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COLUNA

O pai dos meus filhos

Paternidade. - Imagem: Reprodução | Freepik
Paternidade. - Imagem: Reprodução | Freepik
Babi Hanones

por Babi Hanones

Publicado em 07/04/2024, às 05h51


Começo a escrever com um misto de medo, receio e amor. Talvez um tanto ingênua a achar que já posso falar de um homem que mudou o curso do que achava que seria minha vida. Aos 19 anos entrei para faculdade de comunicação visual, aos 21 casei. Parece tão controverso, mas foi a trajetória que se iniciou por um convite de estágio e após um curto tempo já estava saindo da casa dos meus pais. 

De estudante da PUC a lidar com políticos desenhando campanhas, ele não me poupou e me colocou rapidamente no jogo. Típico da sua personalidade ousada e confiante, de um menino rejeitado pelo pai, no interior da Bahia, filho da funcionária da casa, mas, que achou força em si para dar uma nova direção. A dona Maria que lhe deu no pouco tempo tido juntos o amor que via transbordar ao olhar para nossos filhos. 

Um homem que rompeu as suas barreiras mais arraigadas sobre prosperidade e seio familiar, que não recebeu, mas concebeu para si da maneira que pode. Sem ser treinado pela escola, mas pela vida, andou por toda Copacabana vendendo seguros aos 18 anos, aos 22 já tinha sua cobertura em Botafogo e seguiu construindo seu sonho na política e televisão. A vida o levou, portas se abriram e ele com uma autoconfiança forjada na falta e na dor profunda de um quase órfão buscando seu lugar no mundo. 

Imagine eu uma menina da zona sul amada pelos pais, estudante da PUC com seu recém-carro novo iniciando a vida se joga literalmente nos braços de uma fera criada. Foi ele que me apresentou o mundo, aprendi o que não aprenderia em nenhuma escola e foi  do jeito dele ousado que encobria tantas faltas e dor, que inevitavelmente eu sentiria ao longo dos sete anos do nosso casamento.

Ele é uma força da natureza que não direcionada, se torna destrutivo. Típico da maioria dos homens, a falta do feminino como aspecto de si mesmo que lhe daria a capacidade de amar, priorizando o sentimento e não somente a conquista e o poder. Essa fúria por mais acaba minando o que tem, não conserva, não preserva, não nutre com amor que é capaz de gerar. 

Um menino faminto vestido de homem com uma responsabilidade maior do que podia sustentar com estômago vazio. Mas você conhece alguém que mesmo com fome sabe sorrir? Pois é ele, poucos são assim, tem um misto de loucura e razão que lhe confere uma mentalidade forte e uma vontade inabalável pela vida. É esse homem que fez parte da minha história, faz parte de mim e viverá eternamente nos homens mais amados por mim, meus dois filhos. 

Quase tragicômico, um prazer e desprazer simultâneo na nossa convivência, mas que sou grata absurdamente mesmo diante dos nossos tão grandes desafios. O respeito e admiração pela sua trajetória que conto aqui um pedaço tão tímido e ainda tanto está por vir. Escolho dar esse gosto a minha alma que quis pincelar um pouco da nossa história e quem sabe agradar ao paladar de quem saboreia vivencias como essa.

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