são administrados por Organizações da Sociedade Civil (OSC).
Nos CTA Lapa, Zaki Narchi I e Emergencial Tietê, foram encontrados percevejos nos colchões. Os frequentadores informaram que estavam com alergias causadas pelos insetos.
No CA Zaki Narchi I, um dos colchões estava com fezes de pombos. No mesmo local, onde os refeitórios eram cobertos por estruturas de metal, sem forro, também tinham fezes de pombos espalhadas pelas mesas em que os frequentadores se alimentavam.
Percevejos no colchão CA Zaki Narchi I, Zona Norte — Foto: Divulgação/ Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania
O mesmo ocorre no CTA Lapa, onde os frequentadores informaram para os representantes da comissão que, algumas vezes, os animais defecavam em suas marmitas e a administração do local não as trocavam. No Autonomia em Foco I, foram encontrados colchões ensacados e armazenados, enquanto pessoas reclamavam da necessidade de troca daqueles nos quais dormiam, que estariam gastos.
Segundo o relatório, o CA Zaki Narchi I foi o local que apresentou mais problemas: além do teto em ruínas, com chapas metálicas que se desprendem e ameaçam atingir os usuários do serviço, foi constatada a presença de gás metano no terreno. Segundo informações da equipe que trabalhava no espaço, um dos quartos estava fechado por conta de alto índice do gás.
Pombos na área de alimentação dos frequentadores do CA Zaki Narchi I — Foto: Divulgação/ Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania
Três centros de acolhimento apresentavam falta de água com recorrência, impedindo que as pessoas tomassem banho ou realizassem higiene básica. Um dos centros, o CAE Art Palácio, estava sem água havia oito dias.
Banheiro CA Zaki Narchi I — Foto: Divulgação/ Comissão
Além da falta de água, a quantidade de banheiros disponíveis em todos os espaços visitados não era o suficiente para suprir a demanda do público.
No CA Zaki Narchi, com capacidade para atender 500 pessoas, por exemplo, apenas dois chuveiros e três vasos sanitários estavam funcionando.
A comissão procurou as Supervisões de Assistência do Território ou as gestoras de parceria dos centros CA Zaki Narchi I, CTA Lapa e CAE Art Palácio, que apresentavam os problemas mais graves, e foi informada que “não seria possível solucionar os problemas estruturais, seja por conta de limitações do espaço, seja pelo grande volume de recursos, sendo necessária a realocação do equipamento e de todos os seus conviventes”.
Os usuários dos centros relataram também ter problemas com a alimentação, argumentando que a quantidade de refeições servidas nos espaços não supre as necessidades diárias. Segundo o relatório, essas pessoas precisam procurar doações de marmitas para suprir a fome.
Eles também reclamaram da qualidade da refeição servida. No CAE Art Palácio, os frequentadores relataram que estavam sendo servidas comidas estragadas.
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G1
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