A pandemia do novo coronavírus é particularmente preocupante para os mais velhos. Pesquisas realizadas desde o início do surto indicam que a Covid-19 pode chegar a uma taxa de letalidade de quase 15% entre aqueles com mais de 80 anos. Com isso em mente, cidades de São Paulo com grande percentual de idosos começam a se preparar para atender aos que contraírem a doença.

Santos, por exemplo, que tem mais de 20% de sua população acima dos 60 anos, ampliará um programa que permite que idosos, em casos de emergência, peçam ajuda a uma empresa que alerta a prefeitura sobre a necessidade de acionar uma ambulância.

Segundo o secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, o programa foi ampliado para todos os idosos que estiveram expostos ao coronavírus. Todos receberão uma pulseira e um botão de emergência nos casos em que há recomendação de isolamento. “Nessa mesma leitura, disponibilizaremos um oxímetro que faz a testagem no dedo para monitorar a densidade respiratória desse paciente”, afirma Ferraz.

Na Região Metropolitana de São Paulo, São Caetano do Sul também possui alto índice de envelhecimento. O valor é calculado pelo IBGE com base na divisão entre o número de idosos divididos pelo número de jovens (de 0 a 14 anos). A cidade, que em 2015 tinha mais de 33 mil idosos e 25 mil jovens, também tem tomado providências. Desde segunda-feira, fechou os centros de saúde e educação para a terceira idade.

Segundo Lucila Lorenzini, coordenadora do Comitê Municipal da Terceira Idade (Comtid), o desafio da prefeitura é oferecer alternativas para manter os idosos ativos e, ao mesmo tempo, mantê-los em casa, convencendo-os a sair apenas quando extremamente necessário.

Lorenzini conta que as pessoas idosas costumam se apegar a uma rotina específica que terá que ser alterada por conta do combate ao coronavírus. “Como o idoso tem uma bagagem, uma experiência, ele tende a acreditar mais na própria opinião do que na ciência. É normal que ele tenha, então, uma certa teimosia. A gente percebe essa dificuldade de orientá-los e fazer com que entendam a dimensão da doença”.

Na sexta-feira, a Guarda Civil Metropolitana foi autorizada a abordar idosos na rua, orientando-os sobre os perigos da Covid-19. A cidade, até quinta-feira, tinha 10 casos confirmados da doença.

Outro desafio das cidades com muitos idosos é garantir a estrutura hospitalar necessária para atender o número de infectados, que deverá crescer nas próximas semanas.

“A recomendação é ter 2,4 leitos de UTI para cada 10 mil pessoas em uma situação de epidemia. Somando a rede privada, a gente supera esse número. Mas, em leitos SUS, estamos em 1,1. Já pedimos a habilitação de 90 leitos para a região da Baixada Santista”, afirma o secretário da Saúde de Santos.

De acordo com Ferraz, no entanto, a aquisição mais importante para a região nos próximos dias é mesmo a de respiradores. “Nós esperamos um pico aproximadamente na segunda quinzena de abril. Além disso, aqui na cidade, temos a questão de que muitos moradores da Baixada Santista buscam hospitais em Santos. Com isso, nossa demanda se multiplica e passa para 1,9 milhão de habitantes da Baixada”, afirmou.