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Gás tóxico liberado durante incêndio em SP fez mais de 60 vítimas, afirmam autoridades

O incêndio em um galpão que armazenava um produto químico em Santos, no litoral de São Paulo, afetou dezenas de moradores que inalaram a substância tóxica que

Gás tóxico liberado durante incêndio em SP fez mais de 60 vítimas, afirmam autoridades
Gás tóxico liberado durante incêndio em SP fez mais de 60 vítimas, afirmam autoridades

Redação Publicado em 08/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 15h52


O incêndio em um galpão que armazenava um produto químico em Santos, no litoral de São Paulo, afetou dezenas de moradores que inalaram a substância tóxica que foi emitida durante o incêndio, que ocorreu nesta segunda-feira (8). De acordo com especialistas, o gás formado durante as chamas pode causar problemas sérios de saúde. Mais de 60 pessas foram encaminhadas para Santa Casa de Santos após inalarem o produto.

O caso aconteceu na Rua Doutor Cochrane, no bairro Paquetá, por volta das 2h. Informações obtidas pelo G1 apontam que estavam armazenados no local cerca de três toneladas do fosfeto de alumínio de forma clandestina, que pertenceriam a uma empresa portuária, e seriam usados na área de navios. A autorização para o armazenamento ainda será apurada pelas autoridades.

Moradores do entorno inalaram gás tóxico durante as chamas que atingiram um galpão que armazenada madeira e produto químico em Santos, SP — Foto: Carlos Nogueira/Jornal A Tribuna de Santos

Moradores do entorno inalaram gás tóxico durante as chamas que atingiram um galpão que armazenada madeira e produto químico em Santos, SP — Foto: Carlos Nogueira/Jornal A Tribuna de Santos

De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o produto estava presente em frascos armazenados no galpão e seria destinado para fumigação visando a eliminação de pragas (inseticida, fungicida) em embarcações.

O engenheiro químico Élio Lopes explicou ao G1 como acontece a formação da fosfina, a partir do fosfeto de alumínio. “A fosfina é um gás muito tóxico que é liberado quando entra em contato com a água. Provavelmente ela era armazenada em forma de pastilhas e, ao tentarem apagar as chamas com água, os bombeiros causaram essa reação. Obviamente eles não haviam sido informados da presença do produto químico no local”. De acordo com a Defesa Civil, apenas por volta das 4h foi descoberto que, além de madeiras, o local também abrigava a subtância.

Para o engenheiro, o produto não poderia estar armazenado no local. “O ideal é que ele estivesse sendo guardado sozinho e em um prateleira elevada, para correr menos riscos. Quando absorvido pelas vias respiratória, a pessoa pode apresentar diversos sintomas”, conta.

Cerca de 70 pessoas que moravam próximas ao local do incêndio foram evacuadas de suas casas e encaminhadas para o hospital Santa Casa de Santos para receber atendimento. De acordo com a assessoria da unidade, já passaram por atendimento 48 adultos e 14 crianças. “A fosfina, que é liberada quando o fosfeto de alumínio entra em contato com a água, quando inalada em grande quantidade pode causar problemas gastrointestinais”, explicou o pneumologista, Alex Macedo, que ajuda na coordenação do atendimento das vítimas.

Moradores evacuados após incêndio em Santos (SP) utilizam ônibus para ir à unidade de saúde — Foto: Nina Barbosa/G1

Moradores evacuados após incêndio em Santos (SP) utilizam ônibus para ir à unidade de saúde — Foto: Nina Barbosa/G1

“O produto pode causar queimadura tanto de pele quanto na via respiratória, causar lesões no fígado, no estômago e até pulmão. Os pacientes que estão chegando à Santa Casa estão passando por triagem e fazendo exames. Aqueles que identificarmos que inalaram grande quantidade de gás ficarão sob obervação. Normalmente, pode morar de 24 a 48 horas para haver algum sintoma ou reação”, explica. De acordo com o médico, a grande maioria dos moradores do entorno não estavam em contato direto com o gás e por isso não deverão ter problemas.

Segundo apurado pelo G1, as equipes que trabalharam no combate às chamas foram encaminhadas para um hospital de São Paulo para serem analisados.

Incêndio

O incêndio teve início no começo da madrugada e, ao chegar ao local, o Corpo de Bombeiros não tinha a informação de que o galpão armazenava, além de madeiras que eram utilizadas para a confecção de paletes, produto químico. O procedimento padrão para apagar as chamas foi iniciado e, cerca de duas horas depois, a equipe foi informada sobre a presença de fosfeto de alumínio.

Todo o quarteirão teve que ser isolado e os moradores foram obrigados a deixar suas casas, porque o vazamento pode prejudicar a saúde, uma vez que os produtos produzem um gás altamente tóxico. O incêndio não deixou vítimas fatais.

Área foi isolada após incêndio em armazém que guardava produto químico em Santos, SP — Foto: G1 Santos

Área foi isolada após incêndio em armazém que guardava produto químico em Santos, SP — Foto: G1 Santos

A Defesa Civil isolou o produto químico do local com a deposição de areia e de lonas para diminuir os riscos de propagação. No momento, o fosfeto não prejudica mais os moradores do bairro e uma empresa de transportes foi acionada para remover o produto que restou após o incêndio.

O fogo foi controlado e as equipes dos bombeiros e da Defesa Civil continuam no local realizando os procedimentos necessários para eliminar qualquer foco de um novo incêndio. A CET informa momento a Rua Dr. Cochrane está interditada, entre a Rua João Pessoa e a General Câmara.

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