Diário de São Paulo
Siga-nos

“Louco para voltar”, Danilo não quer se aposentar em 2018 e mira título inédito no Corinthians

Danilo tem uma carreira tão vitoriosa que chega a se confundir quando perguntado sobre quantos títulos já conquistou:

“Louco para voltar”, Danilo não quer se aposentar em 2018 e mira título inédito no Corinthians
“Louco para voltar”, Danilo não quer se aposentar em 2018 e mira título inédito no Corinthians

Redação Publicado em 27/07/2018, às 00h00 - Atualizado às 10h44


Danilo tem uma carreira tão vitoriosa que chega a se confundir quando perguntado sobre quantos títulos já conquistou:

– São 24, se não me engano. Ou 25… um negócio assim.

O número correto é 25, sendo oito pelo Corinthians, clube que defende desde 2010. Dá uma média de mais de um título por temporada desde que ele começou, em 1996.

E Danilo quer mais. Aos 39 anos, o meia mira a inédita conquista da Copa do Brasil, mas não trata o torneio como uma obsessão.

Para o veterano, o importante é seguir empilhando taças, independentemente de quais sejam. Acostumado a fazer isso pelos clubes que passou, o meia não quer parar. Aposentar-se ao final deste ano está fora de cogitação, mesmo com o contrato dele com o Corinthians acabando em dezembro.

Nesta entrevista ao GloboEsporte.com, o ídolo do Timão falou sobre o que planeja para a carreira, o seu momento na equipe e as ambições que ainda tem. Veja abaixo:

Você teve chance nos amistosos contra Cruzeiro e Grêmio e ganhou elogios do Osmar Loss. Como vê este seu momento?
– É muito bom. De tudo o que passei desde voltar, é agora que estou 100%. Eu tinha voltado 15 dias bem, mas senti de novo a panturrilha. Agora tenho uma sequência boa, fiz a intertemporada todinha com o grupo. Me sinto muito bem. Isso me dá uma confiança muito grande para daqui a pouco aparecer uma oportunidade e eu ajudar. Sobre as palavras do Loss, fico feliz. Entrei bem! Eu preciso desses jogos, é um alento, e essas palavras vindo dele me dão uma esperança a mais de que vai aparecer a oportunidade e eu vou agarrar.

Você fala que agora está 100%. O que mudou?
– Digo isso por causa da lesão que eu tive. Sempre treinei muito na minha carreira, estive bem fisicamente.

Mas o que acontecia antes? Você estava jogando com dores?
– É problema de panturrilha. Fiquei praticamente um ano e meio sem jogar. Agora é a melhor fase, de estar bem, ter sequência de treino…

– Antes eu vinha treinar um dia, segurava outro. Agora não! Fiz essa intertemporada completa, creio que daqui para frente vou estar melhor ainda, esperando uma oportunidade.

Foram problemas musculares que te atrapalharam, não é?
– Depois a gente acabou vendo que não era nem a parte muscular, era mais vascular, as veias estavam atrapalhando um pouco. Agora está tudo recuperado, tudo bem, é só dar sequência.

Isso não tinha se tornado público até então. Qual era o problema vascular?
– A gente acabou descobrindo. Estavam acontecendo lesões, aí fazíamos exames e não era nada. O Joaquim (Grava, consultor médico do Corinthians), pela experiência que tem, já falou logo: só pode ser problema nas veias. Fizemos exames e constatou isso, a veia de retorno não estava boa e eu sentia essas dores. Hoje, graças a Deus, não sinto nada. Estou tomando remédio, tendo essas precauções, espero que agora tenha essa sequência boa e não sinta mais nada.

Estar 100% certamente te dá mais motivação para jogar.
– Claro. Ainda mais eu, que sou um jogador que precisa estar bem fisicamente, sempre fui assim, tecnicamente foi sempre o meu forte. Tenho que estar treinando. A partir do momento que estou 100% no campo, nos jogos vou render mais.

É o momento de você voltar a jogar mais?
– Fiquei esse período sem jogar, estou louco para voltar, entrar em campo. Vão ter jogos decisivos, em que vai precisar estar todo mundo em campo. Futebol é assim. Nosso grupo está ciente disso, todo mundo tem que estar bem, ir para o campo e ralar. Oportunidades vão aparecer, vão ter jogos grandes, eu sempre fui bem nessas partidas, espero poder ajudar.

Seu contrato vai até dezembro. Você pensa em renovar ou será o momento de se aposentar?
– Eu penso ano a ano, no futebol a gente tem que pensar o momento. Não adianta eu pensar no ano que vem sem passar pelo agora. Tenho contrato até o fim do ano, meu objetivo agora é voltar a jogar e ajudar.

– A princípio, ainda penso em jogar no ano que vem, até pelo período que fiquei parado. Ganhei fôlego. Vamos esperar

Aos 39 anos, qual o seu grande objetivo? Talvez a terceira Libertadores na carreira?
– A gente tem que pensar em ganhar todos os jogos. O único campeonato que não tenho é a Copa do Brasil, e a gente tem a oportunidade. Quem sabe a gente possa ganhar aí e eu estar jogando.

A Copa do Brasil é sua meta?
– Nunca tive essa coisa de “falta isso” ou “tenho que ganhar aquilo”. A gente sabe que no futebol não é fácil ganhar. Vamos trabalhar com os pés no chão, quem sabe a gente possa ganhar mais títulos.

Já ouvi que você gostaria de encerrar a carreira no Goiás. Isso é verdade?
– É difícil, eu não tenho como meta isso não, olho o que for melhor para mim, não penso em encerrar aqui ou ali, a gente tem que viver o momento e decidir na hora. Futebol muda muito, a gente tem que esperar o momento para decidir. Não tenho preferência, eu penso em jogar o ano que vem, vamos ver onde vai ser, tem que esperar o fim do ano.

Sua vontade é seguir no Corinthians?
– Não depende só de mim, depende do clube também, o contrato vai até o fim do ano.

Recentemente, o Emerson Sheik, que é um ano mais velho que você, anunciou que vai se aposentar no fim do ano. Como você viu essa decisão?
– Isso é de cada um. Na idade que a gente está, eu com 39 e ele com 40, acho que ele consegue jogar mais tempo aí. Ele mostrou isso no primeiro semestre, só que tem que estar com a cabeça boa e preparado. Ele acha que já deu, que não aguenta mais, eu ainda estou com a cabeça boa, motivado.

Emerson Sheik e Danilo, veteranos e ídolos do Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)

Emerson Sheik e Danilo, veteranos e ídolos do Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)

O que é estar “com a cabeça boa”, como você diz?
– Acordar com motivação de ir para o campo, treinar, ir para o campo, trabalhar para estar bem… Isso é o fundamental para você continuar jogando.

O que te dá mais prazer no futebol, que faz você não ter vontade de parar?
– É tudo! Mas é mais o campo mesmo. Estar treinamento, a adrenalina antes dos jogos, é isso que quando a gente parar vai sentir saudade.

Você sentiu isso no período em que ficou se recuperando da cirurgia no joelho…
– Fiquei fora um tempão, convivendo aqui no clube todo dia, aquela vontade de estar em campo e não ter condições… Agora vou usufruindo. Ganhei um fôlego a mais, espero poder jogar ainda.

A torcida demonstra muito carinho por você. Tem ideia de qual é a sua dimensão na história do Corinthians?
– A gente às vezes não tem essa dimensão, mas sei que no futebol isso é difícil acontecer. Do tempo que estou, cheguei em 2010, o tanto de títulos que o Corinthians ganhou. A gente sabe que tem clube que ganha hoje e fica 10 anos sem ganhar nada. Agradeço a Deus por estar no momento certo no clube certo.

– No futebol às vezes você fica três anos no clube e não ganha nada. Até isso eu agradeço a Deus por estar aqui num clube tão grandioso como o Corinthians.

Qual a explicação para o Corinthians ter vencido tantos títulos nesse período?
– Isso é muito da fase do clube, de diretoria, organização, dos jogadores que vieram nesse período. Isso é fundamental, todos os jogadores que chegam aqui já sabem o que fazer, tem uma base que vem de muito tempo, é só seguir. Os jogadores são escolhidos a dedo, a diretoria está de parabéns. E nós, mais velhos, acabamos ajudando muito. Já tem uma batida, a gente conversa, explica o que é, como é, para todo mundo já entrar no ritmo. O entra e sai de jogador faz parte.

Você enfrentou vários desmanches do elenco do Corinthians. Como avalia o atual?
– Futebol é assim, não é só aqui. Agora foi mais, mas temos jogadores que podem entrar e dar conta do recado. De 2011 para cá sempre foi assim, reformulando, saindo jogador. Faz parte do futebol. Nosso grupo tem jogadores de qualidade. Quem entrar vai dar conta do recado.

Como você falou, alguns jogadores passam anos sem conquistar nada. Mas você sempre foi vitorioso. É assim que será lembrado quando parar de jogar, como um vencedor?
–O que fica marcado é isso. Às vezes você pode ir muito bem, mas não ganhar nada. No futebol você tem que pedir a Deus para ganhar. Sua foto vai estar lá no quadro e nunca vão tirar.

– Agradeço a Deus, pois em todo clube que passei a foto minha vai estar lá. Fui campeão, é o que fica marcado.

Danilo tem contrato com o Corinthians até dezembro de 2018 (Foto: Daniel Augusto Jr/Ag.Corinthians)

Danilo tem contrato com o Corinthians até dezembro de 2018 (Foto: Daniel Augusto Jr/Ag.Corinthians)

Com a chegada de centroavantes, como Jonathas e Roger, e a saída do Rodriguinho, é melhor você voltar a brigar por vaga no meio de campo?
– Eu sou um meia-atacante. Do meio para a frente eu jogo em qualquer posição. Também posso ser o pivô, não fixo, mas fazendo a movimentação, joguei assim no Goiás e no São Paulo, aqui também. Não tenho dificuldade, depende do que o treinador precisar e optar no momento.

E depois que parar, qual será a sua “posição”? Quer seguir no futebol?
– Não sei, por enquanto não sei se fico no futebol, sei saio… Isso aí vou definir mais pra frente. Vamos deixar mais pra frente, no finalzinho a gente decide.

Compartilhe  

últimas notícias