Diário de São Paulo
Siga-nos
COLUNA

BLASFÊMIA: China avança na produção de nova edição da Bíblia adaptada aos ideais do governo comunista

Bíblia chinesa. - Imagem: Reprodução | Aliexpress
Bíblia chinesa. - Imagem: Reprodução | Aliexpress
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 04/09/2023, às 09h15


Sem temer ao alerta bíblico (Veja Apocalipse 22.19) que prevê penalidades para quem suprimir ou acrescentar conteúdos à Bíblia Sagrada, o Partido Comunista Chinês (PCC) dá prosseguimento a seu projeto de reescrita do livro sagrado, alterando-lhe o conteúdo, a fim de conformá-lo aos ideais comunistas que regem o país com mão de ferro.

A nova versão da Bíblia está em execução há pelo menos cinco anos, metade dos dez anos estimados para a finalização do projeto, e é coordenada pelo PCC.

A empreitada é ambiciosa e vai muito além de apenas valorizar e promover a cultura local. Trata-se de um processo de dominação e poder denominado “sinicização” ou “chinização”, que pretende moldar costumes, valores e princípios da sociedade, conformando-os ao que prevê o totalitarismo chinês e incluirão valores socialistas centrais além da remoção de trechos que depõem contra a crença comunista. Tal objetivo não admite obstáculos e prevê a remoção de qualquer coisa, pessoa e ensinamento que lhe faça oposição, como é o caso da Bíblia. Por tratar-se de um poderoso veículo de transformação, o livro sagrado apresenta-se como um “calo” nos pés do comunismo, daí a necessidade de se produzir uma tradução adequada. A ideia é o extermínio de quaisquer influências culturais, perspectivas e ensinos no país, conforme apontou o porta-voz da Voz dos Mártires, Todd Nettleton.

A ideia do PCC é que os textos sejam adaptados aos ensinamentos de Confúcio e Buda, harmônicos com doutrinas envolvendo misticismo, filosofia oriental e religião, além de demonstrar apoio do partido.

Esforços para conformar a fé cristã à ideologia comunista já vigoram na China, onde a atividade religiosa está sob monitoramento estatal. A autorização de funcionamento de igrejas é restrita àquelas adequadas ao governo, que interfere, inclusive, no conteúdo das pregações. Quem não concordar com as determinações torna-se inimigo do país, sofre ameaças, são presos, torturados e executados.

Dentre os trechos previstos para sofrer alterações, está a passagem de João 8, que narra a história da mulher adúltera que foi conduzida a Jesus após ter sido pega em flagrante adultério. A passagem original da Bíblia conta que Jesus diz aos acusadores e à multidão que quem não tivesse pecado deveria ser o primeiro a atirar a pedra, e como ninguém se atreveu e um a um foi se retirando do local, pois todos eram pecadores, Jesus se dirige à mulher, dizendo-lhe que seus pecados estavam perdoados e que ela poderia ir e deveria abandonar a vida pecaminosa que levara até então. Na versão do PCC, porém, quando todos se retiram, Jesus apedreja a mulher e admite ser também um pecador, versão que, segundo relato da Voz dos Mártires, já havia sido publicada em um livro, em setembro de 2020. 

Kurt Rovenstine, da Bible for China, adverte que a situação da igreja chinesa deva ficar ainda mais difícil, conforme o processo de adulteração da Escritura prossegue; a adulteração pretende ser tamanha que prevê uma desconfiguração tal do texto sagrado que ele já não reflita mais a verdade do evangelho de Jesus.

Diante disso, cristãos chineses pedem o apoio em oração da igreja em todo o mundo para que tenham sabedoria divina para “[...] manter o que Ele quer que tenhamos, exatamente da maneira que precisa ser para que a verdade do evangelho possa ser descoberta nas páginas da Bíblia”.

A Bíblia é a Palavra de Deus. Ela é indestrutível. O mesmo Deus que a tem preservado ao longo de milhares de anos continuará a preservá-la.

Compartilhe  

últimas notícias