Diário de São Paulo
Siga-nos
COLUNA

Juventude consciente fará a diferença nas próximas eleições

Jovem votando. - Imagem: Reprodução | EBC
Jovem votando. - Imagem: Reprodução | EBC

Mariana Lacerda Publicado em 22/09/2022, às 08h54


Neste 22 de setembro comemoramos o Dia Nacional da Juventude. E a boa notícia é que podemos festejar a data com um número extremamente positivo: o crescimento recorde de adolescentes de 16 e 17 anos que, embora não sejam obrigados a participar do processo eleitoral, tiraram seus títulos de eleitor e poderão votar nas próximas eleições.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nos últimos quatro anos o número de jovens dentro dessa faixa etária aptos a votar cresceu mais de 50%. Em comparação a 2018, quando os adolescentes de 16 e 17 anos somavam 1,4 milhão de votantes (0,95% do total), hoje há 2.116.781 eleitores dentro dessa faixa de idade com título de eleitor, o que representa mais de 1,3% do total do eleitorado nacional.

É interessante notar que os dados deste ano mostram uma reversão na série estatística de sucessivas quedas no interesse dos adolescentes pelo voto, ocorrida a partir das eleições de 2010. Essa ‘virada’ significativa mostra que os jovens estão tomando consciência de seu papel na sociedade e da importância de exercerem seu poder político para promover as mudanças que consideram necessárias para o seu próprio desenvolvimento e para o crescimento do país como um todo.

Há na juventude, hoje, um sentimento de total falta de perspectiva e um claro descontentamento com a absoluta falta de políticas públicas que levem em consideração os seus interesses, contemplando, por exemplo, a melhoria e a maior facilidade de acesso à educação e apoio para o ingresso no mercado de trabalho. Mas, felizmente, esse sentimento, ao invés de abater, tem despertado em muitos adolescentes a vontade de se unir para conseguir transformar o que aí está. E, o que é melhor, fazendo uso de instrumentos pacíficos e legítimos, como o voto!

Por isso, a mobilização que vemos agora nos jovens mostra um importante sinal de amadurecimento dessa faixa etária da população. Nossa juventude vivencia constantemente os principais problemas sociais do país, se sente extremamente afetada por eles e vê no exercício da cidadania por meio do voto uma forma de se engajar e lutar por mudanças.

Para compreender como se dá a participação cívica da juventude atual, a Think Twice Brasil - organização de impacto que promove educação em direitos humanos, cultura de paz e engajamento cívico – realizou recentemente uma pesquisa que apontou o seguinte:  mais de 80% dos jovens estão preocupados com os problemas socioambientais; 41% acreditam que votar nas próximas eleições é a forma mais eficaz de contribuir para resolver esses problemas; e 90% gostariam de saber mais sobre como agir para mudar o mundo.

Essa, sem sombra de dúvidas, é uma tendência bastante positiva, que gera perspectivas de um futuro mais promissor para o Brasil, já que, dentro de alguns anos, nosso país estará nas mãos dessa geração que, hoje, começa a despertar para o seu direito à cidadania.

É importante destacar a forte consciência de preservação ambiental da parcela mais jovem da população. Sendo o desenvolvimento com foco no meio ambiente considerada hoje em dia a pauta mais importante a ser trabalhada pelo Governo, seja no âmbito do Executivo ou do Legislativo, quanto mais os jovens se posicionarem a este respeito, mais rapidamente o país poderá avançar na questão.

Da mesma forma que, no final do ano passado, ganhou destaque o impacto gerado pela multidão de jovens exigindo dos líderes mundiais ações de preservação ambiental durante a Conferência do Clima, na Escócia, o voto da juventude será fundamental para dar ênfase à pauta nos âmbitos federal e estadual nas próximas eleições.

De acordo com o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, os números que mostram o crescimento do quociente eleitoral são “efetivamente impressionantes” e demonstram “a pujança cívica da cidadania”. Os dados do TSE revelam o maior eleitorado cadastrado da história brasileira, com o número de eleitores aumentando de 147 milhões para mais de 156 milhões, superando o próprio crescimento populacional no mesmo período, de acordo com o IBGE. É preciso, então, que todo esse interesse demonstrado pelos brasileiros em exercer seu direito ao voto reverta, efetivamente, na eleição de políticos ‘do bem’ e comprometidos com as causas que levem o país pelo caminho do desenvolvimento econômico, social e sustentável.

Sobre o autor: 
Mariana Lacerda, advogada e gestora pública, é porta-voz (presidente) da Rede Sustentabilidade no Estado de São Paulo.

Compartilhe  

últimas notícias