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Diretor de ‘007’ é acusado de assédios a mulheres nos bastidores de suas produções

Atrizes e funcionárias alegam que foram perseguidas por Cary Fukunaga, que tinha como principais alvos mulheres jovens

Reprodução/Instagram
Reprodução/Instagram

Redação Publicado em 02/06/2022, às 00h00 - Atualizado às 15h19


O cineasta Cary Fukunaga recebeu nesta semana várias acusações de assédio a mulheres nos bastidores de seus filmes e séries. Uma de suas produções mais recentes é “007 – Sem Tempo Para Morrer” (2021).

A polêmica foi desencadeada por uma reportagem publicada pela revista norte-americana Rolling Stone, na qual pelo menos doze pessoas denunciaram Fukunaga por abuso frequente de seu cargo de liderança nos sets de produção para perseguir e intimidar mulheres da sua equipe, principalmente as mais jovens.

Segundo duas fontes, uma das investidas do diretor ocorreu no set da minissérie “Master of the Air” (Apple TV), quando ele quis fotografar duas figurantes que interpretavam garotas de programa, sendo que uma das atrizes tinha apenas 18 anos. Fukunaga teria pedido para elas fazerem poses sensuais nas paredes e ficassem de joelhos.

No entanto, as testemunhas alegaram que essa tarefa não era atribuída ao diretor, pois havia mais de 600 profissionais na produção que poderiam fazer isso. Fukunaga teria argumentado que precisava das imagens para garantir a qualidade de uma cena, mas as fontes afirmaram que ele se aproveitou do seu poder para tirar vantagem das garotas. Muitas pessoas que presenciaram a insistência do diretor também manifestaram constrangimento com a situação.

“Foi muito além do limite. Não há nenhuma justificativa de que isso é correto de alguma forma. É um abuso de poder absoluto e claro”, disse uma das fontes, cuja identidade está mantida em anonimato.

Fukunaga reagiu à publicação da Rolling Stone por meio de uma declaração fornecida por seu advogado. Segundo o cineasta, ele tem o costume de fotografar atores – homens, mulheres jovens e idosos – nos sets de filmagem em várias ocasiões. Fukunaga admitiu ter tirado fotos das atrizes, mas disse que se o ato soou como assédio, isso configura difamação.

Outra fonte anônima relatou que era frequentemente perseguida pelo diretor no local de trabalho e temeu ter sua carreira arruinada por negar todas as investidas.

“Foi humilhante para mim porque tentei passar despercebida (…) Acredito completamente que ele estava abusando de seu poder. É realmente desconfortável. É horrível? A única razão pela qual permiti que durasse tanto tempo é porque estou absolutamente preocupada com minha carreira”.

A queixa dela aos colegas fez com que muitos profissionais nos sets começassem a observar os comportamentos de Fukunaga.

Uma terceira mulher alegou que Fukunaga a demitiu de um projeto do qual ela já estava escalada e ofereceu uma noite romântica ao invés do trabalho. “Eu me senti muito estranha com o fato de que estava tipo: ‘Deixe-me levá-la para beber em vez disso'”, contou. Várias das outras fontes corroboraram para as acusações de que o cineasta perseguia mulheres mais jovens nos bastidores.

Outras denúncias

Em maio, a atriz Rachelle Vinberg relatou em um post no Instagram que teve estresse pós-traumático depois que se relacionou com Fukunaga. Ela disse que o conheceu quando tinha apenas 18 anos e os dois criaram uma amizade, mas devido a várias insistências dele, a relação se tornou sexual. Em muitas vezes ele tocava suas partes íntimas, como também compartilhava com outras pessoas detalhes da vida sexual da mulher.

“Tinha que ser um segredo porque ficaria ruim para ele, porque as pessoas não entenderiam, porque o fariam parecer um predador. […] Mais tarde, ele se gabou para algumas pessoas de que ele era a segunda pessoa com quem eu já estive”.

Em nota, o advogado de Fukunaga rebateu: “Ele teve um relacionamento romântico muito breve e consensual com [Rachelle] que terminou. A Sra. Vinberg claramente não está feliz com o Sr. Fukunaga, mas como todos sabem, os relacionamentos terminam o tempo todo e muitas vezes uma pessoa (ou ambas) está infeliz”.

Depois do pronunciamento de Rachelle, as irmãs gêmeas Cailin e Hannah Loesch se manifestaram nas redes em apoio à ela. As duas também contaram que conheceram Fukunaga na produção da série “Maniac”(Netflix), quando tinham 20 anos. Ele teria convidado as gêmeas para uma noite de sexo a três. A defesa de Fukunaga também negou que os relatos de Cailin e Hannah tenham acontecido.

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