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Deficientes visuais do IDVC visitam clínica de equoterapia

Alunos tiveram um contato diferente com a natureza e com os animais.

Deficientes visuais do IDVC  visitam clínica de equoterapia
Deficientes visuais do IDVC visitam clínica de equoterapia

Redação Publicado em 21/07/2016, às 00h00 - Atualizado às 23h24


Alunos tiveram um contato diferente com a natureza e com os animais.

Ontem, 20 de julho, os alunos do IDVC – Instituto dos Deficientes Visuais de Catanduva visitam o Haras JS, pioneiro em nossa região em tratamentos de equoterapia, técnica que utiliza a equitação e o contato com a natureza como forma terapêutica.
Deficientes visuais das mais diferentes idades viveram uma manhã inesquecível, acompanhadas pela equipe do Instituto, incluindo psicólogas, assistente social, pedagoga e o presidente Marcelo Fernandes Santos.
“Este passeio foi enriquecedor em todos os aspectos. Os alunos do IDVC tiveram um contato diferente com a natureza e com os animais. Vendo a reação de cada um deles, nos sentimos gratificados. Nosso objetivo maior é justamente desenvolver a socialização dos deficientes visuais, despertando-os para os mais diversos aspectos do cotidiano, buscando integrá-los à sociedade, com autoconfiança e qualidade de vida. Aproveito para agradecer Christian de Sá e todo o pessoal do Haras JS que nos receberam com tanto carinho e atenção.”, afirma o presidente do IDVC.
Recepcionados pelos proprietários Christian e Camila de Sá, os deficientes visuais puderam sentir os cavalos através do tato. Todos eles fizeram questão de montarem os animais e descobrir sensações que jamais experimentaram. A programação ainda incluiu um delicioso piquenique na imensa área verde do Haras JS, além de brincarem com animais como tartarugas e cães, além de aves raras, incluindo a maravilhosa arara azul.
Para o deficiente visual Fernando Costa Júnior, 15 anos, esta visita ficará marcado para sempre em sua memória, como o dia em que teve seu primeiro contato com um cavalo. “Eu pensava que fosse um animal grande, porque me disseram, mas eu não imaginava o quanto. Foi uma emoção enorme poder tocar seus pelos macios, sentir sua crina e seu rabo. E até montei um cavalo! Me senti grande, forte, livre. Foi uma das maiores emoções da minha vida”, conta o eufórico Júnior.
Para a psicóloga do IDVC Elaine Cristina Bezerra, “ao ver nossos alunos montando, sentimos a integração do cavalo com o deficiente visual. A relação que se mostra entre o movimento do animal e a resposta da pessoa é enriquecedora e foi uma experiência maravilhosa, tanto para os alunos, quanto para nós, profissionais”.
Para a psicóloga Isabella Greco Ribeiro, o que mais chamou a sua atenção foi à sensação de liberdade que os alunos transmitiam ao serem conduzidos pelo cavalo. Este sentimento reflete-se no dia a dia. “Também despertamos neles sentimentos de extrema afeição quando os colocamos em posições protetoras, alimentando e fazendo carinho nos animais”, conclui a psicóloga.
Já para a pedagoga da instituição, Luciana Andreo, outros fatores também são extremamente importantes, trabalhando a psicomotricidade e o equilíbrio, “além de despertar os sentidos e a percepção da sensibilidade”.
A assistente social do IDVC Fernanda Rocha comenta o aspecto social da visita, que coloca os alunos em situações cotidianas, de modo a integrá-los à sociedade: “os passeios fazem parte da nossa agenda fixa, despertando aspectos como disciplina e companheirismo. O deficiente visual não precisa viver recluso. Ele pode e deve levar uma vida o mais normal e saudável possível, como cidadãos e indivíduos independentes”.
Christian de Sá, formado em Fisioterapia, com especialização em equoteraia, explicou que este tratamento “foi criado para que as qualidades do cavalo pudessem ser aproveitadas em favor do ser humano. As reações do corpo e da mente humanos em contato com equinos apresentam resultados importantes para a recuperação de pessoas com hemiplegia, lesões na medula e paralisia cerebral, além de alergias diversas, asma e deficiências visuais. O tratamento também auxilia pessoas com síndrome de Down, esclerose múltipla e transtornos do déficit de atenção. O interessante é que a equoterapia não consiste apenas em ensinar a pessoa a andar a cavalo. Na verdade baseia-se em colocar o paciente de forma adequada em cada caso particular, de maneira que o movimento estimule o seu corpo e assim facilitar a reabilitação e desenvolver novas sensações que serão úteis no seu comportamento cotidiano”.
Estudos mostram que os movimentos do cavalo produzem vibrações que são transmitidas pela medula óssea, com uma frequência de 180 oscilações por minuto. A outra aplicação mais comum diz respeito ao comportamento. A equoterapia não só melhora os movimentos motores e o equilíbrio, como também ajuda pessoas com problemas de comunicação e comportamento, sobre tudo em jovens e crianças. O trabalho desenvolvido por Christian de Sá merece a posição destacada que ocupa atualmente e merece ser vista com um olhar mais atento por aqueles que querem, realmente, uma vida mais saudável e solidaria.

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