Por Marcelo Emerson*
Redação Publicado em 17/02/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h07
Por Marcelo Emerson*
Artistas têm muito a dizer e, muitas vezes, buscam na vida real a fonte para ar sua arte.
Mesmo quando criam histórias ficcionais, muitos querem mesmo é tratar de valores que estão arraigados nas sociedades reais. Com a popularidade dos debates políticos, alguns artistas fazem da sua arte um veículo de propagação de ideologias.
Mais ainda, há aqueles que se tornam verdadeiros militantes de uma causa ideológica.
Qual o verdadeiro valor de um posicionamento político revelado por um artista?
Antes de arriscar uma resposta aqui, gostaria de diferenciar a postura de um artista que simplesmente emite uma opinião daquele que é um verdadeiro militante a favor de uma ideologia política.
O militante adotou para si todo um sistema fechado de ideias que pretende ser completo e acabado, sem qualquer possibilidade de reparos. Tal sistema tem a finalidade de abarcar toda a realidade social em seus limites. O militante não admite as posições ideológicas de outros grupos como válidas. Ele acredita piamente que detém verdades absolutas inquestionáveis e aos seus adversários só resta concordar com ele. Nos casos extremos, o pode até mesmo defender a eliminação física de quem pensa diferente dele. O militante extremista não é um democrata, na medida em que não admite o debate válido de ideias contrárias. A sua verdade deve prevalecer sempre.
O militante extrapola a mera expressão de opiniões, pois atua constantemente em prol de uma causa política e quer impor aos outros a sua verdade.
Sendo assim, é louvável a conduta do artista que expõe sua opinião política, admitindo a dialética, pois o debate qualificado enriquece a democracia. Entretanto, a militância política põe em risco a credibilidade do artista, já que o talento dos grandes deve transcender os sectarismos ideológicos e a luta para impor verdades absolutas é conduta totalitária. A realidade é complexa demais para caber nas gavetas das ideologias.
A militância ideológica extremista apequena os grandes artistas, mas dá sobrevida aos decadentes e confere um lampejo de fama aos medíocres.