Por Dra. Mara Valéria Mendes
Redação Publicado em 13/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h26
Por Dra. Mara Valéria Mendes
De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS o Brasil é o país com maior número de indivíduos com ansiedade no mundo, em torno de 10% da população. Durante a pandemia da COVID-19, no entanto, o isolamento social, aliado ao medo e às incertezas em relação ao futuro, contribuiu para o aumento de casos clínicos de depressão, ansiedade e outros problemas psíquicos.
A ansiedade é o principal sintoma de várias doenças mentais que pode estar associada a fatores genéticos, ambientais e psicológicos. Ademais, quando considerada patológica pode ser classificada como Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Síndrome de Pânico, Fobia Social, Estresse Pós-Traumático, dentre outros.
Não obstante, a depressão é considerada uma doença psiquiátrica crônica que tem como características principais a tristeza profunda, o desânimo e a oscilação de humor, os quais conduzem o indivíduo ao isolamento, à perda da autoestima, à distorção da realidade e que determinam prejuízos afetivos, familiares, sociais, profissionais e financeiros, sobretudo prejuízos biológicos.
O tratamento convencional de tais desordens clínicas envolve o uso de medicamentos antidepressivos, geralmente associados à psicoterapia. Contudo, o uso dessas medicações demanda um determinado período de tempo para produzir efeitos terapêuticos, além de poderem causar efeitos adversos e também efeito rebote, caso sejam descontinuadas abruptamente. Ressalte-se a importância da mudança de hábitos de vida, da prática de atividades físicas e a melhoria da qualidade do sono.
Pesquisas científicas mostram resultados positivos em relação aos efeitos terapêuticos da Acupuntura como tratamento médico coadjuvante nos quadros clínicos de depressão leve a moderada e de ansiedade. A acupuntura atua em áreas cerebrais reduzindo a sensibilidade à dor e ao estresse, promovendo relaxamento e regulando a liberação de neurotransmissores, como a serotonina, adrenalina, dopamina, GABA, neuropeptídios Y e ACTH. Além do retromencionado, estimula a liberação de analgésicos endógenos e ativa o sistema nervoso parassimpático, iniciando a resposta ao relaxamento. É importante destacar que, quando combinada com os antidepressivos, a Acupuntura potencializa os seus efeitos terapêuticos, reduz seus efeitos colaterais, permite a redução de suas doses e promove melhora clínica mais rapidamente. Sendo cientificamente comprovada, a acupuntura não possui efeitos adversos relevantes, quando comparada ao tratamento medicamentoso.
Praticamente, não há contraindicação ao uso da Acupuntura, mas sim a adoção de medidas de prevenção diante de situações específicas, como evitar o agulhamento em áreas de pele lesionada ou com processos inflamatórios ou infecciosos, o uso de estímulo elétrico (Eletroacupuntura) em pacientes portadores de marca-passo e o número excessivo de agulhas em pacientes que referem fobia à técnica. Todavia, a atuação do médico especialista em acupuntura, além da capacidade de estabelecer o diagnóstico clínico do paciente, compreende a adoção de medidas de precaução padrão a fim de eliminar ou minimizar os riscos biológicos, riscos relacionados ao operador não habilitado legalmente para a execução de procedimento invasivo, riscos físicos diretamente relacionados ao instrumental e os riscos relacionados ao ambiente de tratamento (risco sanitário), como forma de assegurar a proteção da saúde do paciente, em especial daquele acometido por sintomas tão subjetivos como aqueles relacionados aos transtornos mentais.
Concluindo, a Acupuntura demonstra efeitos benéficos progressivos no tratamento dos transtornos mentais, quando associada ao tratamento clínico convencional e diante de todo o exposto fica evidente a importância do conhecimento e da experiência terapêutica do médico especialista para estabelecer o correto diagnóstico e conduzir o tratamento individualizado e de qualidade.
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*Dra Mara Valéria Mendes- CRM 10932-BA
Médica graduada pela Universidade Federal da Bahia – UFBA
Título de Especialista em Acupuntura – RQE 5450
Titulo de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia – RQE 3978
Membro da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia – FEBRASGO
Área de atuação em Dor – RQE 19744
Diretora de Proteção ao Paciente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura- CMBA