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Para mim basta pouco

Flores. - Imagem: Reprodução | Freepik
Flores. - Imagem: Reprodução | Freepik
Babi Hanones

por Babi Hanones

Publicado em 03/03/2024, às 08h47


Numa era onde dizer que precisa de pouco é um ato minimamente vergonhoso ou pouco ambicioso, me desnudo então par dar voz aquela em mim que precisa de tão pouco para ser feliz, ela começaria assim.

“E eu que preciso tão pouco para amar. Uma frase, uma conexão com outro coração genuíno, uma palavra compartilhada de uma lástima profunda, já se faz o suficiente para eu derreter a barreira gelada que sem perceber coloco entre mim e você.“

Esse você outro, no corpo masculino ou feminino, esse outro que parece esperar por uma brecha para amar também, mesmo que seja de uma forma totalmente equivocada e distante do amor. 
Sinto que amor é uma decisão, uma permissão de sentir amor por quem nem conhecemos a fundo ou por aquele que nitidamente não merece. O que é esse merecer, não é verdade?

Mas voltando ao derretimento da minha alma. E sim, ela é um tanto sem vergonha, por pouco quer ficar, se abre e permite trocar. Ela gosta do calor e sobretudo gosta de gostar. Ela ganha espaço até essa outra parte nossa que não sei tão bem de onde vem, mas sei dos vestígios que ela deixa, por dores não suprimidas e vividas de forma legítima e integral. Dá as caras naquele momento em que minha alma quer espaço para ser, estar e voar.

É um jogo equilibrado que acontece entre as delícias e os desprazeres de estar vivo. Uma dança que precisa ser dançada com uma ajuda extra, altas doses de conhecimento para se tornar auto e uma vontade genuína, profunda, visceral de saber mais sobre tudo isso aqui que nos cerca.

A vida, o outro, eu e você, o que trago na alma, na vivência dos antepassados, nas relações que tive, do que parece que não vivi, mas já vim com a marca de nascença. Com que sei e o que não sei. Talvez aberta para mais ou fechada demais para viver mais amores. Um tanto articulada e horas demasiada na fala ríspida, no coração partido ou na alma calejada de um passado suprimido.

Mas em mim vive e em você, existe uma criança que só quer viver pelo bem de viver. Talvez morrer possa ter sido uma opção para ela, ao entrar em contato com a escuridão desconhecida de si mesmo. Para então na maturidade podermos resgatá-la com todo amor que uma mãe pega seu bebê no colo pela primeira vez.

Não é lógico e nunca será, o que é viver. E Essa breve passagem é tanto.

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