De Olho na Cidade, por Fábio Behrend

Ninguém escapa do “efeito Marçal” e depois de sete meses, uma bola dentro no Porto de Santos

Porto de Santos. - Imagem: Divulgação

Fábio Behrend Publicado em 23/08/2024, às 08h19

Terremoto Marçal

O fuzuê que Pablo Marçal tem aprontado por onde passa, principalmente nos debates, está dando certo para o “ex-coach”, como prefere. A pesquisa Datafolha de ontem serviu para estremecer de vez as coordenações de campanha dos adversários, particularmente a de Guilherme Boulos, principal vítima dos ataques agressivos do novo vice-líder nas intenções de votos dos paulistanos, segundo o instituto.

Falta adesão

Fica claro que setores importantes do PT não aderiram com firmeza à campanha de Boulos. Família Tatto e vereadores como Senival Moura e Alessandro Guedes têm sido discretíssimos no apoio a Boulos, que segue perdendo de Ricardo Nunes nas simulações de segundo turno do Datafolha. Sem o apoio explícito e aguerrido da militância do PT, Boulos sabe que terá vida duríssima no segundo turno, contra Marçal, Nunes ou dificilmente Datena.

Tabuleiro bagunçado

Com apenas uma semana de campanha nas ruas, Datena e Nunes perderam quatro pontos cada no Datafolha, enquanto Marçal subiu sete. Só a próxima pesquisa do instituto é que vai trazer simulações de segundo turno envolvendo Boulos, Marçal e Nunes, que agora estão tecnicamente empatados e abriram boa vantagem de Datena.

Desafio para a Justiça Eleitoral

A postura de Marçal, com ofensas, factoides e ataques diretos aos adversários, promete ser um desafio também para Ministério Público e Justiça Eleitoral. Está claro que os adversários não vão dar trégua ao polêmico candidato, vão denunciá-lo e processá-lo a cada movimento fora da curva que fizer. De quebra, essa semana Marçal também comprou briga com Bolsonaro, viu o PCC continuar sendo ligado ao seu partido e tem irritado correligionários.

Posta e apaga

Nem os candidatos a vereador do PRTB escapam do comportamento apolítico de Marçal. Estão chateados porque convites para agendas públicas do candidato têm sido publicados e logo depois apagados por integrantes do staff de Marçal no grupo de Whatsapp da chapa. Encontros como esses poderiam ser a grande chance de tirar uma casquinha da popularidade do candidato majoritário e conquistar alguns votos.

Chance? Só pra chapa rival

Domingo, 8 da manhã e aparece um convite para os candidatos do PRTB acompanharem Marçal numa caminhada na periferia. Só que como já havia acontecido pelo menos outras duas vezes, o convite logo foi apagado e deu lugar a mensagem em negrito, “evento cancelado”. Cancelado, mas não esquecido.

“Printaram”

Alguns candidatos do PRTB decidiram então ir até o local da agenda. Chegando lá, se depararam com Pablo Marçal e Felipe Sabará caminhando na comunidade, ciceroneados por outro candidato a vereador, Flávio Almeida. Detalhe: Almeida é do Republicanos, partido que integra a chapa de Ricardo Nunes. Nas redes sociais do candidato, que é amigo de Sabará e seguido por Marçal, não há nenhuma menção ao candidato que ele deveria apoiar, o prefeito, mas há várias fotos em destaque com Marçal. O que fará o Republicanos a respeito?

Bancada em risco

A direção do PRTB sabe que, mesmo Marçal chegando ao segundo turno, se nenhum candidato a vereador conseguir alcançar o quociente necessário de 10% dos votos da legenda, o PRTB pode não eleger ninguém para a Câmara Municipal. A avaliação é que Marçal precisaria apoiar abertamente no mínimo um candidato do partido para garantir ao PRTB uma cadeira no Palácio Anchieta. Se isso não acontecer, poderá ser a primeira vez que um candidato à prefeito chega no segundo turno em São Paulo sem eleger nenhum vereador pelo próprio partido.

Demorou, mas agora vai

Finalmente saiu a regulamentação da norma técnica sobre a água de lastro dos navios, assunto abordado na imprensa pela primeira vez aqui na coluna, no final de março. A partir da próxima quarta-feira (21), todos os navios que se dirigirem ao Porto de Santos deverão apresentar um atestado de conformidade com as regras internacionais de destinação das águas de lastro. Caso não apresentem este documento, não poderão atracar. A medida vem para combater o problema mundial de bioinvasão por espécies exóticas, que ameaça a vida marinha e afeta a pesca de subsistência de populações costeiras. Os maltratados manguezais da Baixada Santista agradecem.

Contato: deolhonacidade@spdiario.com.br

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