Diário de São Paulo
Siga-nos

Falsa grávida procurou igreja e convidou família do ex para batizado da filha que nunca existiu

Não foi só uma festa de aniversário que Pâmela Serveli, de 24 anos, preparou para a filha, que nunca existiu. Com o objetivo de chantagear o ex-namorado, a

Falsa grávida procurou igreja e convidou família do ex para batizado da filha que nunca existiu
Falsa grávida procurou igreja e convidou família do ex para batizado da filha que nunca existiu

Redação Publicado em 10/08/2017, às 00h00 - Atualizado às 13h44


Padre conta que a ‘mãe’ não apresentou os padrinhos e nem a certidão de nascimento da criança. Jovem inventou gravidez após término de namoro e organizou até festa de aniversário sem bebê.

Não foi só uma festa de aniversário que Pâmela Serveli, de 24 anos, preparou para a filha, que nunca existiu. Com o objetivo de chantagear o ex-namorado, a jovem de Ribeirão Preto (SP) também procurou uma igreja para realizar o batizado de Laura, a suposta criança.

Pâmela chegou a convidar amigos e até a família do ex. A cerimônia seria na manhã de 18 de junho, um domingo. Mas, a data nunca poderia ser essa: a Paróquia São Paulo Apóstolo, onde ocorreria o batismo, só realiza esse tipo de celebração no último sábado de cada mês.

“As pessoas chegaram a ir, mas não houve esse batizado porque não havia criança. A princípio, no fervor do alvoroço, acredito que nós compramos a ideia. Depois, juntando os fatos, descobrimos que realmente foi uma história falsa”, conta a técnica em farmácia Daniela Leoncine, prima de Victor Sedassare, o ex-namorado de Pâmela e suposto pai da menina.

O advogado de Pâmela, Carlos Andreotti, afirma que ela está internada em uma clínica para tratamento psiquiátrico e diz que os documentos apresentados à Justiça deverão passar por perícia.

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso. O Ministério Público nega erro na ação, em que Victor ficou obrigado a pagar “alimentos gravídicos”, uma espécie de pensão alimentícia, durante a gestação da suposta filha.

A assessoria do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) informou que o caso corre em segredo de Justiça.

Paróquia São Paulo Apóstolo, no bairro Jardim Paulista, em Ribeirão Preto (Foto: Adriano Oliveira/G1)

Paróquia São Paulo Apóstolo, no bairro Jardim Paulista, em Ribeirão Preto (Foto: Adriano Oliveira/G1)

Responsável pela paróquia, no bairro Jardim Paulista, o padre Elviro Pinheiro Junior confirmou que a secretaria da igreja foi consultada por Pâmela. Mas, a jovem não levou os documentos obrigatórios, entre eles, a certidão de nascimento da suposta filha.

“No caso dessa menina, ela deve ter ligado, perguntado o dia do batismo e feito os convites. Mas, não chegou a dar os nomes dos padrinhos, não chegou a ir à paróquia, o que ela fez foi apenas uma consulta”, disse.

O padre afirmou que não conhece Pâmela e soube do caso pela imprensa. Integrantes do grupo de jovens da paróquia contaram a ele que a “falsa mãe” participou de algumas reuniões, mas nunca se envolveu nas atividades da igreja.

“Ela participava da paróquia. Apesar de eu não me lembrar de quem é ela, os meninos do grupo de jovens se lembram dela. Mas, tirar dinheiro de um menino doente, sem compaixão nenhuma, é até vergonhoso dizer que ela participava de um grupo de jovens”, disse.

Em conversa no WhatsApp, Pâmela Serveli diz que batizado da suposta filha foi adiado (Foto: Reprodução)

Em conversa no WhatsApp, Pâmela Serveli diz que batizado da suposta filha foi adiado (Foto: Reprodução)

Irmão de Victor, o educador físico Vinícius Sedassare também contou que a mãe, desconfiada com as chantagens de Pâmela, telefonou à igreja e soube que não havia nenhum batizado agendado em nome da menina.

“Ela disse que ligou na igreja, comentando sobre a data, e o dia que a Pâmela comentava, e a pessoa responsável no dia olhou e disse ‘não, não tem nada agendado no nome dessa pessoa, dessa criança’”, afirmou.

Depois desse episódio, a mãe de Victor conversou com a ex-nora pelo WhatsApp e questionou sobre o batizado da criança. Pâmela alegou que a data foi adiada porque supostamente havia machucado o pé e o irmão estava preso.

Rosa Helena Sedassare e o filho, Victor Sedassare, ex-namorado de Pâmela (Foto: Reprodução/EPTV)

Rosa Helena Sedassare e o filho, Victor Sedassare, ex-namorado de Pâmela (Foto: Reprodução/EPTV)

O caso

Pâmela e Victor Sedassare namoraram por quatro anos e terminaram o relacionamento em 2015, mas a jovem não aceitava o fim da relação. Pouco tempo após o último encontro, ela procurou o jovem para contar que estava grávida e apresentou um exame, que comprovava a gestação.

Segundo a família de Sedassare, Pâmela entrou na Justiça para obrigar o ex-namorado a custear as despesas da gestação, e conseguiu uma decisão favorável. Após o nascimento da criança, no entanto, o rapaz nunca conseguiu ver a menina, chamada de Laura pela mãe.

Desconfiada do comportamento de Pâmela, a mãe do motorista diz que há quatro meses busca evidências sobre a existência da neta. Rosa Helena Sedassare conta que foram várias tentativas frustradas de conhecer Laura.

Festa de 1 ano do bebê que nunca existiu custou R$ 3 mil em Ribeirão Preto (Foto: Arquivo pessoal)

Festa de 1 ano do bebê que nunca existiu custou R$ 3 mil em Ribeirão Preto (Foto: Arquivo pessoal)

Em julho deste ano, Rosa procurou o laboratório responsável pelo exame que atestou a gravidez de Pâmela e descobriu o que seria uma grande mentira. A descoberta da farsa deixou Victor perplexo, e ele passou a acreditar que Pâmela agiu por vingança.

Rosa procurou o juiz e relatou sobre a possibilidade de o exame de gravidez ter sido fraudado por Pâmela. Um oficial de Justiça foi enviado à casa da jovem para informar que ela e a criança teriam que comparecer ao Fórum para apresentar a certidão de nascimento da menina.

O oficial foi enviado no dia da festa do primeiro aniversário de Laura, em 11 de julho deste ano. A mulher distribuiu convites a familiares, amigos e vizinhos dela e do pai da criança, e chegou a gastar R$ 3 mil com a contratação de um buffet para o evento.

Emily Maganha e Guilherme Biagini, pais legítimos de Laura, criança usada por mulher que inventou gravidez para chantagear o ex-namorado (Foto: Carlos Trinca/EPTV)

Emily Maganha e Guilherme Biagini, pais legítimos de Laura, criança usada por mulher que inventou gravidez para chantagear o ex-namorado (Foto: Carlos Trinca/EPTV)

A farsa foi, enfim, revelada quando a atendente de supermercado Emily Maganha foi à festa e afirmou que três pessoas tinham tentado levar a filha dela de casa. Pâmela foi levada para a delegacia para prestar esclarecimentos por suposto sequestro.

Emily relata que conheceu Pâmela por intermédio de uma amiga em comum e que, desde então, mantinham contato apenas pelas redes sociais. Foi pela internet que ela disse ter acompanhado a suposta gravidez de Pâmela por publicações de fotos.

De acordo com Emily, Pâmela aproveitou a ocasião para tirar uma foto com a menina no colo, pedido que, segundo ela, foi atendido. A imagem, mais tarde, teria sido usada pela falsa grávida para corroborar a história nas redes sociais.

Compartilhe  

últimas notícias