Por Kleber Carrilho*
Redação Publicado em 01/01/2022, às 00h00 - Atualizado às 14h53
Por Kleber Carrilho*
Não dá para adivinhar o futuro, mas é possível prevê-lo. Por isso, não tenho dúvidas de que o maior desafio em 2022 será conviver com um presidente desesperado.
Isso porque, com as pesquisas mostrando que a popularidade de Bolsonaro está em queda livre, além do risco de que ele perca a reeleição já no primeiro turno, não há como imaginar que haverá calma nas decisões.
Com o poder descomunal que os presidentes têm, ele pode deixar para o sucessor problemas de difícil solução. Isso porque as medidas provisórias e outras possibilidades que a caneta e o cargo dão a quem lidera o país podem levar ao enfraquecimento ainda maior das instituições.
Pensem comigo: existe a possibilidade de que haja um movimento de agitação das bases dos militares (tanto das Forças Armadas quanto das polícias, em que há muitos bolsonaristas) para que demonstrem força e poder para influenciar e desorganizar diversos grupos sociais.
Como sabemos que o presidente não nutre grandes simpatias pelo processo democrático, é possível antecipar que ele não fará nenhum movimento para que as instituições e os ritos sejam preservados.
Além da tentativa de manutenção do poder, ele também tem o grande temor de que os filhos, com uma possível saída da Presidência, possam sofrer as consequências de irregularidades no exercício dos mandatos ou fora deles.
Por isso, como tenho repetido aqui, as forças democráticas vão ter que trabalhar com afinco, preferencialmente unidas. E espero que os líderes, nos diversos partidos e movimentos sociais, entendam a gravidade do momento, e não tentem usar o período eleitoral para criar ainda mais crises, pensando que, quanto pior o cenário, maior será a necessidade de uma solução extrema.
É hora de se inspirar em momentos importantes da História, em que, para haver organização, foi necessário que adversários de longa data se sentassem à mesma mesa, entendessem que ceder é essencial para que o futuro seja melhor, inclusive para a estabilidade dos seus projetos políticos.
Afinal, daqui a exatamente um ano, é importante que haja outros ocupantes no Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios.
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